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Joaquim Alexandre Rodrigues
1. Comecei a escrever este Olho de Gato no dia e na hora em que Trump e Musk se pegaram nas redes sociais. Maravilhoso. Como diz o povo, ralham as comadres, sabem-se as verdades. Enquanto bato teclas está o mundo a pipocar e a divertir-se com as desavenças daqueles dois chalupas.
2. Há uma semana, Josep Borrell esteve em Viseu para participar na conferência da primavera do “BEIRA – Observatório de Ideias Contemporâneas Azeredo Perdigão” dedicada às “crises” da União Europeia. Aquele peso pesado da política — ministro de Felipe González e de Pedro Sánchez, presidente do parlamento europeu, vice-presidente da comissão europeia e Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança — fez uma intervenção muito boa e realista, com o título “La Unión Europea sin EE. UU”, em que não escondeu os quatro maiores problemas de Bruxelas:
(i) a economia (estagnada, a perder terreno para os EUA e a China);
(ii) a demografia (o inverno demográfico, a pressão imigratória, as tensões daí decorrentes);
(iii) a duplicidade moral (a Europa preocupa-se com os mortos ucranianos mas não com os mortos em Gaza);
(iv) a tecnologia (Borrel aqui não detalhou, mas também não é preciso, tirando a Airbus, no resto as empresas europeias estão a ficar para trás).
Deixo aqui três afirmações originais do conferencista, uma referente ao passado, outra ao presente e outra ao futuro:
— a construção europeia no seu início quis também integrar formas de cooperação militar, mas esse processo foi abortado pela França (houve oposição feroz dos gaullistas e dos comunistas);
— contrariamente ao que trompeteia o inquilino da Casa Branca, o défice externo dos EUA com a UE é irrelevante e, mesmo assim, esse desequilíbrio minúsculo é só com um país, a Irlanda, e é causado pelas grandes tecnológicas norte-americanas sediadas no país da cerveja Guiness e dos impostos baixos;
— o Sahel é o outro lado do inverno demográfico europeu, as taxas de fertilidade naqueles países africanos (apoiados militarmente pela Rússia) são as maiores do mundo e uma ameaça ao futuro da UE. Esta deve começar a investir já e fortemente na educação e no empoderamento daquelas mulheres.
3. Depois de Josep Borrell ter acabado de falar, ouviu-se uma mulher aos berros. Pensei logo para os meus botões: «Ó diabo! Está cá malta do juiz anti-vacinas!»
Aquela minha suposição fazia todo o sentido porque, como se sabe, é a extrema-direita quem mais tem perturbado sessões culturais como aquela que estava a ocorrer no Politécnico de Viseu. Afinal, enganei-me. Desta vez, a cena chalupa foi feita por gente do bloco de esquerda — enquanto uma criatura vociferava, outra filmava a performance para as redes sociais. Que tenha dado conta, não foi atirada tinta contra ninguém. Do mal o menos.
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Joaquim Alexandre Rodrigues
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