Autor

Joaquim Alexandre Rodrigues

17 de 02 de 2024, 11:34

Colunistas

Maquiavelismos e parasitismos

Artigo publicado na edição impressa do Jornal do Centro de 16 de fevereiro

1. Em 15 de Abril, meio ano antes do colapso do governo, avisei aos microfones da Rádio Jornal do Centro: “a maioria absoluta do PS (...) está muito desleixada, julga encontrar no Chega uma espécie de seguro de vida; (…) os boys e as girls do PS (...) não se cansam de fazer asneiras; (...) eu não estaria tão seguro no lugar deles.”
Aquele meu precautério descrevia a camisa de onze varas em que António Costa, ainda em Lisboa mas com a cabeça já em Bruxelas, estava a meter o seu partido. Estava já tudo a abanar, mas a cúpula socialista imaginava-se ao abrigo das intempéries enquanto o furacão Ventura estivesse a fustigar o PSD.
Nos Açores, Vasco “Maquiavel” Cordeiro, depois da queda de Bolieiro, julgou que, para ganhar, chegava chagar as pessoas com o Chega. Viu-se o resultado: perdeu votos, perdeu mandatos e averbou a primeira derrota socialista em trinta anos.
Em Lisboa, António “Maquiavel” Costa passou os últimos anos a imitar François Mitterrand, o grande adubador da extrema-direita francesa e do clã Le Pen. É verdade que, nos primeiros tempos, essa miséria moral foi boa para os socialistas franceses e foi péssima para a direita democrática e os comunistas. Depois, o monstro xenófobo e putinista dos Le Pen cresceu e o PSF transformou-se num zombie político.

2. No início deste mês, ao mesmo tempo que anunciava um lucro de 594 milhões de euros, João Pedro Oliveira e Costa, o CEO do BPI, queixou-se da constante “diabolização” que é feita aos banqueiros e lembrou que “os lucros não fazem dos bancos entidades parasitas”. O que é verdade. Desde que paguem os impostos devidos, é bom as empresas terem lucro, é mau terem prejuízo.
Depois dos anos de taxas de juros negativas, agora, com as subidas dos juros decretadas pelo BCE para combater a inflação, os bancos estão a bater recordes de lucros. Passada que está a tempestade, é mais do que tempo para os banqueiros:
(i) passarem a remunerar decentemente os depósitos e os seus trabalhadores;
(ii) acabarem ou, pelo menos, reduzirem as alcavalas e despesas de manutenção com que “parasitam” as contas dos clientes.
Vá por aí, João Pedro Oliveira e Costa, e depressa verá melhorar a imagem dos banqueiros e dos bancos.