040521155005aebdb949fb46d26473a5f634e2c7c4492a06f7ac
GNR Guarda Nacional Republicana - Jornal do Centro
GNR Viseu - Apreensão 27
WhatsApp Image 2025-05-28 at 115107
aluguer aluga-se casas
aluga-se

À procura de vistas de cortar a respiração? Situado na EM326, em…

30.05.25

Quer fazer parte de uma equipa com mais de 20 anos de…

29.05.25

No quarto episódio do Entre Portas, um podcast da Remax Dinâmica em…

28.05.25
vitor figeuiredo
josé antonio santos lamego ps
manuel-marques
rustica padaria viseu
arca
vinho_queijo_pao
Home » Notícias » Colunistas » Fragmentos de um Diário – 9 de Maio de 1976

Fragmentos de um Diário – 9 de Maio de 1976

 Fragmentos de um Diário – 9 de Maio de 1976 - Jornal do Centro
19.06.21
partilhar

      Nas épocas de crise interior, mas não só, gera-se no homem uma tendência favorável à profecia. O ópio é, a seu modo, uma profecia duma certa promessa de felicidade. Sartre escreveu que «a vida começa do outro lado do desespero». A vida ou a continuação deste exercício de se ir abafando a angústia ao longo dos dias.

12 de Maio de 1976

        Os meus pais chegaram a Lobão, vindos de Moçambique. Com areia nos bolsos.

15 de Maio de 1976

        Ontem, sexta-feira luminosa, vivi a passagem de mais um aniversário. E chorei. Não sei bem porquê, um vago pressentimento do vazio, da futilidade da minha vida. Pensei na Fátima, na sua generosidade emocional. Que falta me faz!
       
1 de Junho de 1976

        O período final das aulas aproxima-se, carregado de incertezas e inquietações. Não é nada linear o futuro. Mas entretanto preciso pôr as ideias em ordem, fazer um balanço, desamarrar o emaranhado de pensamentos e sentimentos. Preciso viver, tragar a fundo tudo o que a vida promete.
Decidi encetar um novo capítulo neste diário. Uma outra maneira de escrevê-lo. Não sem reflexão, mas baseado em certas particularidades vividas por e em mim que aparentemente tendem a modificar o meu modo de pensar. Colocaria assim a questão: os romances de Júlio Dinis, na conceção da vida rural, e a poesia de Fernando Pessoa, no pensamento da condição humana, relidos vezes sem conta, moldaram-me a personalidade. Houve um conjunto de vivências e acontecimentos que quase abalou essa modelagem original. É verdade que se romperam algumas inibições, algumas ingenuidades, mas acho que soube garantir que o núcleo permanecesse incólume. Sem o Alberto Caeiro, o Ricardo Reis e sem os romances de Júlio Dinis eu não seria quem sou. Seria outro. Mas eu reconheço-me neste desejo de pastorear a melancolia pelos campos da aldeia.

 Fragmentos de um Diário – 9 de Maio de 1976 - Jornal do Centro

Jornal do Centro

pub
 Fragmentos de um Diário – 9 de Maio de 1976 - Jornal do Centro

Colunistas

Procurar