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Fragmentos de um Diário – 25 de agosto de 1984

 Fragmentos de um Diário – 25 de agosto de 1984 - Jornal do Centro
10.06.23
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    Que tenho feito? O habitual como sempre que me encontro em casa de meus pais: leitura, música, atletismo, televisão, pensar e dormir. Acabei de ler o Tao Te King de Lao Tse. Esperava afirmações mais fortes, menos obscuramente contraditórias; mas não, há até opiniões bastante discutíveis no domínio político. Não deixei no entanto de refletir noutras passagens, de uma profundidade extrema, e de estabelecer um paralelismo com o ensinamento de Jesus. Ideias há no livro bastante inspiradoras que espero assimilar e aplicar.
        Mas também não é aqui que está a verdade. Talvez não esteja longe, mas de muitos outros rios se alimentará. O melhor é beber em várias fontes, caminhar muitos caminhos. De maneira a sermos capazes de mais bondade, de mais compreensão, de mais respeito.
        E o resto? Quer dizer, e eu?! Eu como, durmo, penso, leio…Mas sou feliz? Há alguns critérios de felicidade, tais como: saúde, emprego, amigos… Mas, para além disso? Provavelmente só se pode responder de um modo complexo. É que sou feliz e infeliz de um modo naturalmente humano. A insatisfação é constante. A plenitude, desejo-a ardentemente. Depois sou por demais inquieto interiormente, analista, sonhador para me aquietar. Mesmo nos momentos de maior serenidade a alma dói, sonha, luta, ama, sorri.
        Mas se a felicidade é esta serenidade inquieta então sou feliz. E acredito nas coisas belas da vida. O que me entristece é saber da existência de hipocrisia, de miséria moral, de sofrimento, de pobreza, de injustiça, de ódio e de guerra.
        Mas começa a irritar-me este isolamento. Este bairro é um deserto, não há nada que fragmente este tédio. Apenas esta moleza, este estar aqui, este ver passar os dias. Tinha há pouco lido três poemas de Hölderlin. E tão impressionado ficara que por impulso decidi escrever. Pois o que me saiu foram os parágrafos anteriores. Não é génio quem quer!
        Caminho ao encontro da serenidade. Mas este caminho é feito de muitos caminhos, por vezes tão inquietos e perturbadores. Não é na aparência exterior que se manifesta esta inquietação mas no meu rosto interior. Num breve lapso temporal vivo experiências interiores que ora são de alegria, ora de tristeza, de desânimo e revolta. Ora acredito na espontaneidade, ora imponho a mim mesmo um rigor todo cético. Ora estou sossegado e sonho mil aventuras com a minha amada, ora o ciúme me dilacera. Como parece tudo tão absurdo! 

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