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Os dispositivos eletrónicos fazem parte do quotidiano de crianças, famílias e escolas. O tempo de ecrã tornou-se uma componente central da vida infantil, o que tem gerado preocupações crescentes entre pais, educadores e profissionais de saúde quanto aos seus efeitos no desenvolvimento físico, cognitivo, emocional e social.
Embora o uso de ecrãs possa trazer benefícios, como acesso a conteúdos educativos e ferramentas interativas, as principais preocupações no que toca à saúde infantil recaem sobre o sono, a obesidade, a saúde ocular, o comportamento e o bem-estar emocional. Torna-se, por isso, essencial compreender os riscos associados ao uso excessivo e adotar estratégias que promovam um uso equilibrado e saudável.
A evidência científica mostra que uma exposição prolongada e frequente a dispositivos eletrónicos pode afetar significativamente várias dimensões do desenvolvimento infantil, incluindo a qualidade do sono, a atenção, a regulação emocional e o comportamento.
Este impacto é particularmente preocupante nos primeiros anos de vida, uma fase de rápido desenvolvimento cerebral. O uso excessivo de ecrãs nesta etapa pode contribuir para dificuldades cognitivas, atrasos na linguagem e menor rendimento em tarefas de aprendizagem.
O contexto em que os ecrãs são utilizados é igualmente determinante. A co-visualização com pais/mães, bem como a seleção de conteúdos apropriados à idade, pode atenuar os efeitos negativos da exposição. Em contrapartida, o uso de dispositivos como “pacificadores digitais” — para acalmar ou distrair crianças — tem sido associado a dificuldades no desenvolvimento da autorregulação emocional. A supervisão parental inconsistente está também relacionada com défices cognitivos e sociais em idade pré-escolar.
As repercussões físicas do uso excessivo de ecrãs não são menos relevantes. A luz azul emitida pelos dispositivos eletrónicos interfere com a produção natural de melatonina, comprometendo tanto a qualidade como a duração do sono. A privação de sono em crianças pode levar a défices de atenção, irritabilidade e um aumento do risco de obesidade infantil. A sedentarização associada ao tempo prolongado de ecrã contribui para o aumento do índice de massa corporal. A Organização Mundial da Saúde identificou uma relação direta entre o uso diário de ecrãs por mais de duas horas e o risco acrescido de excesso de peso e obesidade em idade escolar.
No campo da saúde mental, a evidência é cada vez mais consistente. Uma revisão sistemática apontou uma associação entre elevado tempo de ecrã e sintomas de depressão e ansiedade em adolescentes. Ainda que a maioria dos estudos seja observacional, o padrão recorrente de resultados reforça a necessidade de estratégias preventivas e de uma maior atenção por parte dos adultos responsáveis.
Tendo em conta estes dados, várias organizações de saúde recomendam que crianças entre os dois e os cinco anos não ultrapassem uma hora diária de ecrã, sempre com supervisão e em contextos educativos, e que este seja evitado antes dos 18 meses, exceto em videochamadas.
A criação de “zonas livres de ecrãs”, como os quartos ou a mesa de refeições, bem como momentos offline em família, são práticas recomendadas.
Mais do que proibir, o objetivo é orientar. Estabelecer regras claras, oferecer alternativas atrativas ao ecrã — como brincadeiras ao ar livre, leitura partilhada ou jogos — e participar ativamente na escolha dos conteúdos digitais são estratégias fundamentais para promover um uso consciente da tecnologia. Com isso, pais e educadores não apenas protegem a saúde das crianças, mas também contribuem para o seu desenvolvimento global num mundo crescentemente digital.
A tecnologia faz parte da vida moderna, mas cabe às pessoas adultas garantir que o seu uso é equilibrado e adequado. Ao estabelecer limites, supervisionar os conteúdos e promover alternativas criativas e ativas, contribuímos para que as crianças cresçam com saúde, segurança e bem-estar.
Os profissionais de saúde têm um papel fundamental na orientação de pais e cuidadores, ajudando na definição de rotinas digitais saudáveis que protejam o desenvolvimento físico, emocional e cognitivo das crianças.
Jacinta Cunha, médica IFE de Medicina Geral e Familiar, na USF São Teotónio, em colaboração com a UCC Viseense