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Paz, a rua que já esteve em guerra

 Paz, a rua que já esteve em guerra
19.03.22
fotografia: Jornal do Centro
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 Paz, a rua que já esteve em guerra
15.12.24
Fotografia: Jornal do Centro
 Paz, a rua que já esteve em guerra

Conhecida por ser uma rua pedonal que, ao longo de toda a sua extensão, se encontra repleta de estabelecimentos comerciais modernos, a Rua da Paz foi uma rua com trânsito de sentido único que, antes disso, era composta apenas por quintais e terrenos.
Talvez seja difícil de imaginar ou, até mesmo, de acreditar. No entanto, Fernando Almeida, secretário Geral da Associação Comercial do Distrito de Viseu (ACDV), explica-nos como tudo começou a partir de uma associação centenária.

“Eu, quando revisitei a escritura da aquisição deste terreno, percebi que era um quintal. Portanto, esta rua não teria uma configuração tão edificada como a que tem hoje. Havia, porventura, algum edifício, mas era maioritariamente um espaço mais verde, amplo, com quintas ou terrenos agrícolas, eventualmente quintais de outras moradias até”, explica.

“A rua, na década de 80, ainda não era pedonal, tinha trânsito só no sentido descendente, vinha da Rua Humberto Delgado e havia estacionamento dos dois lados”, completa. “Eu lembro-me porque, na altura, tinha um mini e estacionava muitas das vezes aqui à porta (ri-se) e tinha um comércio rico, bem mais forte do que a que tem hoje”.

Marcando-lhe a memória, Fernando não esquece a metamorfose que a rua padeceu.

“Na minha memória ficaram, efetivamente, as obras que esta rua sofreu, deixando de ser uma artéria com trânsito e passando a ser uma rua pedonal com uma característica completamente diferente”. “Convenhamos que, daquilo que me recordo, é uma rua que se transformou no ponto de vista visual e comercial”.

Comércio aos olhos do passado

Nesta rua, passaram vários estabelecimentos comerciais que deixaram memórias, entre eles, a Garagem Lopes e o Restaurante Royal.

A ‘Garagem Lopes’ era um negócio de família fundado em 1910 por António Lopes Ferreira. Anos mais tarde tornou-se, em 1924, o primeiro Concessionário FORD em Portugal, acabando por se instalar no centro da cidade – onde atualmente se encontra o espaço ‘VIVA’ – apenas na década de 50, onde estabelecia comunicação entre a Rua da Paz e a Rua Vitória.

“Começava na esquina e vinha quase até ao meio da rua”, explica Fernando Almeida. “Há aqui edifícios que têm comunicação com a Rua da Vitória e o da ‘Garagem Lopes’ era um deles”, completa.

Pedro, da ‘Chapelaria Confiança’, recorda a monumentalidade do edifício para a época, “Todo aquele espaço entre a Rua da Paz e a Rua da Vitória era a ‘Garagem Lopes’, com stands, oficinas… No primeiro andar até existia estacionamento próprio para os donos”.

Em tempos – onde atualmente se situa a ‘Pizzaria Luso’ -, o ‘Café Restaurante Royal’ era anunciado pelo Jornal da Beira como “a casa mais bem montada no género”.

“Esse restaurante é do meu tempo e era um restaurante não de grande clientela, mas uma clientela fiel, tinha clientes diários”, revela Fernando Almeida.

“O restaurante ‘Royal’ ainda esteve aqui durante algum tempo. Era um restaurante com alguma fama na cidade, conhecido pelo seu ambiente familiar. Na altura, era gerido por uma família: o marido, a esposa, que até era a cozinheira, e os filhos, que ajudavam de vez em quando”, confessa. “O restaurante ‘Royal’ tinha alguma fama na cidade principalmente pelo seu arroz de lampreia, um prato que faziam com frequência”

Aldina Ribas, filha de um dos antigos donos explica o motivo do seu encerramento do ‘Café Restaurante Royal’: “Os meus pais nos anos setenta, se não me engano, ficaram com o negócio, pois a dona já era muito idosa. No final do ano de 1999, pelas mesmas razões, idade e doenças, também passaram o restaurante.”

