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A inscrição da secular Festa das Cruzes do Guardão, no concelho de Tondela, no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial vai estar em consulta pública a partir desta segunda-feira (23 de setembro) e durante um mês.
Hoje, foi publicado em Diário da República o anúncio da consulta pública que permitirá dar seguimento ao processo iniciado pela Câmara de Tondela para valorizar aquela que é uma das maiores e mais antigas manifestações religiosas do concelho, que se realiza há mais de 300 anos no Guardão.
“Esta é uma festa que temos obrigação de cuidar e preservar, queremos que seja uma festa de todos, uma festa nacional”, justificou a presidente da autarquia, Carla Antunes Borges, em maio do ano passado, ao anunciar que tinha sido apresentado o pedido de inscrição no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial.
No entender de Carla Antunes Borges, a tentativa de elevação da Festa das Cruzes a um patamar nacional era “uma obrigação do município de Tondela”.
Segundo a autarquia, anualmente, os habitantes de Castelões, Santiago de Besteiros e Campo de Besteiros sobem à serra e juntam-se aos do Guardão, para cumprir “a promessa antiga” de agradecimento à Nossa Senhora dos Milagres pela sua ajuda na expulsão dos mouros.
Na festa utilizam-se cruzes, engalanadas com grinaldas, motivos vegetais, como flores ou frutos e legumes da época, metais preciosos, como ouro, e pérolas, ladeadas por lanternas.
Os fiéis das três freguesias percorrem o mesmo itinerário ancestral da Capela de São Bartolomeu até ao Guardão, ao som de ladainhas, para o abraço das suas cruzes com as da freguesia anfitriã, sob uma chuva de pétalas de flores. A singularidade desta manifestação reside no momento em que as cruzes se tocam, duas a duas, repetindo o abraço do povo aquando da expulsão dos mouros.
A cerimónia acontece no marco do encontro, um local na calçada já gasta pela repetição desta tradição ao longo dos séculos.
Após o abraço, acontece uma eucaristia, que culmina com uma bênção dos campos e um grande desfile em que participam as cruzes das quatro paróquias e largas centenas de romeiros oriundos das localidades envolvidas no ritual, mas também dos mais recônditos recantos serranos e de outras terras da região.
A Festa das Cruzes realizava-se tradicionalmente na quinta-feira de Ascensão (40 dias depois da Páscoa), tendo passado em 2022 a acontecer no sábado seguinte para que mais pessoas pudessem participar no evento religioso.
Depois dos 30 dias de consulta pública, o Património Cultural, Instituto Público terá 120 dias para decidir sobre o pedido de inventariação da Festa das Cruzes do Guardão.