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Fragmentos de um Diário – 9 de Maio de 1976

 Fragmentos de um Diário – 9 de Maio de 1976
19.06.21
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      Nas épocas de crise interior, mas não só, gera-se no homem uma tendência favorável à profecia. O ópio é, a seu modo, uma profecia duma certa promessa de felicidade. Sartre escreveu que «a vida começa do outro lado do desespero». A vida ou a continuação deste exercício de se ir abafando a angústia ao longo dos dias.

12 de Maio de 1976

        Os meus pais chegaram a Lobão, vindos de Moçambique. Com areia nos bolsos.

15 de Maio de 1976

        Ontem, sexta-feira luminosa, vivi a passagem de mais um aniversário. E chorei. Não sei bem porquê, um vago pressentimento do vazio, da futilidade da minha vida. Pensei na Fátima, na sua generosidade emocional. Que falta me faz!
       
1 de Junho de 1976

        O período final das aulas aproxima-se, carregado de incertezas e inquietações. Não é nada linear o futuro. Mas entretanto preciso pôr as ideias em ordem, fazer um balanço, desamarrar o emaranhado de pensamentos e sentimentos. Preciso viver, tragar a fundo tudo o que a vida promete.
Decidi encetar um novo capítulo neste diário. Uma outra maneira de escrevê-lo. Não sem reflexão, mas baseado em certas particularidades vividas por e em mim que aparentemente tendem a modificar o meu modo de pensar. Colocaria assim a questão: os romances de Júlio Dinis, na conceção da vida rural, e a poesia de Fernando Pessoa, no pensamento da condição humana, relidos vezes sem conta, moldaram-me a personalidade. Houve um conjunto de vivências e acontecimentos que quase abalou essa modelagem original. É verdade que se romperam algumas inibições, algumas ingenuidades, mas acho que soube garantir que o núcleo permanecesse incólume. Sem o Alberto Caeiro, o Ricardo Reis e sem os romances de Júlio Dinis eu não seria quem sou. Seria outro. Mas eu reconheço-me neste desejo de pastorear a melancolia pelos campos da aldeia.

 Fragmentos de um Diário – 9 de Maio de 1976

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