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O Bloco de Esquerda reuniu com a Associação dos Ex-Trabalhadores das Minas de Urânio (ATMU) e com o Gabinete de Apoio à Vítima (GAV) de Mangualde da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), com o objetivo de conhecer o ponto de situação de cada um dos casos.
O cabeça de lista pelo círculo eleitoral de Viseu para as eleições legislativas, David Santos, reuniu com os representantes dos ex-mineiros da Urgeiriça na última quarta-feira com o objetivo de, segundo o partido, “conhecer o ponto de situação das reivindicações da associação e identificar os bloqueios à sua concretização”.
Na reunião, realizada na Urgeiriça, a Associação dos Ex-Trabalhadores das Minas de Urânio (ATMU) voltou a alertar para a falta de reconhecimento institucional e para os riscos ainda existentes na região, nomeadamente a permanência de cerca de 40 habitações com níveis elevados de radiação, o que representa “uma situação de risco iminente para a saúde pública e para a segurança das populações”.
A associação acusou as autoridades de manterem uma postura de “desinteresse e desresponsabilização” perante as consequências da antiga atividade mineira.
Outro ponto abordado foi o projeto do Museu Mineiro da Urgeiriça, previsto no protocolo assinado com a Câmara Municipal de Nelas em 2022, mas cuja concretização foi travada. Segundo a ATMU, a proposta da autarquia era “redutora”, centrando-se apenas na exibição de equipamentos e artefactos, sem considerar “a dimensão humana, social e política da história da Urgeiriça”.
A associação defende, em alternativa, um memorial crítico que conte “toda a história: os perigos da contaminação, os impactos na saúde e a luta pela reparação”.
Relativamente ao acompanhamento de saúde dos antigos mineiros, a ATMU destacou os avanços obtidos através do programa já em funcionamento, que realizou cerca de 12.000 consultas e permitiu diagnósticos precoces de doenças oncológicas. Em 2024, “mais de 90% dos inscritos, cerca de 800 pessoas”, beneficiaram deste apoio, tendo sido defendida a sua extensão a outros ex-mineiros noutras zonas do país.
A associação esclareceu a sua posição sobre o projeto museológico: “não aceita a construção de um museu que funcione como uma mera celebração industrial” e reafirma que “não participou nem colaborará com qualquer iniciativa que ignore esse propósito fundamental”.
O Bloco de Esquerda assumiu o compromisso de “continuar ao lado da ATMU” e de reforçar a exigência de que esta seja envolvida “em qualquer iniciativa legislativa, política ou institucional que lhe diga respeito”.
Ainda na mesma semana, os candidatos do Bloco reuniram também com Inês Coelho, gestora do Gabinete de Apoio à Vítima (GAV) de Mangualde da APAV. A responsável apresentou dados referentes a 2024, destacando-se a prevalência de crimes de violência doméstica, sobretudo contra mulheres, bem como o surgimento de novas tipologias de crime, como o cyberbullying e as burlas românticas online.
No total, o GAV de Mangualde realizou 632 atendimentos, apoiou 143 vítimas e registou 201 crimes e outras formas de violência. Entre os principais desafios apontados estiveram os constrangimentos operacionais e a necessidade de recursos adequados para dar resposta eficaz a todas as situações.
O Bloco de Esquerda defendeu a “tipificação do crime de assédio sexual” e o reforço das medidas contra a violência online. O partido defendeu ainda o alargamento da rede de Secções Especializadas Integradas de Violência Doméstica, formação para profissionais e “o aprofundamento dos direitos das vítimas de violência doméstica no acesso ao trabalho, à habitação, à educação e à segurança social”.
Comprometeu-se também a garantir um “financiamento estável para a Rede Nacional de Apoio a Vítimas de Violência Doméstica” e a promover a atribuição do estatuto de vítima a crianças testemunhas de violência, com articulação entre jurisdições criminal e de família.