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26 de 08 de 2022, 16:00

Diário

Voluntários ajudam a dar “casas novas” a três famílias de Tondela

Obras de requalificação de habitações degradadas estão na reta final. Trabalhos estão a ser executados por mais de três dezenas de jovens

Voluntários da Just a Change reabilitam uma casa em Caparosa Tondela

Fotógrafo: Igor Ferreira

Estão a chegar ao fim as obras de recuperação das casas de três famílias do concelho de Tondela, que viviam em fracas condições de habitabilidade, e que estão a ser efetuadas há cerca de duas semanas por voluntários da Associação Just a Change.

Os trabalhos de reabilitação das moradias visam oferecer condições dignas de habitabilidade a três agregados familiares, de três freguesias do concelho, Caparrosa, Santiago de Besteiros e Campo de Besteiros. No terreno desde o dia 15 de agosto estão 35 jovens voluntários, divididos pelas três localidades.

Em Caparrosa o projeto social está a ajudar a construir um novo lar para uma família constituída por três pessoas, um casal de 49 e 50 anos e o filho, de 22 anos. Em Santiago de Besteiros está a ser ajudada uma mulher de 50 anos e em Campo de Besteiros uma idosa, de 82 anos, com um filho de 50.

O Jornal do Centro acompanhou esta manhã as obras em curso na habitação de Caparrosa. Os voluntários compuseram tudo na habitação e até um telhado novo colocaram. Ao final da manhã, uns acartavam massa, outros faziam já as pinturas das paredes exteriores da habitação.

Miriam Sousa, 22 anos, é uma das voluntárias. Esta foi a primeira ação de campo em que a estudante finalista do curso de Ciências Farmacêuticas participa.

“Era para vir o ano passado, mas por causa da Covid-19 não consegui. Para mim não é abdicar de duas semanas de férias, é mais do que isso, é muito gratificante estar aqui e fazer parte da vida dos beneficiários e contribuir para o conforto e para melhorar toda a sua vida”, afirma.

Na reta final dos trabalhos de intervenção, a jovem fala num momento “desafiante” e “um bocadinho cansativo”, mas que “compensa”. “Começamos esta casa do zero e vê-la assim (com telhado e pintada) está a ser muito bom”, refere.

Quem também vai “de coração cheio” para Lisboa é o voluntário João Alves, de 23 anos. O jovem finalista do ensino superior fala numa “experiência incrível” e ao mesmo tempo um desafio muito grande” porque o grupo tem “a responsabilidade de dar uma nova casa a uma família”.

“Mas também é muito recompensante porque conseguimos ver dia após dia o sorriso na cara das pessoas, elas valorizam este projeto e sentem que isto tem impacto a sua vida. Nós vemos o nosso esforço recompensado e isso acaba por ser tão bom para eles como para nós”, defende, salientando que vai continuar a colaborar na reconstrução de casas nos próximos anos.

As intervenções em curso vão custar 50 mil euros. A Just a Change dá a mão de obra e alguns materiais, os restantes são cedidos pela Câmara de Tondela e Juntas de Freguesia envolvidas. O município colabora ainda na realização do projeto e na avaliação da capacidade de recuperação da habitação.

“O programa consiste em duas semanas, começámos no dia 15 de agosto. O objetivo é a grande maioria do trabalho ficar resolvida nestes 12 dias de trabalho”, explica Tiago Franco, diretor do projeto de obras nas três habitações.

Duas das casas têm agora telhado novo. Os voluntários ajudam nos trabalhos de limpeza e reconstrução das moradias. “Contamos também com a ajuda dos beneficiários para começarem e acabarem as casas”, acrescenta.

A Associação Just a Change chegou a Tondela a primeira vez em 2018, um ano depois dos trágicos incêndios de 2017. Desde essa altura tem regressado todos os anos para mudar a vida dos mais carenciados. Em 2022, a organização está a intervir em 15 concelhos do país, prometendo requalificar 65 casas.

“Queremos acabar e combater a pobreza habitacional, acreditamos que reabilitamos casas, mas também reconstruímos vidas. Estamos a falar de pessoas socialmente muito vulneráveis”, salienta Simão Oom, presidente da Justa a change.

A presidente da Câmara de Tondela, Carla Antunes Borges, agradece o empenho e esforço dos voluntários que são oriundos de vários pontos do país e que ajudam a mudar as vidas das pessoas do concelho.

“Isto começou em 2018, depois dos incêndios de 2017. A nossa união criou-se com o lamentável e famigerado incêndio e que trouxe frutos, felizmente das cinzas nasceu alguma coisa”, sustenta a autarca.

“São ações como esta que permitem a mudança significativa daquilo que é a vivência social e económica de um determinado agregado familiar”, conclui.