No coração do Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros, há…
Reza a lenda que foi um árabe, há mais de mil anos,…
Seguimos caminho por Guimarães, berço de Portugal e guardiã de memórias antigas….
por
José Carreira
O idadismo poder-se-á considerar um dos últimos tabus. Na atualidade, em regra, não aceitamos “ismos” como o racismo, o sexismo ou o capacitismo. Contudo o “idadismo” – atitude de discriminação e preconceito com base na idade – a terceira forma de discriminação que mais afeta as pessoas, em todo o mundo, está normalizada e invisibilizada. Não deixa de ser estranho que se continue a assistir, sem que se esbocem grande reações, a uma discriminação que nos pode afetar, em vários momentos, ao longo da vida e tem sérias consequências negativas para a nossa saúde física e psicológica. Honras sejam feitas ao jornalista e editor do Expresso, João Silvestre, que assina o artigo “Jovem, tens futuro em Portugal…até aos 35 anos”, do qual extraímos um excerto: “Escandalizamo-nos, e bem, quando está em causa discriminação com base no género, orientação sexual ou origem étnica, e esquecemo-nos de que o idadismo é um problema semelhante. O Código do Trabalho proíbe-o expressamente, por exemplo. Pelos vistos, se for o Estado a fazê-lo, ninguém se choca. Sendo que, além da questão fiscal propriamente dita, esta distinção pode ser ela própria um fator adicional de discriminação no mercado de trabalho” (Economia, Expresso, 30/05/2024)
A recente proposta de benefícios fiscais, para quem tem menos de 35 anos, é, claramente, uma violação de princípios como a não discriminação ou a igualdade. A segregação, tendo por base a idade, é objetiva. O idadismo assume três dimensões: estereótipo (como pensamos); preconceito (como nos sentimos) e discriminação (como agimos) e pode manifestar-se em três dimensões: autodirigido; interpessoal e institucional. Neste caso, estamos na presença de idadismo institucional, perpetuado pelo Estado português. Compreendo e apoio as medidas, incentivos e meios que estanquem a emigração da nossa juventude. Não me parece que a receita deva basear-se em medidas idadistas que putativamente resolverão os problemas dos jovens até aos 35 anos…
Esta visão, consubstanciada numa descriminação etária não é, infelizmente, nova nem original. O anterior Governo, há cerca de um ano, aprovou o pacote legislativo da Agenda do Trabalho Digno e de Valorização dos Jovens no Mercado de Trabalho, um conjunto de medidas que tem como objetivo melhorar as condições de trabalho e a conciliação entre a vida pessoal, familiar e profissional, consubstanciado em setenta medidas/alterações ao Código de Trabalho com o foco na proteção dos jovens. Os jovens são os que mais dificuldades encontram no acesso ao mercado de trabalho, mas não pode ser negligenciada outra realidade, a dos desempregados com mais de 45 anos que engrossam as cifras do desemprego de longa duração que se torna, em muitos casos, definitivo. Esta medida é também injusta para os jovens. Se considerarmos, por exemplo, que quem receba até 1.000,00€ poupa entre 3,0% e 5,5% (50,00€/mês) do seu rendimento, um que ganha 5.000,00€ poupa 20,00% (1.000,00€/mês). Serão os jovens que recebem 5.000,00€ os nossos emigrantes? Não me parece que sejam estas as receitas mais indicadas para garantir a justiça entre gerações. Os dois exemplos de idadismo institucional – IRS Jovem e Agenda do Trabalho Digno – reforçam a necessidade de incluir, com a maior brevidade possível, como um dos pilares do Plano Nacional para o Envelhecimento Ativo e Saudável, o combate ao idadismo. Enquanto não se assumir este combate como prioritário e garante de uma longevidade plena, ativa, saudável e feliz, continuaremos a assistir à sistematização dos estereótipos, preconceitos e discriminações baseados na idade cronológica das pessoas.
por
Joaquim Alexandre Rodrigues
por
João Ferreira da Cruz
por
Joaquim Alexandre Rodrigues
por
Clara Gomes, pediatra no Hospital CUF Viseu
por
Ricardo Almeida Henriques