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A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDR Centro) evocou os 80 anos do nascimento de David de Almeida (1945-2014), um dos mais relevantes nomes da gravura contemporânea portuguesa, associando a homenagem ao encerramento do ciclo “Património ao Centro — Construções de uma Identidade”. A última sessão do programa decorreu esta segunda-feira no Balneário Romano, um dos mais significativos vestígios da presença romana no país, e contou com a participação do arquiteto João Mendes Ribeiro.
Natural de S. Pedro do Sul, David de Almeida construiu uma obra profundamente ligada ao território beirão. Foi na paisagem da Beira Alta e nas memórias de infância que encontrou o fascínio pelas gravuras rupestres da Pedra Escrita de Serrazes, um monólito granítico milenar que inspirou a série “Exercícios Líticos”, apresentada na Bienal de São Paulo em 1983. Sobre o processo criativo, o artista recordava o contacto físico e contínuo com a pedra: “Desenhei-a, fotografei-a e modelei-a comprimindo finas folhas de papel húmido contra o seu corpo inciso”, explicava, acrescentando que o trabalho representou “o fechar de um ciclo”.
A evocação reforça o diálogo entre património, arte e território, uma ligação também destacada por José Saramago num texto de catálogo para uma exposição do artista em Madrid, em 2002: “Toda a arqueologia de materiais é, bem o sabemos, uma arqueologia humana. O que esta gravura esconde e mostra é o trânsito do ser no tempo e a sua passagem pelos espaços (…)”.
A homenagem ao gravador foi integrada no encerramento do ciclo “Património ao Centro — Construções de uma Identidade”, promovido pela CCDR Centro em parceria com a Secção Regional do Centro da Ordem dos Arquitetos. A sessão final, realizada no Balneário Romano, reuniu arquitetos, técnicos municipais e agentes culturais, culminando um percurso de quatro encontros realizados ao longo do ano em Figueira de Castelo Rodrigo, Carregal do Sal, Pombal e São Pedro do Sul.
O ciclo promoveu reflexão e debate sobre reabilitação, valorização do património edificado e práticas de conservação, reforçando a importância do património cultural como elemento identitário e fator de coesão regional. A iniciativa enquadra-se na estratégia da CCDR Centro de aproximar profissionais do território e destacar o papel do património como motor de dinamização e preservação cultural na região Centro.