Um traço distinto, em comparação à atualidade, foi de facto as grandes dimensões que os estabelecimentos ocupavam.

“As lojas que existiam eram muito compridas, principalmente a ‘Camisaria Rebelo’, uma das principais ‘pronto-a-vestir’ da cidade de Viseu, que partia da esquina – atualmente, onde se encontra os ‘Laboratórios Germano de Sousa’ – até lá ao atual café ‘Brothers’”, explica Fernando Almeida da Associação Comercial do Distrito de Viseu.

Além das já mencionadas, os comerciantes recordam a loja de louças que pertencia ao Sr. Daniel Moura, a discografia ‘Valentim de Carvalho’, bem como a retrosaria ‘Mavimodas’ que ainda hoje se mantém na Rua da Paz.

A evolução do comércio

Tal como se verificou em ruas passadas, a Rua da Paz acabou por sofrer com o progresso da sociedade. Fernando Almeida transmite-nos a sua opinião acerca do assunto.

“O aparecimento de outras formas de distribuição e de comércio veio modificar a vivacidade das ruas”, começa por explicar. “Os hipermercados apareceram na década de 80 e, em Viseu, proliferaram com uma velocidade incrível. Deve ser das cidades que tem mais espaços comerciais por habitante e a população não cresceu assim tanto. E se a área comercial triplicou, é claro que alguém ficou sem negócio e, infelizmente, foi o centro da cidade”, lamenta.

De acordo com o próprio, a centralidade em termos de comércio mudou ao longo dos anos. Inicialmente, o centro da cidade assumia esse papel, mas, com o aparecimento de outras formas de comércio, “criaram-se outras centralidades”.

“Ainda sou do tempo em que o fórum era apenas um lameiro. Hoje vejo a área comercial daquela zona, uma até bastante importante”, recorda.

Fernando Almeida acredita também que a oferta escolar, apesar da sua visível contribuição, tenha sido um dos grandes fatores para essa descentralização.

“Esta cidade tinha dois grandes estabelecimentos de ensino secundário, o liceu Alves Martins e a escola Emídio Navarro. Evidentemente, com apenas dois espaços de ensino, as pessoas acabavam por fazer muito este cruzamento – no centro da cidade-, hoje o ensino secundário tem ‘n’ escolas e os jovens acabam por não frequentar tanto o centro da cidade como acontecia antigamente”, justifica.

Apesar disso, acredita que a proximidade no comércio não se perdeu na sua totalidade, pela centralidade que existia, a diferença restringe-se à forma mais intensa como as relações eram vividas.

Curiosamente irónico

Em agosto de 1925 decorreu, em frente às instalações da sede da Associação de Comerciantes, um assassinato após a sua recente abertura. A ironia encontra-se patente no nome da rua que serviu de palco para este crime.
Deixamos a notícia escrita em português daquele tempo, de modo a transmitir a sua autenticidade e a forma como, antigamente, as notícias eram escritas.

“Assassinato

Mais outra tragedia veio surpreender a pacatês da cidade. No sabado ultimo, á porta da nova séde da Associação Comercial, na rua da Paz, após ligeiras explicações, o negociante de madeira, sr. Augusto Cardoso, despejou 3 tiros de pistola, contra o tenente de artilharia 7, sr. Fernando Estevam Duque Adão, que teve morte inztantânea.
O agressor foi preso imediatamente e o cadáver do infeliz tenente Duque Adão foi transportado para a morgue, d’onde, no domingo, depois da autopsia saiu o funeral.
O tenente Adão deixa viúva e 5 filhos menores.
Dizem-nos tratar-se d’uma questão de honra.
Lamentando muito sinceramente o facto, deixamos o resto aos tribunais a quem compete julgar.
Ao nosso colega local Notícias de Viseu, de quem o morto era colaborador e á família enlutada, o nosso cartão de sentidos pêsames”.

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