A taróloga Micaela Souto Moura traz as previsões do Tarot, na semana…
Já tem ementa para a sua mesa de Consoada? Temos a sugestão…
Com a descida das temperaturas, os cultivos necessitam de mais tempo para…
por
Margarida Benedita
por
Joaquim Alexandre Rodrigues
por
Rita Mesquita Pinto
Há dois meses que Jackson Lima está à espera para conseguir ser atendido por um médico, para que lhe sejam prescritas análises. O homem foi submetido a uma cirurgia bariátrica, há sete meses, e precisa de realizar análises de controlo pós-cirurgia.
Jackson Lima é um dos muitos utentes sem médico de família e que tem que recorrer ao serviço instalado junto ao edifício da Segurança Social, onde se dirigiu esta quarta-feira (20 de novembro). Mas, pela terceira vez, não conseguiu ser visto por um médico na Consulta de Apoio a Contactos Esporádicos e Migrantes, da Unidade Local de Saúde (ULS) Viseu Dão Lafões, devido à greve destes profissionais.
“Fiz uma cirurgia bariátrica e preciso de fazer análises para saber como estão as vitaminas e para perceber como está a correr. Há um centro de acompanhamento no hospital de Viseu e eles estão a aguardar as análises para que me possam acompanhar. A mim e à minha esposa que também foi operada”, começou por contar ao Jornal do Centro.
Jackson Lima acrescentou que tem um pedido de análises feito por um médico-cirurgião do Brasil, mas que não é válido em Portugal.
“Fui encaminhado para ser operado aqui, mas não fui chamado e era urgente, porque tinha pressão alta, diabetes e outras complicações. Fiz a operação no Brasil e trouxe pedido de análises, mas não é válido. Posso ir a uma clínica, mas o valor é muito elevado, são quase 300 euros”, sustentou.
Jackson Lima disse que a solução foi marcar consulta, que só acontecerá a 10 de dezembro. “Vamos lá ver se nessa altura a consulta vai mesmo acontecer”, atirou.
Ao lado de Jackson Lima estava a mulher, Sarah Souza, que lamentou a existência de poucas vagas para tantas pessoas e que não tenham uma previsão para lhes ser atribuído médico de família. “Vêm aqui muitas pessoas, sejam estrangeiros ou não. Quatro vagas não é suficiente para tantos pedidos. Hoje estavam aqui umas 15 pessoas para serem atendidas”, destacou.
Sarah Souza contou que chegaram às 11h00 da manhã para conseguir vaga, mas “só perto das 15h00 (quando abre o serviço) é que chegou a informação de que havia greve”. “Podiam, pelo menos, ter um aviso e as pessoas não ficam à espera”, disse.
Sarah Souza e Jackson Lima explicaram ainda que estão há dois anos em Portugal e que chegaram a viver em São Pedro do Sul, onde “nada disto acontecia” e onde tinham médico de família. E, apesar das críticas, o casal quis sublinhar que o atendimento às crianças é bem diferente e que “nunca houve qualquer problema”.
Também Natália Fonseca recorreu hoje ao serviço por se encontrar doente, mas não teve sucesso. “Cheguei pelas 13h20, porque tenho a garganta completamente inflamada, estou a tomar medicação há uns dias e não passa. Quando fui atendida, disseram que não havia médico e que a solução era ligar para a Linha de Saúde 24 e informar que vim aqui e não havia médico a ver se eles me encaminham para o hospital”, contou.
Natália Fonseca, que está em Portugal há um ano, lamentou a situação, sobretudo pelo transtorno que causa. “O meu marido trabalha de madrugada e a minha filha mais pequena ainda não está na escola. Chegou às 7h00 da manhã do trabalho, deitou-se e teve que acordar mais cedo para ficar com a bebé e eu cheguei aqui e não tive médico”, disse.
Ao Jornal do Centro foram reportadas outras queixas, nomeadamente de reencaminhamentos da Linha de Saúde 24. Num dos casos, uma utente contactou a linha, foi reencaminhada para um centro de saúde da cidade e, quando lá chegou, foi-lhe recusado o atendimento por não ter médico de família.
Há ainda o relato de um utente que não teve consulta na unidade atribuída aos doentes sem médico de família e quando ligou para a linha acabou reencaminhado exatamente para a mesma unidade onde o médico estava ausente devido à greve.
Questionada pelo Jornal do Centro, a Unidade Local de Saúde Viseu Dão Lafões esclareceu que “a consulta de apoio a contactos esporádicos e migrantes do concelho de Viseu é dirigida aos utentes que se encontram de passagem neste concelho” e que “é efetuada em horário extraordinário pelos profissionais das 8 Unidades de Saúde Familiar de Viseu”.
Quantos aos constrangimentos no acesso a médicos, a unidade de saúde disse que “atualmente existe um pré-aviso de greve às horas extraordinárias médicas”.
“Importa ainda referir que o atendimento dos utentes por motivo de doença aguda é assegurado na ULS pelas várias tipologias de resposta disponíveis”, acrescentou.
O hospital assegurou ainda que “para os utentes que reúnem os critérios para atribuição de médico de família, os centros de saúde têm, atualmente, capacidade para proceder à inscrição dos mesmos”.