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De acordo com registos históricos, para além do núcleo, essencialmente comercial, do centro da cidade de Viseu, existia um outro na parte baixa que englobava a Avenida Emídio Navarro, o Largo Mouzinho de Albuquerque, Rua do Arco e Rua Direita (uma rua que ligava os dois núcleos comerciais).
Principalmente nos dias de feira semanal, este centro era muito concorrido. Aqui, localizavam-se estabelecimentos comerciais como: lojas de ferragens, de mobiliário e de louças, bem como algumas casas de pasto (estabelecimentos que serviam almoços e jantares). Situavam-se, também aqui, os famosos Cinema Avenida e o, ainda existente, Teatro Viriato.
Em 1950, atividades classificadas como HORECA (cafés, restaurantes e similares), concentravam-se maioritariamente neste centro comercial, existindo, uma pensão, uma casa de pasto e um café bastante conhecidos na Avenida em questão.
A Avenida Emídio Navarro continua, para alguns, a manter o mesmo protagonismo.
A cervejaria Cinema de Luciano Sousa
Jorge Francisco, viseense, recorda os tempos da sua geração, longe da era digital, onde a comunicação rápida era difícil de se conseguir.
No andar superior da desaparecida cervejaria ‘O Luciano’, sobejamente conhecida, na altura, sobretudo pelos entusiastas do desporto rei, o futebol e recorrendo ao telefone, todas as tardes de Domingo, pelas 17h30, o amigo Luciano recebia, em exclusividade da Emissora Nacional, os resultados de futebol do campeonato da Primeira Divisão, conta.
Luciano Sousa colocava, então, na janela do andar de cima do atual ‘Centro Comercial Académico II’, o resultado do seu Clube.
“Com efeito, centenas de viseenses ansiosos espalhavam-se pela rua e passeio contrário, desde a Fonte de S. Francisco, Escola Emídio Navarro e Teatro Viriato, até ao café do mesmo nome, mais conhecido, na altura, por ‘Café Cowboy’”, lembra.
Jorge Francisco, por seu lado, relembra ainda os momentos de euforia que existiam depois do senhor Luciano afixar os resultados.
“Após a leitura, assistia-se a cenas hilariantes dos presentes. Os que viam o seu clube ganhar, cerravam os punhos e saltavam e os que perdiam, depois de vociferar uns impropérios misturados com meia dúzia de asneirolas, abandonavam o local cabisbaixos”. “E o ritual no Domingo seguinte, repetia-se nesta vivência social e popular na nossa urbe de então”, completa.
Teatros com história
De acordo com alguns documentos, como forma de satisfazer as necessidades dos viseenses, a Sociedade Filarmónica Viseense Boa União, mais conhecida como a banda dos Melhundros, decidiu comprar um terreno, erguendo, com o apoio de alguns proprietários locais, o Teatro Viriato.
Inaugurado no final do século XIX, em 1883, o antigo Theatro Boa União foi rebatizado, em 1889, para Teatro Viriato, tal como conhecemos hoje. Assumiu, portanto, o estatuto de primeira sala de espetáculos de Viseu e tornou-se um dos principais espaços culturais da cidade.
Em 1912, é fundada a sua primeira grande concorrência, o Avenida Teatro, com uma sala de espetáculos maior e mais moderna que a do Teatro Viriato, levando-o a fechar portas em 1960, quase um século depois, obrigando-o a servir de armazém. Com a exibição do Coro Harmonia, um grupo vocal feminino, o teatro encerrou.
Com cerca de 2 mil lugares, dois andares, camarotes e jardins exteriores, o Avenida Teatro, apesar de ter sido considerado o melhor teatro da época, acabou por fechar portas, ironicamente, no ano seguinte, em 1961, tendo sido demolido dez anos mais tarde.
Após inúmeras tentativas de reabertura, o teatro retoma a atividade 38 anos depois. Ao longo do anos, apresentou, diversos espetáculos de música, teatro, dança e poesia, bem como workshops, ateliers e exposições temporárias.
Escola Secundária Emídio Navarro
No início do seu funcionamento, a Escola Secundária Emídio Navarro era separada em dois estabelecimentos distintos e apenas adquiriu este nome após a fusão dos mesmos.
A sua designação nem sempre foi esta. Primeiramente era conhecida como Escola de Desenho Industrial de Viseu e, mais tarde, Escola Comercial e Industrial de Viseu, tendo posteriormente adotado o nome que ainda hoje se mantém.
Em 1945, a escola encerra e é alvo de alguma polémica visto que os alunos decidem realizar uma manifestação política que acabou por originar a prisão de alguns.
Anos mais tarde, a escola volta a abrir e é marcada por várias mudanças, tanto a nível estrutural como no próprio ensino.
Esta escola não foi só marcada pelas mudanças de nome e polémicas, mas também pela arte que foi desenvolvida pelos alunos.
Foi após esta reabertura que se formaram duas bandas com alunos da escola. Ambas tiveram origem nos anos 60. A “School Boys” era composta por quatro elementos e ”Os Corsários” por cinco elementos. Tinham em comum os instrumentos utilizados, a bateria e a viola.
A figura que batizou a rua
Natural de Viseu, nascido a 19 de abril de 1844 na Rua do Arco, Emídio Navarro foi um importante político, escritor e jornalista português.
A pedido de seu avô, começou a tirar o curso de Teologia em Coimbra. No entanto, aos 18 anos e por amor, matriculou-se em Direito, cortando relações com a sua família.
Durante três anos (1886-1889), foi o ministro das Obras Públicas e, posteriormente, o responsável por várias reformas na área da agricultura, como, por exemplo, o primeiro recenseamento agrícola e pecuário de Portugal.
Em França, Emídio Navarro, deixou também a sua pegada, tendo sido secretário do tribunal de contas e embaixador em Paris. O governo francês homenageou o próprio com a Legião de Honra.
Relativamente ao ensino, criou escolas agrícolas (como a de Viseu), industriais e escolas elementares de desenho industrial.
Na área do jornalismo, fundou os seguintes jornais: ‘A Academia’, ‘Transmontano’, ‘Correio da Noite’ e ‘Novidades’. Chegou, ainda, a colaborar na revista ‘Brasil-Portugal’.
Ainda por influência do próprio e a partir das mãos do arquiteto Luigi Manini, nasceu o Palace Hotel do Bussaco.