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Autárquicas Novo presidente da Câmara de Viseu rejeita acordos para gerir concelho e aposta em diálogo
Delegado à mesa de voto consulta a lista de eleitores para a Câmara Municipal do Porto, 12 de outubro de 2025. Decorrem este domingo as eleições autárquicas em Portugal onde mais de 9,3 milhões de eleitores podem votar. Os eleitores vão escolher os órgãos dirigentes das 308 Câmaras Municipais, 308 Assembleias Municipais e 3.221 Assembleias de Freguesia, pelo que há três boletins de voto. MANUEL FERNANDO ARAÚJO/LUSA
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Demência: o caminho das pedras

 Demência: o caminho das pedras
07.02.25
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 Demência: o caminho das pedras

por
José Carreira

Em Portugal, há milhares de pessoas, estima-se que sejam 200.000, que vivem com demência. Estes números estarão muito aquém da realidade, se pensarmos nas dificuldades associadas ao diagnóstico precoce e acertado e no forte estigma associado às doenças mentais, na sua globalidade, e à doença de Alzheimer e outras demências, na sua especificidade. É urgente e necessário que se reconheça a singularidade e especificidade da demência, em Portugal, tal como foi reivindicado na jornada “Somos Específic@s”, organizada pela Confederación Española de Alzheimer y otras demencias (CEAFA), em Guardo, Palencia. Só assim, será possível garantir a atenção adequada e adaptada às necessidades das pessoas. 

Com a aprovação, em junho de 2018, da Estratégia da Saúde na Área das Demências nasceu uma nova esperança que, passados quase 7 anos, se traduziu em quase ou mesmo nada, do ponto de vista do apoio concreto às pessoas com demência e aos seus cuidadores e famílias. Documentos interessantes, grupos de trabalho, comissões e planos que se traduzem numa mão cheia de nada…Confesso, tenho urticária aos “grupos de trabalho”.

À hora que escrevo este artigo, há milhares de pessoas que não compreendem o que estão a sentir, familiares assustados com alterações ininteligíveis, muitos não têm diagnóstico (devido ao estigma, à baixa literacia, e às dificuldades de acesso aos cuidados de saúde e consultas de especialidade…) e não usufruem de qualquer apoio após o diagnóstico, por desconhecimento, falta de recursos financeiros ou mesmo inexistência de oferta. Quantas pessoas com demência estão, neste preciso momento em que está a ler, privadas da sua liberdade e dos seus direitos, sem serem tratadas de acordo com as regras da não contenção física e química? (Estamos a trabalhar, arduamente, no projeto Cuidar Sem Amarras). 

Em Viseu, no Centro de Apoio a Pessoas com Alzheimer e outras Demências (CAPAD), trabalhamos, há mais de uma década, sem um único euro de apoio do Estado português que continua a assobiar para o lado e a não assumir a demência como uma prioridade social e de saúde pública. Contamos, se assim não fosse não seria possível apoiarmos centenas de pessoas, desde o 1.º momento, com o apoio do Município de Viseu que se tem empenhado na criação das condições necessárias para que o nosso concelho seja uma Comunidade Amiga na Demência (o projeto Eu no Museu é um precioso aliado, nesta aspiração). Sublinho a recente parceria no projeto #IdMemoriaFutura e na candidatura submetida ao Portugal Inovação Social (em avaliação). 

Continua adiada a urgência do combate ao estigma e à desinformação. Sendo uma das principais causas de incapacidade, nas pessoas idosas, e geradora de maior dependência, sobrecarga económica e stress nos cuidadores, não é aceitável que continue a não ser uma prioridade política e social. É preciso avançar com ações concretas para melhorar a qualidade de vida, reforçar o diagnóstico precoce, disponibilizar apoios e promover políticas públicas inclusivas que consciencializem para a prevenção, os sinais de alerta, o diagnóstico e o desenho de apoios integrais.  

O Estado tem que fazer a sua parte. Apelo ao Governo que, perante esta problemática, que transcende em grande medida o âmbito familiar, crie mecanismo de apoio à intervenção comunitária, privilegiando uma política integral, com metas concretas e dotação financeira suficiente. 

Em 2025, exigem-se recursos e compromissos. Temos que garantir os direitos das pessoas afetadas pela demência, começando por reconhecer a singularidade e especificidade; garantindo diagnósticos precoces (só assim se poderá “sonhar” com cuidados e tratamentos adequados); garantindo o acesso a tratamentos farmacológicos e não farmacológicos; enfrentando a doença com a família, tomando decisões e planificando o futuro (projetos de vida). 

As associações são um aliado na luta contra a doença de Alzheimer e outras demências e na promoção da qualidade de vida das pessoas afetadas. Temos conhecimento e experiência que poderão ser aproveitados para configurar um Plano Nacional com objetivos e atuações concretas, dotado de recursos financeiros reais tal como ocorre noutros países.  

 Demência: o caminho das pedras

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