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Os últimos anos têm sido críticos para os produtores de maça que veem muitas das suas produções dizimadas pelo granizo. Em 2020, por exemplo, só em Armamar o prejuízo rondou os 10 milhões de euros. Em Moimenta da Beira foram muitas as quintas que viram toda a produção ir para o lixo.
As redes anti granizo é a forma mais “antiga” de proteger os pomares mas esta é uma solução cara, dizem os produtores. Alexandre Lucena tem cerca de quatro hectares de pomar numa zona que abrange os concelhos de Sernancelhe e Moimenta da Beira. Um hectare está protegido por redes, o restante não tem “porque não dá dinheiro e é preciso esperar por apoios”.
Alexandre Lucena instalou redes, por conta própria, há três anos e afirma que “ainda não deu para cobrir o investimento”, que rondou os 10 mil euros. O produtor lembra ainda que, apesar das redes terem uma garantia de 10 anos, a verdade é que há sempre manutenção a fazer. Outro dos “problemas” das redes é a necessidade de mão de obra, já que no final da apanha a rede fica presa no topo até se voltar a usar. “Dois homens demoram perto de uma semana para recolher a rede num pomar com um hectare. Tudo junto soma sempre dinheiro”, lembra.
Contudo, Alexandre Lacerda admite que esta solução apesar de cara acaba por ter resultados. “No último ano, o lado esquerdo com rede safou-se, perdi um ou dois por cento. O lado direto, cerca de dois hectares e pouco, que não tem rede ficou todo perdido, não deu para aproveitar nada, foi uma perda de 100 por cento”.
Quilómetros mais à frente encontramos a quinta de Oliva Teles. Aqui também não há redes mas a zona onde o pomar se localiza, junto à Albufeira da Barragem do Vilar, tem condições que permitem que se continue a avaliar qual a melhor solução. “Esta zona tem um clima diferente e não costuma ser muito “atacado” pelo granizo, contudo tenho pensado em soluções”, diz.
Outro dos entraves da rede é a disposição do pomar, sobretudo em pomares mais velhos que não estão preparados. Para que a rede possa ser colocada é necessário que as macieiras estejam colocadas com uma distância de perto de um metro e meio entre elas e os corredores que as separam tenham também medidas específicas.
“Se tivesse que colocar redes numa parte do pomar teria que o reposicionar todo, o que traria custos e poderia prejudicar a produção nas temporadas seguintes”, explica Oliva Teles. Na opinião do produtor, uma das opções poderia ser os canhões anti granizo que estão a ser colocados no concelho vizinho de Armamar.
Armamar aposta nos canhões anti granizo
Depois de quatro anos consecutivos a perder cultivo, os produtores uniram-se e pediram ajuda à Associação dos Fruticultores de Armamar (AFA). “Falaram connosco para ver se podíamos ajudar e depois de vermos as soluções que haviam acabamos por optar pelos canhões anti granizo. São mais baratos, os custos podem ser divididos pois abrangem vários cultivos e não tem impactos negativos na flora, fauna e aeronáutica”, explicou José Osório da AFA.
Depois de dado a conhecer o sistema aos produtores, “foi feito um protocolo com a autarquia e a Caixa de Crédito Agrícola. O banco vai financiar ao longo de 10 anos, com cada agricultor a pagar anualmente cerca de 150 a 200 euros por hectare. A autarquia ficou de pagar os juros e todas as despesas que houvesse com este contrato”, explicou.
Atualmente já foram instalados oito canhões, sendo que o objetivo é ter 48, o que cobrirá perto de dois mil hectares.
Na última semana já foi possível ver os canhões em ação e a verdade é que graças ao sistema de ondas, movido a gás, as nuvens dispersaram e o granizo não chegou a afetar as produções.