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Contadores a zero

 Contadores a zero
02.04.22
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1. O PCP e o Bloco de Esquerda deitaram abaixo a geringonça no dia 27 de Outubro. Depois desse tiro no pé, foram precisos cinco meses e três dias para termos um novo governo. Tomou posse na quarta-feira.
Agora, àqueles cinco meses e três dias há que somar duas semanitas para a passagem do programa do governo no parlamento e mais dois mesitos para a aprovação do orçamento de estado.
Ao todo, mais de sete meses de paralisia política. Um bonito serviço.

A geringonça foi estéril. O imobilismo do PCP e do BE não deixou que se fizesse nada. O investimento público afundou. Os serviços públicos degradaram-se. Os problemas crescentes no SNS são um jackpot para os seguros de saúde e uma desgraça para os pobres.
Nos últimos seis anos, houve uma única reforma digna desse nome: a das Forças Armadas, feita por João Gomes Cravinho.
Já se sabe, quando um país se põe a marcar passo, fica para trás. Em 2001, a riqueza média por habitante era de 83% da média comunitária, agora é de 74%. Foi sempre a descer: do 15º para o 21º lugar. Fomos ultrapassados por Malta, República Checa, Eslovénia, Lituânia e Estónia e, no ano passado, foi a vez da Hungria e da Polónia. Pior: a Roménia já abriu o pisca para nos passar. Poderá ser já este ano.

Em democracia, as eleições e a entrada em funções de um novo governo são um reset, põem os contadores a zero, reacendem a esperança. A norma é um novo governo entrar ao serviço em estado de graça.
Deseja-se boa sorte a António Costa e à sua equipa. A prioridade só pode ser uma: trabalhar muito para começarmos a subir outra vez nos rankings europeus.

2. Viseu não tem ministros no novo governo. No anterior tinha quatro secretários de estado, agora tem dois: Rui Martinho (secretário de Estado da Agricultura) e João Nuno Mendes (secretário de Estado do Tesouro), a quem desejo felicidades.
Saíram João Paulo Rebelo e Rosa Monteiro.
O secretário de Estado do Desporto fez um bom mandato numa tutela que as paixões clubísticas tornam muito difícil. A João Paulo Rebelo se deve a instalação em Viseu da APCVD-Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto. Como Lisboa costuma abarbatar tudo, uma estrutura destas ter vindo para o interior merece um especial aplauso.
A secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade foi incansável na promoção da igualdade, dos direitos das mulheres e da integração de minorias, sempre em parceria com as autarquias e as instituições da sociedade civil.
Ainda por cima, Rosa Monteiro fez um milagre: conseguiu que a CIG — o organismo do Estado que faz a vigilância woke sobre a linguagem e os putativos “discursos de ódio” — deixasse de causar danos à liberdade de expressão como tinha feito no início da geringonça.

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