Álvaro Beleza, presidente da SEDES – Associação para o Desenvolvimento Económico e Social, avisa que Portugal tem agora uma oportunidade de se reindustrializar mas precisa de baixar a carga fiscal. O também dirigente do PS esteve em Viseu no arranque desta associação aqui liderada por Francisco Mendes da Silva.
Segundo Álvaro Beleza, Portugal é dos países com a maior carga fiscal e isso vai impedir a competitividade para com outros países na Europa, numa altura em que indústrias como as da defesa ou da área da saúde são necessárias. É que para o socialista e médico de profissão, o país tem duas vantagens: a segurança e altos quadros, mas perde “nos impostos mais altos da Europa”.
Este foi um dos temas abordados durante a instalação em Viseu da delegação da Sedes, uma associação que funciona como um “think tank” que produz “pensamento” e “soluções” para um “país mais equilibrado” e que, recorda Álvaro Beleza, “já deu muitos ministros e governantes” a Portugal.
E é precisamente este papel que Francisco Mendes da Silva, advogado e antigo dirigente do CDS, quer implementar na direção da delegação agora criada em Viseu.
“Se a SEDES quer ser um foco de reflexão, de estudo aprofundado e de medidas para a melhoria da vida pública de Portugal não pode deixar de ter a visão de pessoas que não estão em Lisboa ou no Porto, mas estão a olhar para o país a partir de outras regiões”, salienta.
Mendes da Silva recorda, ainda, que a associação “tem estudos aprofundados” a vários níveis, desde o Serviço Nacional de Saúde ao sistema político e eleitoral. “É impossível hoje em dia ter uma análise aprofundada e correcta das insuficiências do nosso sistema eleitoral, por exemplo, sem perceber como esse sistema aprofunda as desigualdades territoriais, como beneficia os grandes centros, onde há mais votos, em detrimento dos sítios mais pequenos. Antes de mais, é esta visão de um país que está para lá de Lisboa que é preciso dar”, exemplifica.
A SEDES tem nos seus órgãos sociais, além de Francisco Mendes da Silva, elementos como Fernando Daniel Nunes, João Cotta, Jorge Mota ou Marta Costa, entre outros.
E na abertura da delegação da SEDES em Viseu, a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, admitiu que Portugal perdeu várias oportunidades, entre elas ter uma auto estrada entre Viseu e Coimbra, mas que são erros históricos que se têm de ultrapassar.
“Acho difícil não entender não haver uma autoestrada entre Viseu e Coimbra, acho difícil que todas as sedes de concelho não tenham acesso por via ferroviária. Cometemos erros históricos, hoje estamos a contrariar isso”, defende a ministra naquela que foi uma das suas primeiras ações governativas depois de ter sido reeleita para mais um mandato.
Fundada a 2 de outubro de 1970, no período da ditadura conhecido por “primavera marcelista”, quando se esperava uma abertura significativa da sociedade, a SEDES é uma associação cívica, de inspiração cristã, que tem por missão contribuir para o desenvolvimento económico e social do país.
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