A necessidade de recuperar o número de consultas presenciais, anterior à pandemia de Covid-19, está a fazer com que o Agrupamento de Centros de Saúde Dão Lafões experimentem novos métodos de cuidados para reprogramar as marcações “de forma a não entupir os espaços desnecessariamente”. E, por isso, vão ser inaugurados balcões de saúde 24 “em alguns locais com algumas necessidades e características específicas”, onde os utentes vão ter a oportunidade de requisitar medicação e exames. A outra novidade “serão as consultas via videoconferência”, avança António Cabrita Grade, diretor Agrupamento de Centros de Saúde Dão Lafões, frisando que “haverá a observação do utente através de câmaras que vão ser instaladas em certos locais”. A primeira experiência-piloto irá decorrer na freguesia São João do Monte, no Caramulo, em colaboração com a autarquia.
A realidade é que as consultas por telefone multiplicaram-se durante os períodos de confinamento e agora, numa altura em que se vive em estado de calamidade e a regra é desconfinar, as consultas presenciais ainda não são o método a privilegiar. “Há fenómenos motivados com a pandemia que de alguma maneira vão ser introduzidos no quotidiano das nossas sociedades. Agora, não substituem como é natural aquilo que é o ato médico e as consultas presenciais”, reconhece Cabrita Grade.
O objetivo é simples: retomar as consultas presenciais de forma gradual, “sempre a respeitar das regras de segurança”. “Com a retoma há com certeza alguns espaços de tempo que não podem ser ocupados de forma presencial porque tem que haver lugar para a aplicação das medidas de higienização”, alerta, frisando que “quer os gabinetes, quer as superfícies, têm que ser alvo de uma higienização entre cada consulta” e isso “vai repercutir-se no numero de consultas”.
Ainda assim, no ACES Dão Lafões “o número de consultas está a ser monitorizado e tem havido uma recuperação sustentada com recurso ao contacto físico do utente com o seu médico assistente”, garante Cabrita Grade.
Já Fernando Augusto Severino, médico de clínica geral e Delegado do Sindicato Independente dos Médicos da Região Centro, diz que as consultas por telefone “não vieram para ficar e, neste momento, ainda são uma necessidade para dar algum tipo de resposta aos nossos utentes” até porque “ainda não temos imunidade de grupo e, portanto, se alargássemos as consultas a tudo, arriscaríamos a ter uma concentração de pessoas, grande parte delas não vacinadas”.
O médico de clinica geral refere-se às consultas por telefone como uma “espécie de triagem” para aí “decidir se realmente queremos ver o utente”, permitindo também conjugar as marcações e reorganizar os recursos disponíveis.
Da parte dos utentes, há quem prefira ter consultas por telefone, principalmente quando se trata de “pedir análises ou exames”. Pelo menos é o que diz António Ferreira, utente do Centro Saúde Viseu III. “Telefonei à médica de família por causa da vacina da Covid-19, a primeira foi porreirinha, a segunda já tive febre, de cama, dores e já me receitou aquilo que preciso”, disse, frisando que todo o processo “foi muito rápido”.
Encontrámos também João Correia. Tinha acabado de sair de uma consulta presencial “porque tenho que cá vir todos os meses”. Nunca se viu sem consultas com o médico que o acompanha. Ainda assim, contou-nos que a sua esposa continua a contactar o médico de família por telefone. “Marcou-lhe as análises por telefone e nem cá veio. Tentou duas ou três vezes a ligar para cá, mas depois conseguiu marcar a consulta por telefone”, contou.
Seguimos para o edifício da Segurança Social e conhecimentos Elisabete Gomes. Pelo que nos disse, tinha acabado de regressar de uma consulta com o filho, de apenas nove meses. “Cada vez que tenho uma coisa que é para mim, pergunto na consulta dele porque estão muito cheios e às vezes não têm consultas para dar”, lançou, quando lhe perguntámos se tinha tido alguma consulta presencial, nos últimos meses. E, por isso, “arranjei esta forma para ser mais rápido”.
Logo atrás, veio Maria Amaral, utente da Unidade de Saúde Alves Martins. À semelhança da maioria, tem sido atendida via telefone “sempre que há algum problema”. E não demoram a atender. “Tem sido rápido e quando mando email, o médico responde dentro de dois ou três dias úteis”, concluiu.