No coração do Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros, há…
Reza a lenda que foi um árabe, há mais de mil anos,…
Seguimos caminho por Guimarães, berço de Portugal e guardiã de memórias antigas….
Não me basta saber que existe a Fátima. Está muito longe, longe de mais. A distância física entre mim e ela é multiplicada pela saudade que sinto. A angústia derrota-me o quotidiano, e há muitas coisas que não sei. Mas preocupam-me sobretudo as que me dizem diretamente respeito, sobretudo as relacionadas com o conhecimento de mim mesmo. Ou não há nada a conhecer? Aplico a mim mesmo uma espécie de psicanálise na esperança de compreender a origem desta melancolia que me mancha a alma, ao mesmo tempo que impulsos irracionais implodem dentro de mim. Preciso descobrir os caminhos da alegria e da serenidade. Mas há qualquer coisa que me prende, me angustia. Será tudo fruto daquela tristeza metafísica que se iniciou com o corte do cordão umbilical e que permanecerá como um rio subterrâneo dentro de nós?
Habitam-nos vários mundos, obscuros mundos. Não somos apenas filhos da claridade. E é muito provável que seja impossível um equilíbrio entre as múltiplas dimensões do eu.
30 Maio 1984
Há muitas ideias a fervilhar em mim. Não paro de pensar, de sonhar. O sonho anda sempre de mãos dadas comigo. Alimento um sonho: o de regressar a Moçambique. Tenho a impressão que completei a minha aprendizagem no que respeita a Portugal. E já se desfez a ilusão de que só neste país seria feliz. A própria ideia de pátria, que tanto me mobilizou desde os bancos da escola primária, se dissipa aos poucos e se transfigura na ideia de uma pátria sobretudo interior. Eu sou a minha pátria.
Sonho agora com um outro espaço, um outro horizonte. Mas hesito. Poderá ser uma nova ilusão. Não sei. Mas o sonho vai lavrando as pradarias do desejo. Preciso de uma pátria para, com o meu amor, a Fátima, começar uma vida nova.
Abro a janela e o odor a terra molhada bate-me em cheio. Observo o voo das aves, as nuvens cinzentas, o vermelho dos telhados. Com os cotovelos no parapeito, prolongo a contemplação do dia, a pensar que neste ato se condensa o melhor da vida. Mais que no fazer, é no ver, de coração atento, que me concentro de mim próprio.
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Joaquim Alexandre Rodrigues
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João Ferreira da Cruz
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Clara Gomes, pediatra no Hospital CUF Viseu
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Ricardo Almeida Henriques