No coração do Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros, há…
Reza a lenda que foi um árabe, há mais de mil anos,…
Seguimos caminho por Guimarães, berço de Portugal e guardiã de memórias antigas….
O número de vítimas femininas no distrito de Viseu apoiadas pela Associação Portuguesa de Apoio à Vítima aumentou de 2023 para 2024 com o concelho de Mangualde a ter o maior número de atendimentos (33), um ano e meio depois de ter aberto o gabinete de Apoio à Vítima.
Em 2024, a associação prestou apoio a 135 mulheres do distrito, enquanto que no ano passado foram apoiadas 106.
Entre 2022 e 2024, no distrito de Viseu, o município com o maior número de vítimas no feminino apoiado pela APAV foi Viseu, revelou a APAV no relatório apresentado esta terça-feira, Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres.
Os dados sobre “Vítimas no Feminino – Estatísticas APAV 2022-2024” revelam que, a nível nacional, entre 2022 e 2024, a APAV acompanhou 36.489 vítimas do sexo feminino.
Em 2022, foram apoiadas 11.410 mulheres, número que subiu para 12.398 em 2023 e para 12.681 em 2024. No mesmo período, foram registados 70.179 crimes e formas de violência, um aumento de mais de 10% entre 2022 e 2024.
Em média, a APAV apoiou 20 mulheres por dia com idades entre os 18 e os 64 anos, faixa etária que representa mais de 60% das vítimas. Além disso, foram identificados pedidos de ajuda para 5.451 crianças e jovens até aos 17 anos, bem como 3.765 mulheres com mais de 65 anos.
Daniel Cotrim, assessor técnico da direção da APAV disse que é possível constatar que “não existe nos dados uma estabilidade dos mesmos”.
“Não há uma tendência ainda de descida, que era aquilo que nós esperaríamos que acontecesse”, admitiu.
Daniel Cotrim destacou, por um lado, a prevalência dos crimes de violência doméstica – representam 85,4% dos 70.179 crimes denunciados à APAV – , mas admitiu, por outro lado, que possa ser feita a leitura “de que as pessoas estão mais informadas”.
“As mulheres estão mais informadas, mais alerta para os seus direitos e para a promoção dos seus direitos e, portanto, querem quebrar e sair das relações abusivas, da violência em contexto de intimidade, e daí obviamente os pedidos de ajuda que fazem à APAV e o aumento destes pedidos de ajuda”, defendeu.
O tempo médio entre o primeiro episódio de violência e o pedido de ajuda situa-se entre dois e seis anos, demonstrando, segundo Cotrim, maior reconhecimento da gravidade das situações. O responsável alerta, porém, que a violência está a tornar-se “mais letal e rápida na escalada”, passando em pouco tempo de agressões emocionais e físicas para tentativas de homicídio.
Para Daniel Cotrim, esta violência tem ligação com a “propagação nos últimos anos de uma espécie de um discurso de ódio dirigido às mulheres”, e de “alguns discursos muito marcados pela misoginia, pelo machismo, pelo patriarcado”.
“Isto também se vê, obviamente, nos pedidos de ajuda que são feitos e também na idade das pessoas agressoras, cada vez mais jovens, e na idade, obviamente, das mulheres vítimas, também elas cada vez mais jovens”, apontou.
Os dados da APAV sobre a pessoa agressora mostram que em 70% dos casos é homem, com idade entre 26 e 55 anos (29,7%), que está ou esteve numa relação de intimidade com a vítima (47,8%).
Para o responsável, o facto de o número de pedidos de ajuda não baixar mostra que a violência contra as mulheres “é uma questão endémica”, “um fenómeno interno da sociedade portuguesa que está colado a perceções e visões preconceituosas e tradicionalistas das mulheres e dos papéis das mulheres e dos homens”.
Daniel Cotrim apontou que esta violência também está presente nas redes sociais, propagada pela “falsa ciência, falsas notícias”.
Defendeu, por isso, que o “Estado tem que intervir nas questões da prevenção e na questão da educação”, salientando que os conteúdos das redes sociais são “consumidos preeminentemente por rapazes e por raparigas muito jovens” e que, por isso, é preciso trabalhar a educação e inteligência emocionais, os relacionamentos positivos e a igualdade de género.
Admitiu ainda que há o perigo de retrocesso nos direitos das mulheres, defendendo que essa consciência traz a responsabilidade de “agir para a prevenção” para evitar reagir apenas “quando este perigo acontecer”.