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Entre o medo e a raiva, escolher outro caminho

 Entre o medo e a raiva, escolher outro caminho - Jornal do Centro
03.06.25
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 Entre o medo e a raiva, escolher outro caminho - Jornal do Centro

por
Sara Rodrigues

A democracia é, acima de tudo, um diálogo constante. Um diálogo nem sempre fácil, nem sempre confortável, mas imprescindível. Quando esse diálogo falha, quando o ruído substitui as palavras claras e os silêncios prevalecem sobre as respostas, surgem fraturas difíceis de reparar.

As últimas eleições legislativas revelaram uma dessas fraturas. Não apenas em números ou gráficos, mas sobretudo no sentimento profundo de um país que parece já não se reconhecer no espelho. Muitas pessoas sentem-se esquecidas, ignoradas, distantes daqueles que tinham a responsabilidade

de as representar. O Partido Socialista perdeu o voto popular precisamente por isso: perdeu sobretudo o voto daqueles que têm menos recursos e menos escolaridade, não por estas pessoas terem desistido do partido, mas porque o partido provavelmente desistiu, antes, de as ouvir. Falhou-lhes na proximidade, na pedagogia e nas respostas concretas às suas frustrações.

Foi precisamente nesse espaço vazio que o Chega cresceu. Cresceu depressa, alimentado pelo sentimento de abandono, pelas emoções mal resolvidas, pelos discursos fáceis e pela lógica rápida e simplista das redes sociais, onde a verdade é secundária e onde os algoritmos recompensam a indignação, tornando-a no caminho mais curto para a popularidade.

Hoje o Chega é a segunda força política em Portugal. Entre os seus eleitores estão muitos dos nossos amigos, colegas e familiares. É fácil reagir com indignação, apontar o dedo e chamá-los de racistas, machistas e fascistas.

Mas será isso justo? Será razoável generalizar assim? Ou será essa apenas uma reação de quem se sente traído, mas não quer ver o que falhou?

Claro que há extremistas entre os eleitores do Chega, mas nem todos votaram por convicção ideológica. Muitos fizeram-no por desespero, por revolta, porque deixaram de acreditar que alguém ainda os escuta. Quando os partidos que antes representavam esperança se tornam sinónimo de

distância e formalismo, abrem espaço para que outros se apresentem como alternativa. Se a política não muda a vida das pessoas, outros ocuparão esse espaço, mesmo que seja para pior.

Entre o medo e a raiva é urgente escolher outro caminho, porque a alternativa ao populismo não pode ser o afastamento, o isolamento moral oun a arrogância intelectual. Tem de ser a empatia, a humildade e a capacidade de diálogo.

Precisamos de voltar à política feita em proximidade, nas ruas, nas praças, nas escolas e nas redes sociais. Precisamos de utilizar uma linguagem clara, direta e compreensível por todos, independentemente da formação ouclasse social. Explicar o Estado Social não pode ser apenas um conceito abstrato; devemos exemplificar como o salário mínimo impacta o dia-a-dia das pessoas, como o Serviço Nacional de Saúde protege as famílias, e porque é que a escola pública garante igualdade de oportunidades. Sem nos fecharmos numa bolha académica ou moral, temos de garantir que a mensagem chega de forma simples e genuína.

É urgente uma política próxima, corajosa e autêntica, feita com palavras claras e exemplos concretos. Precisamos voltar a conquistar as pessoas, não para recuperar votos perdidos, mas para recuperar confiança, esperança e futuro. Não é tempo de levantar muros, mas de construir

pontes. A democracia depende dessa coragem. Ou somos nós a sentar-nos com as pessoas, escutando verdadeiramente as suas razões, ou assistiremos, impotentes, enquanto outros se levantam no nosso lugar. E, quando finalmente quisermos reagir, talvez já seja tarde demais.

Sara Rodrigues
Presidente da Federação de Viseu da JS

 Entre o medo e a raiva, escolher outro caminho - Jornal do Centro

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 Entre o medo e a raiva, escolher outro caminho - Jornal do Centro

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