Filipa Jesus

27 de 05 de 2021, 17:06

Diário

Um debate pelas Mulheres Agricultoras de Territórios do Interior

Iniciativa quer promover a participação das mulheres agricultoras na sociedade

MAIS Mulheres agricultores do interior

Fotógrafo: Igor Ferreira

O projeto MAIs - Mulheres Agricultoras de Territórios do Interior, esta quinta-feira (27 de maio), realizou um seminário de apresentação, entre o digital e o presencial, a partir do Balneário Rainha D. Amélia, em São Pedro de Sul. Tudo para empoderar as mulheres que lavram a terra do interior do país e promover a sua participação na sociedade.

“São Pedro do Sul é um território que já conhecemos pelo seu dinamismo nas políticas de igualdade”, começou por dizer Rosa Monteiro, secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade no início da sessão, frisando que "temos muitas expectativas com este projeto”, principalmente por “esta diversidade e esta riqueza das mulheres do nosso país”.

Ainda assim, a crise causada pela pandemia da Covid-19 voltou a aumentar as desigualdades entre homens e mulheres, opinião que é defendida por Rosa Monteiro. “Estamos também num período coletivamente que nos coloca um conjunto de desafios, temos alertado para um conjunto de riscos de retrocesso da condição das mulheres na nossa sociedade e mesmo de retrocesso de alguns avanços que tínhamos conquistado com muita dificuldade”, avançou, salientando que “assistimos a riscos de retradicionalização dos papéis de mulheres e homens.

Os objetivos do projeto MAIs passam por “melhorar as condições de vida de todas as pessoas”, “promover a participação das mulheres”, “diminuir as desigualdades de rendimentos” e, na verdade, “esses são os objetivos das políticas de igualdade de género”.

Mais à frente, Cristina Amaro da Costa falou-nos em números. Em termos simples, “as mulheres representam cerca de metade da força agrícola do trabalho e 34 por cento das explorações agrícolas são detidas por mulheres. Mas, há todo um outro número de mulheres dedicadas à agricultura que não aparecem nas estatísticas dos recenseamentos agrícolas, desde logo, porque não se revêem como agricultoras e se revêem sim no seu cuidado da família dos idosos, no seu trabalho doméstico”, explicou.

O problema da “invisibilidade” das mulheres agricultoras é ainda uma questão a resolver até porque “são também estas mulheres que cultivam, que observam o que acontece no campo. São elas que sabem o que foi feito na exploração. São elas que guardam a informação do que é feito, do preciso e do valor daquilo que se fez. Mas, não são elas tomar as decisões, nem são elas que vão ao mercado”, lamentou.

Na sessão também estiveram presentes a Teresa Sobrinho, vereadora da Câmara Municipal de São Pedro do Sul, Sandra Ribeiro, presidente da CIG, João Luís Paiva, presidente do Instituto Politécnico de Viseu, Madeleine Gustavsson e Maja Farstad, Rurais - Institute for Rural and Regional Research - Norway, Luís Costa da Binaural Nodar e, por último, um vídeo da ministra da Agricultura, Maria do Céu da Agricultura.

O projeto está no terreno desde 2020 e conta com dois grupos focais com mulheres agricultoras de São Pedro de Sul, no distrito de Viseu, e do Sabugal (Guarda), com financiamento do Programa Conciliação e Igualdade de Género do EEA Grants.