Nem todos os partidos concordam com a data das autárquicas
Nem todas as estruturas regionais dos partidos em Viseu concordam com a data das eleições autárquicas. O Governo decidiu que o ato eleitoral deverá acontecer a 26 de setembro.
A ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, garantiu que há condições para realizar as eleições em segurança diante da ameaça da Covid-19. As autárquicas deveriam decorrer entre o final de setembro e os meados de outubro.
O partido do Governo, o PS, é um dos que concorda com a data. Em declarações ao Jornal do Centro, o presidente da Federação distrital de Viseu, José Rui Cruz, lembra que os socialistas já defendiam o 26 de setembro e tinham essa data como base de preparação para as campanhas eleitorais.
“Era a data que vinha sendo apontada há algum tempo e que vínhamos defendendo e era também a data com que nós estávamos a trabalhar. Achamos que, dentro das datas que estavam disponíveis em cima da mesa, era a melhor data porque haverá previsivelmente melhor tempo e o tempo de campanha será mais propício”, diz.
José Rui Cruz também defende que a última quinzena de setembro é a mais adequada para as campanhas eleitorais e lembra que a Associação Nacional de Municípios Portugueses e a Associação Nacional de Freguesias também queriam que as eleições decorressem a 26 de setembro.
Também Carlos Couto, da distrital do Bloco de Esquerda, concorda com a escolha da data para a realização das autárquicas. O bloquista considera que o 26 de setembro serve melhor “porque não se insere num fim de semana prolongado” em comparação com o dia 3 de outubro, por causa da proximidade com o feriado do dia da Implantação da República.
Carlos Couto também sustenta a realização das autárquicas no final de setembro com o facto de estar previsto bom tempo nessa altura. “Em comparação com o final do ano e em relação à pandemia, as eleições em setembro permitem que o período de campanha seja durante uma altura onde se prevê bom tempo, o que permite iniciativas ao ar livre e não em espaços fechados”, argumenta.
Outro dos partidos que se mostra favorável é o Iniciativa Liberal. Sérgio Figueiredo, coordenador do núcleo de Viseu, diz que não há qualquer objeção e que a data se enquadra com a legislação eleitoral. “O dia 26 está correto de acordo com a lei”, frisa.
O dirigente liberal não esconde ainda a importância que as autárquicas têm para o partido, que concorre pela primeira vez em Viseu. “Para nós, estas eleições são muito importantes porque representam o fechar do ciclo eleitoral e porque são eleições para os órgãos que estão mais próximos das pessoas. Quanto mais rápido, melhor”, afirma Sérgio Figueiredo.
Por outro lado, o líder da distrital do PSD, Pedro Alves, não concorda com a escolha do dia e não poupa nas críticas ao Governo.
“Deveria ter havido uma maior ponderação face aos dados da evolução da pandemia e seria mais prudente adiar um pouco no tempo para a marcação das eleições. A desculpa que o Governo encontrou para marcar para 26 de setembro parece-me um pouco esfarrapada”, afirma.
Pedro Alves desconfia que a marcação das autárquicas tenha a ver com a apresentação do próximo Orçamento do Estado “numa lógica de não querer retirar dividendos eleitorais”. “Penso que é ao contrário porque, ao PS e ao Governo, interessam que os portugueses não conheçam a proposta do Orçamento de Estado para que não haja qualquer interferência no processo eleitoral”, acusa o dirigente do PSD.
Também o PCP queria as autárquicas noutro dia, tendo sugerido a data de 10 de outubro. Filipe Costa, da direção da Organização Regional de Viseu, sustenta com o processo de vacinação contra a Covid-19, que, diz, “tem tido impactos positivos em relação à situação pandémica”. “Quanto mais longe fosse o ato eleitoral, melhores condições se teriam para preparar o processo”, conclui.
O Jornal do Centro tentou sem sucesso colher uma reação da distrital do CDS de Viseu.