040521155005aebdb949fb46d26473a5f634e2c7c4492a06f7ac
GNR Guarda Nacional Republicana - Jornal do Centro
GNR Viseu - Apreensão 27
WhatsApp Image 2025-05-28 at 115107
aluguer aluga-se casas
aluga-se

À procura de vistas de cortar a respiração? Situado na EM326, em…

30.05.25

Quer fazer parte de uma equipa com mais de 20 anos de…

29.05.25

No quarto episódio do Entre Portas, um podcast da Remax Dinâmica em…

28.05.25
vitor figeuiredo
josé antonio santos lamego ps
manuel-marques
rustica padaria viseu
arca
vinho_queijo_pao
Home » Notícias » Colunistas » Até no Fado há futuro!

Até no Fado há futuro!

 Até no Fado há futuro! - Jornal do Centro
03.02.24
partilhar

O mundo dá sinais de pouca lucidez, isso é verdade, mas ao mesmo tempo tenho a sensação de que tudo se está a repetir. São as guerras, pandemias, terrorismos, traição das elites, dificuldade em distinguir a verdade da mentira, imigrações e poderes públicos cada vez mais frágeis. Fica a ideia de que o tempo voltou a andar para trás ou deu a volta e regressa a séculos passados, um Tempo Circular.
No ano 1000 a China era o centro do Mundo, a zona mais rica, avançada, populosa e promovia a primeira globalização. O maior porto do mundo ficava em Xangai e Hong Kong, numa cidade enorme e cosmopolita chamada Quanzd. A formação dos seus líderes era a mais avançada do mundo, baseava-se no budismo e formavam o Líder Ideal á volta do comportamento e da atitude. Hoje chamam-lhe Fábrica de Génios.
O pêndulo da história é lento e parece que estamos numa espécie de transição instável e perigosa. Quero dizer, a ordem antiga ainda não se desintegrou e a nova não dá sinais. Parece que não conseguimos sair de um Eterno Presente! Em paralelo existem ressentimentos contra o Ocidente e que vem dos chineses, russos, árabes e africanos. Ressentimentos antigos, mas sem ideias de construção de um mundo novo e que mais parecem uma atração pelo caos. Fizemos até do vírus, que é um agente infecioso, o viral como um elogio e um sinal de sucesso! Modernizámos a ideia de destruição e chamamos-lhe ser disruptivo, mesmo que isso signifique destruir 47% dos postos de trabalho de um país.
É verdade, apesar do nosso encantamento pela novidade, o Fórum Económico Mundial de Davos-2024 diz que a IA tem o mesmo significado que a máquina a vapor na Revolução Industrial. Que o mais importante é reconstruir a confiança no futuro. Mas nós teimamos no regresso ao passado, ao tempo do velho Sócrates que dizia que o caos era um deus. É curioso, porque no mandarim crise e oportunidade são a mesma palavra. Então a solução é fazer do caos uma oportunidade! Mas porque me socorro deste enquadramento passadista e vejo em tudo um regresso?
Porque a liderança política dos países parece tentada por uma figura antiga do Séc. XV/XVI e que se chamou Maquiavel. Quase todos se sentem tentados em representar a figura do Príncipe! Aquela ideia de que o Poder vem da força, fraude, crueldade, violência estratégica e coerciva! Existem por toda a parte e são os ditadores, políticos, homens de negócios, colegas de trabalho que traem os colegas para progredirem mais rápido e até os meninos-rufias na escola que exercem o bullying sobre os mais frágeis.
Na política, os príncipes de Maquiavel silenciam os críticos, os rivais e manipulam as massas. Por detrás de tudo isto há uma ciência do poder, que está suportada no dinheiro, fama, classe social, respeito, força física, representação política. A liderança já foi saneada deste dicionário!
Há um ciclo perigoso nas nossas lideranças. É que as mesmas pessoas assumem o poder pelo que de melhor existe na natureza humana e logo a seguir caem pelo que existe de pior nessa mesma natureza. Está difícil de perceber que o poder é concedido pelos outros e não uma coisa de que possamos ser donos. O processo é simples: Ascensão ao poder – Abuso do poder – Perda do poder!
Ainda há quem confunda imigração com escravidão, mas estes últimos vinham em navios negreiros e acorrentados, antes era legal e agora é crime. Confundimos também o poder com a liderança e por isso esquecemo-nos de aprender a influenciar, intervir, criar confiança e futuros. Era aqui que eu queria chegar e olhar para este nosso princípio de pré-campanha eleitoral. Ela levará um grupo ao poder, mas não temos a certeza, nem há provas que levará á liderança do país! Há uma encruzilhada onde quase tudo vai parar e um dos caminhos passa por assumir que há uma crise de governabilidade. Mas ela não se resolve culpando o passado, remetendo as energias coletivas para o passado. Essa crise, se assumida, pode ser uma oportunidade, pode voltar a chamar a Sociedade Civil para uma participação horizontal. Porque não há política sem ela, nem sem a integração e interação dos agentes sociais, económicos e culturais.
A política, a governação, não são depósitos de leis e preconceitos onde tudo parece decidido e nada se pode alterar. Tem que se estar contra este estado de espírito, onde não há visão e nem um pouco de paixão. Os governos são os primeiros que nunca podem estar satisfeitos com o curso dos acontecimentos. Eles não são os administradores do realismo, nem da burocracia.
No dia 23 de janeiro assisti na RTP1 a um debate com a intervenção de uns jovens que considero brilhantes. Falavam sobre a política que temos, os governos, o papel dos jovens na vida política, sabendo-se que representam 20% do eleitorado. Porque se afastam dos maiores e mais antigos partidos? Porque não vêm construção do futuro; porque não estão representados nas instituições; porque se governa para resolver os problemas de hoje e sem qualquer perspetiva; porque a representação política envelheceu; porque reduziram a política ao poder; porque se despreza o talento em que se investiu; porque o país não pode viver do escasso tempo entre eleições e precisa de previsão e ação; porque o país tem que ser o centro de tudo e não os partidos.
O que se está a ouvir hoje quando se fala de responsabilidade? Fala-se sempre do passado, mas esse já não se pode alterar; do prestar contas, aquilo que se fez e o que não se fez! Nunca pensamos na responsabilidade pelo futuro, nunca configuramos o futuro. Quem tem essa obrigação? Não existe apenas a responsabilidade executiva dos governos! Isso é não estar á altura das responsabilidades e porque o futuro tem que integrar todas as decisões. Esta obsessão pelo passado não é política, falta-lhe o ser também Portadora de Esperança Coletiva. Não, o Fado não tem culpa, porque até esse é Destino, o lugar para onde vamos…

 Até no Fado há futuro! - Jornal do Centro

Jornal do Centro

pub
 Até no Fado há futuro! - Jornal do Centro

Colunistas

Procurar