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Sabia que Viseu também teve o seu “Indiana Jones” e que ficou conhecido como o professor do passado com visão do futuro? José Coelho, o arqueólogo que nasceu em 1887, deixou o seu nome entre os seus pares a nível nacional e internacional. Morreu em 1977, depois de ver o seu país em “liberdade”, ele que se recusou a ser um “membro” do regime ditatorial da altura. Uma ousadia que o obrigou a afastar-se da docência e uma história que recuperaremos mais à frente.
Para já, tudo o que este arqueólogo fez e descobriu pode ser visto no Museu (Casa do Miradouro) que a cidade de Viseu lhe dedicou. Ali, está toda a sua coleção de peças e cadernos de notas arqueológicas. São 158 pequenos livros pretos de apontamentos onde estão desenhadas estações arqueológicas, transcrições da época romana e descritas as reivindicações que este professor do início do século já tinha relativamente à preservação do património.
Através destes cadernos pode-se ficar a conhecer muito de José Coelho. O professor da província bastante reputado entre os seus pares a nível nacional e internacional, o exímio colecionador e o homem que tinha uma obsessão pelo património. Aliás, basta olhar para as folhas dos cadernos. Letra miudinha, desenhos de mamoas ou dólmens acompanhadas pela rosa dos ventos e respetivos pontos cardeais.
É através destes cadernos que, por exemplo, fica-se a saber que o arqueólogo tinha um lado bastante reivindicativo. Defendia a criação de um instituto etnológico da Beira, para o qual publicou o plano, e a realização de um inventário etnológico do concelho. Chegou, inclusive, a publicar em jornais um questionário com esse propósito.
Quando os primeiros números começaram a ser escritos, já José Coelho tinha um vasto trabalho arqueológico feito de “grandes descobertas”. Uma das mais importantes foi o marco miliário encontrado em Moselos, em 1925. Um ano mais tarde encontraria o segundo, também na mesma zona. Estes são os marcos que ainda hoje contam a história da importância de Viseu como “capital de civitas” na época romana.
De acordo com a sua biografia, o percurso dentro da arqueologia começou logo aos 15 anos quando descobriu uma sepulturas da era cristã em Travassós de Cima, terra onde nasceu. Mas a sua grande descoberta aconteceu em 1911 com o dólmen de Malmatar de Vale de Fachas e ainda no mesmo ano das antas da Pedralta, em Côta.
Este último achado esteve, aliás, no cerne de uma das maiores polémicas da arqueologia portuguesa. Tudo porque José Coelho, tendo noção da importância do que tinha achado (as antas eram das primeiras a ter motivos pintados a vermelho) dedicou uma boa parte do seu tempo ao estudo do monumento antes de publicar a sua investigação. Mas, entretanto, confidenciou a outro arqueólogo da época – Mendes Correia – da Universidade do Porto o que tinha encontrado. O professor aproveitou para levar alguns esteios (pedras) para a instituição, deixando no ar a dúvida sobre quem foi o autor dos achados. Só após muita polémica e troca de acusações nos jornais e publicações da época é que a autoria do achado foi reconhecida a José Coelho.
José Coelho nasceu a 5 de maio de 1887. Em 1912 diplomou-se, pela Universidade de Lisboa, em Letras de Ciências Históricas e Geográficas. Aliás, muitas das suas descobertas são ainda hoje objeto de estudo e base de trabalho da arqueologia regional e nacional.
Quando regressou a Viseu, o arqueólogo enveredou pelo ensino com lugar no Liceu de Viseu. Uma das suas características enquanto professor era a de levar para o terreno, para as escavações, os seus alunos. Devido a inimizades políticas, com io pretexto de se ter recusado a assinar um telegrama de felicitação a Salazar pelo corpo docente do Liceu, foi afastado da docência em junho de 1937, ficando a auferir apenas metade do vencimento. Só voltou a ser reintegrado em 1951.