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Incêndios: Autarcas da região de Viseu pedem prevenção e repovoação dos territórios e falam em abandono

Autarcas dos concelhos da região de Viseu afetados pelos fogos reuniram com o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, e enumeram os problemas que têm sentido

Micaela Costa
 Incêndios: Autarcas da região de Viseu pedem prevenção e repovoação dos territórios e falam em abandono
24.09.24
fotografia: Jornal do Centro
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 Incêndios: Autarcas da região de Viseu pedem prevenção e repovoação dos territórios e falam em abandono
08.10.24
Fotografia: Jornal do Centro
 Incêndios: Autarcas da região de Viseu pedem prevenção e repovoação dos territórios e falam em abandono

Os autarcas do distrito de Viseu pediram esta terça-feira (24 de setembro) que se aposte na prevenção aos incêndios rurais e na repovoação dos territórios e falam em abandono por parte da tutela, sobretudo durante os incêndios que assolaram a região.

Os presidentes dos concelhos afetados pelos fogos da última semana reuniram com o secretário-geral do Partido Socialista, Pedro Nuno Santos, e enumeram os problemas que têm sentido.

“Os autarcas tiveram a possibilidade de transmitir as suas preocupações relativamente à prevenção e ao combate aos incêndios em cada um dos seus territórios e aquelas que são as propostas que cada um tinha para apresentar ao secretário-geral”, disse ao Jornal do Centro o presidente da Câmara Municipal de Mangualde, município onde decorreu o encontro.

Marco Almeida sublinhou a importâncias de os partidos políticos ouvirem a opinião dos autarcas para, dessa forma, estarem “mais preparados para poder dar resposta às necessidades das pessoas”.

O presidente da autarquia lembrou ainda que é preciso mudar a legislação, destacando o despovoamento como outro dos problemas.

“Temos problemas no que diz respeito à prevenção, mas também no que diz respeito à legislação. Um dos principais desafios dos nossos territórios, de baixa densidade populacional, passa muito pelo despovoamento. Se tivermos um território povoado, esse território estará menos propício a incêndios”, sustentou.

Marco Almeida frisou ainda que é preciso ter uma floresta ordenada, lembrando que “maior parte dos incêndios vêm da floresta”.

Os autarcas acusam ainda a tutela de abandono sobretudo durante o período em que os incêndios lavraram na região.

“Houve abandono. Tivemos um contacto da Segurança Social Distrital e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional, mais nada. Aliás, tivemos contacto com quem interessava, que era o nosso comandante sub-regional, Miguel Ângelo, que fez um bom trabalho, mediante todo o desastre que aconteceu no nosso distrito”, disse o autarca de Vila Nova de Paiva.

Paulo Marques lamentou ainda a falta de meios e diz que os municípios “conseguiram fazer omeletes sem ovos”.

“Tivemos e temos que contar connosco próprios e com as nossas populações, é para elas que trabalhamos e foi com elas que conseguimos salvar tudo aquilo que pudemos. As autarquias fizeram um grande trabalho com o seu povo, os seus bombeiros que trabalharam intensamente mesmo sem os meios que outros países têm. Conseguimos fazer omeletes sem ovos”, disse.

O autarca deixou ainda uma palavra aos bombeiros, nomeadamente os do seu concelho. “Tínhamos um incêndio onde deveríamos ter 200/300 bombeiros e nós combatemos com os nossos 35/40 bombeiros”, lembrou.

Paulo Marques disse ainda que agora é preciso avaliar os prejuízos, pensar na prevenção e que, para isso, o Governo tem que fazer chegar apoio financeiro à região. “Precisamos de dinheiro para o combate, mas precisamos para fazer a nossa própria prevenção nos terrenos, que são muitos e estão abandonados”, frisou.

“Agora temos que pesar nos prejuízos e, depois, na prevenção, na limpeza. Temos que ser mais apoiados, as câmaras municipais têm que ter mais apoios e mais poder para atuarem no terreno e isso é o mais importante. De Lisboa que mandem o dinheiro para as nossas regiões, para quem trabalha no terreno, porque nós sabemos o que devemos fazer com ele e trabalhamos muito melhor do que se continuar em Lisboa”, finalizou.

Pedro Nuno Santos lamenta ausência do Governo e diz que PS está disponível para ajudar
O secretário-geral do PS lamentou a ausência do primeiro-ministro Luís Montenegro nas regiões afetadas pelos incêndios e disse que ouvir autarcas e populações poderia ajudar na definição do Orçamento de Estado. Pedro Nuno Santos disse ainda que os autarcas se sentiram abandonados.

“Gostava que o primeiro-ministro estivesse no terreno nestes dias a seguir a incêndios duríssimos, que atingiram uma parte importante do território, a fazer aquilo que nós estamos a fazer, a ouvir a população, a ouvir os autarcas e perceber que há um mundo para lá da mera perseguição ou punição dos responsáveis, que devem ser punidos, mas há todo um trabalho muito grande para fazer”, disse Pedro Nuno Santos aos jornalistas.

O líder do PS explicou ainda que estes encontros “foram muito importantes” para perceber “o que vinha de trás e que correu bem, e era preciso continuar, e o que é que não correu bem” e apontou o dedo ao governo que “resumiu o tema dos incêndios a um tema de polícia”.

“Não ouvimos uma única palavra sobre a reforma florestal, sobre a gestão da nossa floresta, sobre o cadastro simplificado que está em curso e sobre a necessidade de o acelerar, sobre o destino que se deve dar às terras, sobre a rentabilização da nossa terra, sobre o povoamento do interior, sobre as alterações climáticas. Não ouvimos uma única palavra do primeiro-ministro sobre estes temas e isso é preocupante”, disse.

O governante questionou ainda a demora no alerta à população para as alterações meteorológicas e para o encerramento tardio de algumas estradas.

“Hoje conseguimos perceber melhor que houve falhas à qual é preciso dar resposta. Por que é que tendo a ministra da Administração Interna, o Governo, recebido informação sobre as alterações climatéricas na quinta-feira, por que é que o alerta só foi dado no domingo? Porque é que algumas estradas foram encerradas após termos uma situação de risco e alguns cidadãos terem colocado a sua vida em risco?”, questionou.

Pedro Nuno Santos frisou que agora é preciso apoiar as vítimas dos incêndios e trabalhar o futuro, recordando algumas medidas que tinham sido iniciadas durante a governação dos socialistas.

“O trabalho que vai ser feito não vai ser feito a partir do zero, como tenho ouvido alguns a dizer e que revela um profundo desrespeito pelo trabalho que se foi fazendo ao longo dos últimos anos.

No passado, antes de 2017, 80 por cento da despesa no que diz respeito aos fogos era para o combate e 20% era para a prevenção. Não se reduziu o investimento no combate, aumentou-se, mas alterou-se esta relação porque aumentou muito o investimento na prevenção. Há ainda programas como “Aldeia Segura”, Unidades Locais de Proteção Civil, os condóminos da aldeia, cadastro simplificado. Foram medidas muito importantes e que foram tomadas ao longo dos últimos anos e que têm que ser acentuadas, intensificadas, aceleradas, para podermos preparar melhor o futuro”, frisou.

O líder dos socialistas terminou a dizer que o PS “está disponível para ser parte dos consensos sobre esta matéria”.

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