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Uma ucraniana em Tarouca a “sofrer”, estes dias, pelo país natal

 Uma ucraniana em Tarouca a “sofrer”, estes dias, pelo país natal
12.03.22
fotografia: Jornal do Centro
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 Uma ucraniana em Tarouca a “sofrer”, estes dias, pelo país natal
13.12.24
Fotografia: Jornal do Centro
 Uma ucraniana em Tarouca a “sofrer”, estes dias, pelo país natal

A professora de música Iryna Sokolova chegou a Portugal há 16 anos. É natural de Khmelnytsky, uma cidade da região de Oblast, na Ucrânia, país que há duas semanas foi atacado pela vizinha Rússia.

A emigrante acompanha à distância tudo o que se passa no seu país com o coração apertado.

“É horrível tudo isto que vemos na televisão e redes sociais”, começa por contar.

Iryna explica que a guerra não começou agora, mas sim em 2014, com a invasão da Crimeia.

A Ucrânia, diz, gritou aos quatro ventos que o conflito já tinha começado, mas o mundo ficou “calado”.

“Nós, ucranianos já sabíamos que isto ia acontecer”, refere, recusando-se a dizer o nome de Putin, o líder russo, que considera um “louco”.

A família desta professora encontra-se bem. Só a mãe e a irmã mais velha permaneceram no país natal. O resto dos familiares fugiram para a Polónia, como fizeram muitos outros conterrâneos.

“A minha família passa o tempo todo no bunker que a minha irmã arranjou. Mal podem sair de casa, estão sempre a ouvir explosões”, conta, usando novamente a palavra “horrível” para descrever tudo o que se está a passar.

Iryna não esconde a apreensão e comoção ao falar da guerra no seu país natal.

A professora de música vive e trabalha em Tarouca desde 2006. Quando chegou a Portugal fixou-se logo neste concelho da região do Douro. Veio após ter recebido um convite do presidente da Câmara na altura, Mário Teixeira, para dar aulas na Academia de Música do concelho, onde dá aulas de violino e piano.

“Em 2005 dei concertos em Tarouca com um grupo de músicos, num festival e depois recebi o convite do presidente da Câmara e vim para cá”, adianta, acrescentando que recebeu outras propostas de outros países, mas acabou por escolher Portugal, que nesse ano de 2005 conheceu. Viajou por vários locais e teve a oportunidade de provar vários pratos lusitanos.

Eu gostei muito de Portugal, do tempo, da cozinha e do ambiente, por isso decidi aceitar o convite”, explica.

A adaptação não foi fácil, sobretudo por causa da língua.

“Na altura, foi muito complicado e ainda hoje o meu português não é perfeito, mas todos me ajudaram”, revela, salientando que contou até com a ajuda dos próprios alunos a quem pediu que corrigissem. Também estudou sozinha e lá conseguiu aprender português.

Iryna veio sozinha. Dois anos mais tarde o filho mais novo juntou-se a ela em terras lusitanas.

A emigrante não esconde que no início não gostou de algumas coisas em Portugal, mas como já está há tanto tempo no país até já se habitou. Um dos aspetos que mais estranhou foi “a mentalidade dos portugueses, que tinham pouco interesse pela cultura”. Ainda hoje é o desporto que desperta mais atenções, mas a música também já conquistou admiradores.

“Já melhorou tudo, acho eu”, defende.

O que mais gosta é do bacalhau. Adora este peixe com batatas à murro.

“Gosto de tudo, se até hoje não saí foi por algum motivo”, afirma, realçando que é no nosso país que quer continuar a viver.

“Acho que vou ficar em Portugal. Já não tenho idade para mudar de novo do país”, conclui.

 Uma ucraniana em Tarouca a “sofrer”, estes dias, pelo país natal

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