Geral

11 de 01 de 2023, 18:30

Diário

Médicos do Centro preocupados com as carências de recursos humanos

Ministério da Saúde abriu 21 vagas para médicos especialistas nas unidades de saúde do distrito de Viseu. Presidente da Ordem dos Médicos do Centro considera “preocupante” o mapa publicado pelo Governo

Dia Nacional do Doente com AVC Unidade AVC Hospital Viseu

O presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM) está "profundamente estupefacto e preocupado" face ao reduzido número de vagas hospitalares, nos cuidados de saúde primários e saúde pública abertas para os médicos recém-especialistas na região.

No distrito de Viseu, o Ministério da Saúde abriu 21 vagas para médicos especialistas nas unidades de saúde. Segundo o mapa publicado na segunda-feira (9 de janeiro) em Diário da República, na área hospitalar, o Centro Hospitalar Tondela-Viseu abriu uma vaga na Oncologia Médica e outra na Dermatovenereologia.

Já o Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Dão Lafões abriu quatro lugares para a Medicina Geral e Familiar na Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) Vila Nova de Paiva, na UCSP Vouzela, na Unidade de Saúde Familiar (USF) Lafões, em Oliveira de Frades, e na USF Rio Dão, em Santa Comba Dão.

No ACES Douro Sul foram abertas oito vagas, das quais duas na UCSP Lamego e na UCSP Tarouca e uma na UCSP Armamar, na UCSP Penedono, na UCSP Sernancelhe e na UCSP São João da Pesqueira. Também no Douro Sul foram abertas duas outras vagas para a área da Saúde Pública. Por seu lado, na região do Baixo Tâmega, há três lugares na UCSP Cinfães e duas na UCSP Resende.

Num comunicado divulgado esta quarta-feira, a Ordem dos Médicos aponta o dedo à tutela perante a incapacidade de colmatar as carências de recursos humanos e acusam o mapa de vagas ser um “exercício de amadorismo” na gestão de recursos humanos.

O despacho do Governo prevê no total 196 vagas para a área de Medicina Geral e Familiar, 24 para a área de Saúde Pública e 34 vagas para a área hospitalar na região.

Destas, a zona Centro tem previstas sete vagas para a área hospitalar, duas nas especialidades de dermatovenereologia, uma na endocrinologia e nutrição, três na oncologia médica e uma vaga para a especialidade de radioncologia.

“O Ministério da Saúde demonstra um total desconhecimento do número de médicos necessários para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e, desta forma, está a agravar a grave carência do SNS”, afirmou o presidente da SRCOM, Carlos Cortes, que refere que esta situação é reveladora “de um preocupante amadorismo no planeamento em recursos humanos”.

Perante estes números, Carlos Cortes manifesta a sua total discordância e afirma a sua “incredulidade” perante o desfasamento entre a realidade dos cuidados de saúde na região e este mapa de vagas.

Esta realidade “vai obrigar os médicos a saírem do SNS, isto é, este mapa de vagas é um péssimo serviço que se está a prestar à fixação dos médicos no SNS”, apontou, citado no comunicado.

O mesmo despacho prevê ainda a abertura de 44 vagas a área de Medicina Geral e Familiar (MGF), para a região Centro – quatro para o Agrupamento de Centros de Saúde do Baixo Mondego, oito para o Baixo Vouga, duas para o Cova da Beira, quatro para o Dão Lafões, cinco para o Pinhal Interior Norte e nove para o Pinhal Litoral.

Está previsto ainda a abertura de cinco vagas para o ACES Beira Interior Sul, três para o Pinhal Interior Sul e quatro para Guarda.

De acordo com a nota, relativamente à Saúde Pública, a região Centro tem previstas neste mapa duas vagas - uma no Departamento de Saúde Pública da ARS (Administração Regional de Saúde) do Centro e outra no ACES Guarda.

No total, são 53 vagas para a região Centro, ou seja, 44 vagas na área de Medicina Geral e Familiar, sete hospitalares e duas para a área de Saúde Pública.

"É inusitado e carece de uma reflexão", concluiu, Carlos Cortes, lamentando a incapacidade da tutela na gestão de recursos humanos para o Serviço Nacional de Saúde.

O presidente da SRCOM considera “preocupante o atual mapa de vagas” publicado na segunda-feira.