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A Associação Bionaural Nodar estreia no final do ano letivo um espetáculo com jovens de São Tomé e Príncipe, estudantes em Vouzela e Castro Daire, que se juntaram para dar vida a um trabalho da autoria de Rui Catalão.
“Um desconhecido na nossa terra” dá nome a um espetáculo protagonizado por jovens oriundos de São Tomé e Príncipe que se vai estrear no final do ano letivo, mas terá em janeiro “duas apresentações teste ao público” nos cineteatros de Vouzela e de Castro Daire, disse à agência Lusa o presidente da Binaural Nodar, Luís Costa.
Aquele dirigente associativo contou que “são jovens que não se conhecem, que estudam nas escolas profissionais” de Vouzela e no polo de Castro Daire da escola profissional Mariana Seixas, com sede em Viseu.
“Têm-se encontrado em vários momentos para trabalharem as ações propostas por si, desde teatro a música, dança ou gastronomia, o que entenderem para partilharem a sua cultura num só espetáculo” orientado pelo dramaturgo Rui Catalão.
Segundo Luís Costa, o projeto “promove a aproximação desses jovens que estão em lugares próximos a cerca de 30 quilómetros, mas distantes, porque não se conhecem e, ao mesmo tempo, dão a conhecer às comunidades locais a sua realidade e cultura”.
“Muitos destes jovens já não regressam ao país de origem. Há mais de uma década que a experiência nos diz que ficam a trabalhar neste território e por isso é um exemplo de imigração diferente do que tem sido muito falado agora”, revelou.
Estas duas escolas, “desde há vários anos, têm um conjunto de alunos oriundos de São Tomé e Príncipe bastante significativo, no âmbito de protocolos que existem entre os governos dos dois países”.
Luís Costa indicou que são jovens a partir dos 16 anos de idade que frequentam cursos profissionais “nas mais diversas áreas, desde a metalomecânica, eletricidade, mecânica, saúde ou estética”.
“E, normalmente, as escolas assumem-nos como alunos modelo, com características muito próprias. São muito unidos, muito respeitadores, estudam muito, são dedicados e este projeto também nasceu com a necessidade que sentimos de evidenciar estes valores que estes miúdos têm, mesmo longe das suas famílias”, destacou.
E são jovens “que têm a sua cultura, os seus anseios e as suas memórias” e, juntamente com Rui Catalão, “numa série de sessões, trabalham todos estes aspetos e valores para traduzirem num espetáculo”.
A associação portuguesa Binaural Nodar, da região Viseu Dão Lafões, “é muito ligada à tradição”, mas também “muito atentos às novas dinâmicas sociais que os territórios vão tendo, inclusive, no contexto europeu”, integrando o projeto Rede Tramontana que envolve sete países: Portugal, Espanha, França, Itália, Polónia, Roménia e Albânia.
Este responsável lembrou que Rui Catalão é um dramaturgo que tem trabalhado, há mais de 10 anos, com comunidades lusodescendentes, mais especificamente originárias de Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).
Luís Costa defendeu à agência Lusa que “seria perfeito trabalhar com Rui Catalão ao longo de um ano letivo”, tendo em conta o trabalho do dramaturgo em Vale da Amoreira (concelho da Moita) e com a comunidade do Barreiro, municípios do distrito de Setúbal, onde fundou um grupo de teatro.
“Em vez de nos cingirmos a um ateliê ou oficina achámos que seria mais interessante um trabalho ao longo de um ano letivo com estes alunos que não se conheciam e vão estando, de forma alternada, com Rui Catalão”, realçou.
Este espetáculo é uma coprodução da Binaural Nodar com a Irreal, em parceria com as duas escolas profissionais e respetivas câmaras municipais, Vouzela e Castro Daire, no distrito de Viseu.