É um anfíbio, é um Carocha, mas também é um Porsche e está no Museu do Caramulo

O Museu do Caramulo, em Tondela, adicionou para a sua coleção permanente o veículo Volkswagen Typ 166 Schwimmwagen de 1943, o famoso carro anfíbio criado por Ferdinand Porsche baseado no popular Carocha. A viatura reforça assim o acervo do espaço museológico dedicado à Segunda Guerra Mundial.

O museu adquiriu o veículo a pensar na realização de uma exposição “sem precedentes em Portugal” e que vai estar patente a partir deste verão, assinalando os 80 anos do final da Segunda Guerra Mundial.

O Typ 166 foi desenvolvido depois de dois modelos anteriores. O primeiro, o Typ 128, foi criado a partir da experiência adquirida na campanha do exército alemão na Polónia e com vista a apoiar a planeada invasão de Inglaterra, contando com carroçaria em forma de barco, tracção às quatro rodas e suspensão por barras de torção.

A Volkswagen produziu 30 unidades do veículo em 1941 para avaliação pelo exército alemão. Uma demonstração no quartel-general de Hitler resultou em “reacções curiosas, mas positivas, levando à aprovação do desenvolvimento do modelo seguinte: o Typ 138, em 100 exemplares, e finalmente o definitivo Schwimmwagen Typ 166”, explicou em comunicado o Museu do Caramulo.

Mais compacto, leve e ágil, o Typ 166 foi inicialmente produzido à mão em Estugarda, com os primeiros 125 veículos conhecidos como “Vorserienschwimmwagen” (veículo anfíbio pré-série). A estrutura, semelhante a uma banheira em chapa de aço nervurada, permitia que o veículo fosse levantado manualmente por dois ou três soldados.

A produção em série arrancou no Outono de 1942, com o Schwimmwagen a equipar principalmente as divisões de reconhecimento das Waffen SS, substituindo as motos com carro lateral BMW R75 e Zündapp KS 750.

O Typ 166 podia transportar quatro soldados com equipamento completo e revelou-se “altamente eficaz fora de estrada”, acrescentou o Museu do Caramulo.

“Apesar da sua capacidade anfíbia, essa não era a principal virtude em combate: a combinação entre leveza, tracção integral, diferencial autoblocante e 26 cm de distância ao solo munia-o de uma imbatível mobilidade. Curiosamente, muitos veículos apresentavam fugas por má soldadura deliberada de operários franceses e italianos”, referiu o espaço museológico.

Produzido até ao final de 1944, com mais de 15.000 unidades construídas, o Typ 166 foi amplamente capturado e reutilizado pelas forças aliadas. Após a guerra, muitos exemplares foram adaptados para uso civil em tarefas como patrulhamento policial, agricultura ou caça.

Hoje, estima-se que restem apenas cerca de 180 unidades em todo o mundo. O Typ 166 é o mais antigo modelo da Volkswagen em Portugal.