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A Câmara Municipal de Viseu garante que as empresas municipais não foram alvo de buscas por parte da Polícia Judiciária (PJ) no âmbito da operação Gota d’Água, que está a investigar a falsificação de análises de água destinada ao consumo humano.
A PJ de Vila Real anunciou esta quarta-feira (22 de novembro) que deteve 20 pessoas e realizou 60 buscas domiciliárias e não domiciliárias, que visaram diversos particulares, empresas e entidades públicas localizadas em diferentes concelhos do país. Além de Viseu, os inspetores passaram por Aveiro, Braga, Bragança, Coimbra, Guarda, Lisboa, Porto e Vila Real.
As câmaras de Miranda do Douro, Mogadouro, Alfândega da Fé, Macedo de Cavaleiros, Vila Flor e Mirandela, no distrito de Bragança, assim como a de Vila Pouca de Aguiar, no distrito de Vila Real, já confirmaram ter sido alvo de buscas no âmbito desta operação.
O laboratório envolvido na investigação por falsificação de análises de água destinada ao consumo humano é do distrito de Bragança e pretendia, com aquela alegada prática, ganhos económicos e corresponder aos pedidos dos clientes, adiantou hoje a PJ/Vila Real.
Também o concelho de Resende está a ser visado, mas apenas porque integra um grupo de municípios que usufruem de um sub-sistema de abastecimento de água que era controlado pelo laboratório que está agora a ser investigado. O Jornal do Centro tentou contactar o presidente da Câmara de Resende, Garcez Trindade, mas sem sucesso.
Laboratório queria “obter ganhos económicos”
Em conferência de imprensa, o coordenador do departamento de investigação criminal da PJ/Vila Real, António Trogano, explicou que o laboratório, que se escusou a identificar referindo apenas pertencer à região de Trás-os-Montes, designadamente ao distrito de Bragança, ao não efetuar a recolha de amostras de água, ao adulterar a recolha ou a fazer a recolha e falsificar os resultados tinha com objetivo obter ganhos económicos, por receber por um serviço que não realizava, e corresponder aos “desejos” de clientes de entidades públicas ou privadas.
A título de exemplo, o inspetor explicou que uma piscina tem de funcionar com água de qualidade, mas se essa estiver contaminada vai ter de encerrar e, quem é responsável pela mesma, se não tiver interesse em que feche, vai solicitar que as amostras estejam conforme o exigido.
“A investigação permitiu perceber que uma prática deste género [de crime] impunha uma divisão de tarefas, um acordo prévio e um objetivo inicialmente decidido, nomeadamente que o laboratório beneficiava no sentido em que não fazia [o serviço] e recebia por fazer, ou adulterava em beneficio de um cliente, que também beneficiava, dado que não tinha de tomar medidas de fechar ou interromper o fornecimento de água”, esclareceu.
Questionado pelos jornalistas se tal prática representava perigo para as populações, o inspetor da PJ referiu que esse “havia, na medida em que o `modus operandi´ [modo de atuação] verificado consistia na recolha e adulteração da recolha ou então mesmo na falsificação dos próprios resultados obtidos”.
A água não tinha “cabal monitorização e acompanhamento da qualidade que devia ter”, acrescentou.
Já sobre se há relatos de pessoas que sofreram de algum tipo de doença pelo consumo de água, o diretor da PJ/Vila Real disse que, até agora, não têm qualquer tipo de relato nesse sentido.
António Trogano adiantou ainda que os 20 detidos no âmbito desta investigação, que dura há alguns meses, são dirigentes e funcionários do laboratório, assim como funcionários e alguns eleitos locais nas entidades gestoras das águas, designadamente câmaras ou empresas municipais criadas para o efeito.
Os suspeitos, entre os 25 e 61 anos, vão ser presentes a primeiro interrogatório judicial na quinta-feira no Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Porto, revelou.
A PJ iniciou a investigação com base em denúncias relacionadas com a má qualidade da água fornecida por algumas autarquias, revelou ainda.