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Joaquim Alexandre Rodrigues
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Almeida Henriques morreu há precisamente um ano. O antigo presidente da Câmara de Viseu faleceu a 4 de abril de 2021, vítima da Covid-19, no Hospital de São Teotónio, onde esteve internado cerca de um mês. O autarca morreu aos 59 anos, em pleno exercício de funções, tendo feito dois mandatos à frente da autarquia viseense.
Esta segunda-feira (4 de abril), a Sé de Viseu recebe a partir das 18h30 uma missa em memória de Almeida Henriques, presidida pelo bispo D. António Luciano. Antes, às 16h30, realiza-se uma conversa entre amigos do autarca no Hotel Palácio dos Melos.
O Jornal do Centro falou com duas figuras que cruzaram com Almeida Henriques nos últimos anos, sobretudo na vida política. Nuno Nascimento, que foi chefe de gabinete de Almeida Henriques durante cinco anos, recordou os ventos de mudança que o autarca trouxe a Viseu.
Para ele, Almeida Henriques trouxe ao concelho “um otimismo contagiante e a vontade de mudar a visão que havia sobre Viseu e a lógica que havia sobre o desenvolvimento da cidade”.
“Ele trouxe uma ideia mais cosmopolita da cidade e uma ideia mais moderna e tecnológica da vida, da criação de emprego, da captação de investimento e da liberdade e produção cultural e esse foi um marco muito engraçado e importante na mudança de Viseu”, disse.
Nuno Nascimento lembrou ainda a afirmação que Almeida Henriques conseguiu dar ao concelho, fazendo concorrência com os grandes centros urbanos pela captação de investimento e população, e afirmou que o ex-presidente da Câmara deixa memórias e saudade “pelos muitos marcos que conseguiu, pela sua eterna vontade de querer mudar, fazer mais e afirmar mais Viseu, pela afirmação do farol do interior, como gostava de chamar”.
Conceição Azevedo: trabalhar com Almeida Henriques foi “marcante”
Já Conceição Azevedo, que sucedeu a Almeida Henriques na presidência da autarquia após a sua morte, recorda o amigo que perdeu e que conheceu antes de ser autarca, há mais de 30 anos.
A ex-presidente da Câmara refere que os quatro anos que esteve na autarquia com Almeida Henriques foram “marcantes para mim e que muito me ajudaram de alguma forma a enriquecer-me ainda mais”.
“Almeida Henriques era uma pessoa especial e única que vivia a vida com muita intensidade e alegria e que nos contagiava. Por isso, admirava-me muito e, nestes quatro anos, conheci a outra faceta mais profissional dele, o que foi marcante”, enfatizou.
Sobre a iniciativa que vai decorrer esta tarde entre amigos de Almeida Henriques, Conceição Azevedo adiantou que será uma conversa que está aberta a quem quiser associar-se à memória do ex-autarca.
“Vamos ter amigos representativos das diferentes áreas como a política, amigos que são só amigos e empresários que se cruzaram com Almeida Henriques de alguma forma e que foram marcados por essa experiência comum nas diferentes áreas”, disse.
A conversa será moderada e conduzida por Mário Augusto, “que também era um grande amigo de Almeida Henriques”. “Vamos estar um bocadinho a confrontar a nossa memória porque é difícil dizer adeus a uma pessoa que gostamos e amamos”, concluiu Conceição Azevedo.
A conversa contará com a participação de Pedro Santana Lopes, presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz, Miguel de Castro Neto, professor da Universidade Nova de Lisboa e ex-secretário de Estado, José Furtado, presidente da Águas de Portugal, e Osvaldo Ferreira, maestro da Orquestra Filarmónica Portuguesa.
O currículo do presidente da “cidade-região”
Almeida Henriques foi presidente da Câmara Municipal de Viseu entre 2013 e 2021, eleito pelo PSD. Deixou para trás uma longa carreira política com direito também a passagens pelos mundos empresarial, associativo e cultural.
Enquanto autarca, estabeleceu como objetivo afirmar Viseu como uma “marca” a nível nacional e internacional.
Os seus dois mandatos à frente da Câmara foram marcados pela revitalização do centro histórico da cidade e da Feira de São Mateus, pela aposta em eventos culturais como o Europeade, que trouxe grupos folclóricos de toda a Europa para Viseu em 2018, pela redinamização do Aeródromo Municipal, que passou a ter como “vizinho” o novo quartel dos Bombeiros Sapadores, e pelo investimento tecnológico que se traduziu na aposta nas cidades inteligentes e na chegada a Viseu de empresas como a IBM, a Deloitte e a Altice.
No campo político, Almeida Henriques teve várias causas desde a ampliação das urgências do Hospital de Viseu à construção do Centro Oncológico, além da ligação ferroviária Viseu-Salamanca e da duplicação do IP3, que tantas vezes lhe chamou de “estrada da morte”.
Outro dos projetos mais marcantes do autarca foi o lançamento do MUV, o sistema de transportes públicos que, apesar do início atribulado em 2019, já faz parte da vida da cidade e do concelho de Viseu e se alargou para outras vertentes.
As medidas mais importantes também incluíram a reversão da demolição do Bairro da Cadeia, para o qual foi concebido um projeto que pretendia ser inclusivo e comunitário, e o projeto da transformação do Pavilhão Multiusos no Viseu Arena, além da criação de incubadoras.
Um autarca que foi governante, deputado, empresário, advogado e… radialista
Nascido em 1961 e crescido na Rua Direita, Almeida Henriques abraçou desde cedo a vida política, sempre ligado ao Partido Social-Democrata. Quando era novo, chegou a vender seguros e livros porta-a-porta e até ajudou a montar uma estação de rádio pirata, a Rádio Rossio. Acabou por trilhar futuro na advocacia e na política.
Foi deputado na Assembleia da República entre 2002 e 2011, altura em que foi nomeado secretário de Estado Adjunto da Economia e Desenvolvimento Regional, no governo de Passos Coelho. Acabou por ocupar o cargo de governante nacional até 2013.
Foi ainda vice-presidente do grupo parlamentar do PSD na Assembleia da República e presidente da Assembleia Municipal de Viseu e da Assembleia Geral da Comunidade Intermunicipal Viseu Dão Lafões.
Na vida empresarial e associativa, esteve à frente de várias empresas e associações culturais. Foi presidente do Conselho Empresarial do Centro e da Associação Industrial da Região de Viseu e vice-presidente da Confederação da Indústria Portuguesa.
Em 2006, o então Presidente da República, Jorge Sampaio, distinguiu-o como comendador da Ordem Civil do Mérito Agrícola, Industrial e Comercial. Postumamente, Almeida Henriques foi homenageado com o Viriato de Ouro e a atribuição de uma avenida da cidade dedicada ao seu nome, junto ao Palácio do Gelo.