Feira semanal de Viseu abre caminho à campanha autárquica

No dia em que arrancou oficialmente a campanha eleitoral para as autárquicas, a feira semanal de Viseu tornou-se ponto de passagem obrigatório para a maioria dos candidatos à Câmara Municipal. Não se sabe se entraram todos pelo mesmo lado, mas cedo ficou claro que seguiram percursos diferentes: uns mais pela direita, outros pela esquerda, outros ainda pelo centro. Ainda assim houve encontros, trocas de brindes, de acusações, mas também de “convergências”. O resultado foi uma manhã agitada no último dia de setembro, que deu o tom para os próximos dias de campanha até às eleições de 12 de outubro.

O candidato do PSD e atual presidente da Câmara, Fernando Ruas, aproveitou a visita para responder a críticas dos feirantes sobre as condições do recinto. Ouviu queixas sobre a lama no inverno, o piso irregular e a falta de atenção às necessidades dos comerciantes.

Ruas lembrou que o projeto de requalificação foi aprovado a 29 de agosto, com um investimento de um milhão de euros e prazo de execução de 252 dias, e garantiu que as obras avançarão agora que terminou a Feira de São Mateus. Reconheceu, no entanto, falhas de comunicação com os feirantes, justificando com a inexistência de uma associação representativa.

Entre cumprimentos, pedidos de atenção às freguesias e distribuição de brindes, disse sair “motivado” e “emocionado” pelo acolhimento.

Também na feira, o candidato socialista João Azevedo defendeu a necessidade de uma requalificação total do recinto, considerando que as obras recentes não resolveram os problemas. “Houve um investimento de milhares de euros e toda a gente está chateada”, disse, apontando críticas à falta de escoamento de águas e à precariedade das estruturas para os feirantes. João Azevedo acusou Fernando Ruas de governar “para eleições e não para gerações” e prometeu uma intervenção estrutural, inscrita no quadro comunitário, com um investimento superior a um milhão de euros.

Também o candidato da Iniciativa Liberal, Hélio Marta, falou de um “desejo de mudança” sentido junto dos feirantes e visitantes, sobretudo vindos das freguesias rurais, que se dizem “abandonadas”. Entre trocas de brindes com outros candidatos, ironizou que as canetas do PS e do PSD são “iguais, só muda a cor e o nome”, defendendo que a IL traz ideias diferentes, “do século XXI”. Sublinhou ainda a aposta do partido em dar voz às aldeias e contestar ciclos de maiorias absolutas.

Da parte da CDU, Leonel Ferreira criticou as “obras de fachada” no recinto, acusando o atual executivo de ignorar as necessidades reais dos feirantes. Referiu a falta de condições para os vendedores de animais vivos, que foram deslocados para uma área sem água, e prometeu “dignificar a feira” caso seja eleito. Considerou que o espaço tem sido “desprezado” por PSD e PS e garantiu que a CDU cumpre os compromissos que assume.

Também de passagem pela feira semanal de Viseu, Hélder Amaral, candidato do CDS ouviu críticas ao espaço e deixou comparações. “Na feira cabe todo o concelho e até pessoas de fora, incluindo turistas. É um espaço que nos permite ouvir diretamente as pessoas e perceber as suas preocupações. E o que ouvimos hoje foi claro: Viseu tem recuado muito e a feira é exemplo disso”, disse o candidato.

“A feira, pela sua tradição e dimensão, devia ser um cartaz turístico e uma locomotiva de desenvolvimento económico local, como acontece noutras cidades. Mas para isso precisa de condições. O espaço físico melhorou para quem visita, mas para os feirantes, que garantem a existência da feira, nada mudou. Quando chegar o inverno, terão os mesmos problemas de sempre”, lamentou, afirmando que é preciso intervenção estruturada, “com visão de futuro, para transformar a feira num espaço de qualidade, em todas as estações do ano”.

À Câmara de Viseu concorrem ainda Bernardo Pessanha (Chega) e Paulo Quintão (ADN), embora não tenham sido vistos na feira neste primeiro dia de campanha. Nas últimas eleições, em 2021, o PSD venceu com 46,68% dos votos (cinco mandatos), seguido do PS com 38,26% (quatro mandatos). O Chega foi a terceira força mais votada, com 2,95%, seguido da Iniciativa Liberal (2,20%).