No coração do Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros, há…
Reza a lenda que foi um árabe, há mais de mil anos,…
Seguimos caminho por Guimarães, berço de Portugal e guardiã de memórias antigas….
Um estudo recente identificou cinco produtos artesanais do distrito de Viseu com potencial para obter Indicação Geográfica (IG). As máscaras de Lazarim, em Lamego, a Cestaria Breza de Castro Daire, a Cestaria de Nandufe, em Tondela, a renda de bilros de Farminhão, em Viseu, e os bordados de Tibaldinho, em Mangualde, integram a lista das 150 produções nacionais que poderão avançar para certificação, segundo o levantamento “Património nas Nossas Mãos: O potencial das Indicações Geográficas Artesanais em Portugal”.
Em alguns dos casos os processos já estão em andamento e muitos deles têm outras denominações. O presidente da Câmara de Mangualde, Marco Almeida, defendeu já, por exemplo, a integração do concelho na denominação geográfica dos tapetes de Arraiolos, porque os seus artesãos se preocupam em “manter viva esta expressão cultural”. Marco Almeida explicou que “o tradicional e prestigiado tapete de Arraiolos, um símbolo maior do artesanato português e do saber-fazer alentejano, há muito que é praticado em Mangualde”.
Também a tradição da aldeia de Lazarim, em Lamego, de fazer máscaras de madeira para celebrar o Carnaval avançou com a candidatura a Património da Humanidade,
O estudo, desenvolvido pela ACERTIFICA para a Organização Mundial da Propriedade Intelectual e em parceria com o Instituto Nacional da Propriedade Industrial, destaca ainda três produtos do distrito que já têm certificação: a Louça Preta de Molelos, os Estanhos Artísticos de Bodiosa e a Junça da Beselga.
No inventário do Património Cultural Imaterial constam igualmente o linho da Várzea de Calde, a louça preta de Molelos, os estanhos de Bodiosa e a Flor dos Namorados de Fragosela.
Portugal tem atualmente 42 IG no setor artesanal, quatro ainda em fase de pedido, mas o estudo conclui que o país pode triplicar este número, já que entre os 192 produtos analisados foram identificados 150 com potencial de certificação. As regiões Norte e Centro surgem como as mais ricas em produções identificadas, com 57 e 59 referências, respetivamente, enquanto os Açores totalizam 17 possíveis candidatas. Os setores mais representados são os têxteis, com 65 produtos, a cerâmica, com 39, e a madeira e fibras vegetais.
Os autores sublinham que as IG são decisivas para valorizar e proteger produtos tradicionais, reforçando a identidade territorial, combatendo imitações e contribuindo para o desenvolvimento económico local. As Indústrias Culturais e Criativas – onde se insere o artesanato – representaram, em 2021, 11,4% do Valor Acrescentado Bruto nacional e 21,2% do emprego.
A partir de 1 de dezembro deste ano, com a entrada em vigor do novo regulamento europeu que estende o regime de IG aos produtos artesanais e industriais, os artesãos beneficiarão de maior proteção, valorização económica e incentivos à fixação de população em territórios remotos. Casos de sucesso já certificados, como os Bonecos de Estremoz, a Filigrana de Portugal ou a Viola da Terra dos Açores, demonstram o impacto positivo do reconhecimento oficial, com o número de artesãos certificados a aumentar após o registo.
No distrito de Viseu, o estudo destaca certificações já atribuídas: a Junça da Beselga, registada desde 2016 e ligada à colheita tradicional da junça; o Bordado de Tibaldinho, certificado desde 2017 e atualmente produzido por quatro artesãs; os Estanhos Artísticos de Bodiosa, reconhecidos em 2021 e com dois artesãos certificados; e a Louça Preta de Molelos, também certificada em 2021, com sete oleiros registados e técnica tradicional de cozedura redutora.
Os autores defendem que, para avançar com novos processos de certificação, é essencial o envolvimento das autarquias, lembrando que a identificação dos produtos não basta. É necessário desenvolver estudos, recolher informação e assegurar estruturas capazes de apoiar as comunidades artesãs. A aposta nas IG, concluem, permitirá proteger o património cultural, diferenciar os produtos no mercado, atrair turismo e fortalecer a economia local.