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A coleção de automóveis, motas e bicicletas do Museu do Caramulo celebra, este ano, o seu 70.º aniversário, afirmando-se como uma das mais notáveis do mundo pela raridade das peças, pelo rigor da sua conservação e pela forma como narra a história do automóvel e a relação de Portugal com este símbolo de liberdade e progresso.
A origem da coleção remonta a 1955, quando João de Lacerda encontrou um Ford T de 1925 abandonado e decidiu restaurá-lo, gesto que esteve na génese do primeiro museu automóvel do país. Face ao interesse crescente do público, o espaço abriu ao público em 1959, no piso térreo do edifício da Fundação Abel de Lacerda, por sugestão do Presidente Américo Thomaz. O sucesso levou à construção de um novo edifício, inaugurado em 1970, projetado para permitir que todos os veículos pudessem sair facilmente para manutenção mecânica.
A autenticidade e o rigor tornaram-se marcas distintivas do Museu do Caramulo. Todos os veículos estão operacionais e podem circular com as características originais, permitindo ver automóveis com mais de 100 anos a percorrer as estradas da região ou a participar em provas de prestígio internacional, como o London-Brighton, o Rali de Monte-Carlo ou a Louis Vuitton China Run. A vitalidade da coleção é também visível em eventos próprios, como o Caramulo Motorfestival, a Corrida dos Fundadores, o Rider – Passeio de Automóveis e Motos Clássicas ou “O Museu na Rua”.
João de Lacerda, fundador da coleção, defendia que um automóvel incapaz de andar seria “um anacronismo”, filosofia que ainda hoje orienta o trabalho de conservação levado a cabo por uma equipa especializada. Atualmente, a coleção aproxima-se dos 200 exemplares e integra também modelos cedidos por colecionadores, incluindo o exclusivo acervo do bicampeão mundial de Fórmula 1 Emerson Fittipaldi.
Distribuída por quatro espaços museológicos, a coleção reúne marcas emblemáticas como Bugatti, Mercedes-Benz, Rolls-Royce, Ferrari, Jaguar ou Hispano-Suiza, apresentando modelos que contam episódios singulares da história mundial e portuguesa. Entre os exemplares mais icónicos estão o Benz Dreirad de 1886 — considerado o primeiro automóvel com motor a gasolina —, o Bugatti Type 35B vencedor de mais de duas mil corridas, os veículos oficiais de Salazar, o Rolls-Royce Phantom III que transportou figuras como a Rainha Isabel II ou o Papa João Paulo II e o Chrysler Imperial usado na célebre “Fuga da prisão de Caxias”.
Sete décadas depois, o Museu do Caramulo mantém-se como um espaço cultural único, onde as coleções de arte, automóveis, motas, velocípedes e brinquedos dialogam entre si. A visão de João de Lacerda, pioneiro na preservação do património automóvel português, continua a inspirar novas gerações e a moldar um setor que hoje valoriza a conservação histórica e o colecionismo.
Através de exposições, competições internacionais e eventos de grande dimensão, o museu continua a contar a história do automóvel e a afirmar-se como uma instituição de referência nacional ao serviço da cultura e da memória coletiva.