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Após vários meses de um minucioso processo de restauro, o carro March 711 de 1972, pilotado por José Carlos Pace, chegou finalmente ao Museu do Caramulo, onde passa a integrar a “The Fittipaldi Collection”, reforçando o núcleo deste Museu dedicado à história da Fórmula 1.
A história deste monolugar está intimamente ligada ao percurso de Frank Williams, então um jovem piloto e empreendedor, considerado um verdadeiro self-made man. Depois de algum sucesso nos automóveis de turismo e na Fórmula 3, Williams construiu o seu caminho no desporto automóvel como comerciante de carros de competição, mecânico e, mais tarde, chefe de equipa. Em 1966 fundou a sua própria estrutura, dando início a um projeto que viria a marcar a história da Fórmula 1.
Em 1971, a então denominada Frank Williams Racing Cars adquiriu este March 711, chassis #711/3, para ser pilotado por Henri Pescarolo. Com recursos limitados e poucos patrocínios, a temporada foi difícil, tendo como melhor resultado um quarto lugar em Silverstone.
No ano seguinte, já sob a designação Team Williams Motul e com o apoio da marca de lubrificantes e do novo patrocinador Politoys, a equipa adquiriu um March 721 para Pescarolo, ficando o March 711 entregue a José Carlos Pace, naquela que seria a sua época de estreia na Fórmula 1. Pace, que havia vencido uma série britânica de Fórmula 3 em 1970 e competido na Fórmula 2 com a equipa de Williams em 1971, encontrava assim a oportunidade de se afirmar na categoria rainha.
Apesar de já não ser um modelo novo em 1972, o March 711 revelou-se suficientemente competitivo para um estreante. Concebido pelos engenheiros Robin Herd e Geoff Ferris, o monolugar foi desenhado para enfrentar modelos como o Lotus 72 e os V12 da Matra, BRM e Ferrari, tirando o máximo partido do consagrado motor Ford DFV. Destacava-se pelo chassis monocoque, suspensão dianteira inboard e radiadores montados nos flancos, numa solução inspirada no Lotus 72.
A característica mais marcante era a asa dianteira elevada, idealizada por Frank Costin, eficaz em qualificação e em pista limpa, mas geradora de instabilidade em situações de perseguição direta. O March 711 foi utilizado por várias equipas e pilotos de renome, entre os quais Ronnie Peterson, Niki Lauda e Andrea de Adamich.
O melhor resultado de José Carlos Pace ao volante deste March foi um quinto lugar, que lhe valeu os primeiros três pontos no Campeonato do Mundo. Embora as épocas seguintes não tenham sido tão positivas, Pace protagonizaria um ano memorável em 1975, com a vitória em Interlagos ao volante do Brabham BT44, numa histórica dobradinha brasileira com Emerson Fittipaldi.
É precisamente o forte laço de amizade entre Pace e Emerson Fittipaldi que explica a presença deste carro na coleção. “Este March tem um enorme valor sentimental para mim”, recorda Emerson Fittipaldi. “O primeiro kart em que corri foi-me emprestado pelo Moco [José Carlos Pace], de quem também fui mecânico. Depois de vencer o Mundial em 1972, manifestei ao Frank Williams o desejo de comprar o Williams March do Moco. Eu e o meu irmão Wilson adquirimos o carro, que desde então faz parte da nossa coleção”, contou o piloto.
O March 711 junta-se oficialmente aos restantes monolugares da “The Fittipaldi Collection”, após um cuidadoso trabalho de recuperação realizado com o apoio da AMSport, do CINFU – Centro de Formação Profissional da Indústria de Fundição – e da empresa VANTITEC, especializada em impressão 3D em metal e polímeros e em maquinação CNC.
A “The Fittipaldi Collection” pode ser visitada permanentemente no Museu do Caramulo, de terça-feira a domingo, nos horários habituais.
