040521155005aebdb949fb46d26473a5f634e2c7c4492a06f7ac
GNR Guarda Nacional Republicana - Jornal do Centro
GNR Viseu - Apreensão 27
WhatsApp Image 2025-05-28 at 115107
aluguer aluga-se casas
aluga-se

À procura de vistas de cortar a respiração? Situado na EM326, em…

30.05.25

Quer fazer parte de uma equipa com mais de 20 anos de…

29.05.25

No quarto episódio do Entre Portas, um podcast da Remax Dinâmica em…

28.05.25
vitor figeuiredo
josé antonio santos lamego ps
manuel-marques
rustica padaria viseu
arca
vinho_queijo_pao
Home » Notícias » Desporto » Patinagem Artística no Gelo em Viseu é um sonho congelado à espera de espaço para crescer

Patinagem Artística no Gelo em Viseu é um sonho congelado à espera de espaço para crescer

O único local onde as atletas podem treinar é na pista recreativa do Palácio do Gelo, em Viseu. É ali, onde o espaço é apertado e o tempo escasso, que resistem sonhos olímpicos congelados à espera de condições para deslizar com a liberdade que merecem

Maria Tavares *
 Patinagem Artística no Gelo em Viseu é um sonho congelado à espera de espaço para crescer - Jornal do Centro
31.05.25
fotografia: Jornal do Centro
partilhar
 Patinagem Artística no Gelo em Viseu é um sonho congelado à espera de espaço para crescer - Jornal do Centro
31.05.25
Fotografia: Jornal do Centro
pub
 Patinagem Artística no Gelo em Viseu é um sonho congelado à espera de espaço para crescer - Jornal do Centro

No interior de um centro comercial em Viseu, entre o burburinho das compras e o frio artificial, um grupo de jovens desafia o improvável: manter viva a patinagem artística no gelo numa região sem uma pista oficial, sem apoios e com apenas um treino por semana. O único local onde as atletas podem treinar é na pista recreativa do Palácio do Gelo, em Viseu. É ali, onde o espaço é apertado e o tempo escasso, que resistem sonhos olímpicos congelados à espera de condições para deslizar com a liberdade que merecem.

Sexta-feira para muitos significa o alívio de descansar de uma semana atarefada. Mas para as atletas de patinagem artística a sexta-feira é sinónimo de treino. E não lhes passa pela cabeça faltar, até porque só têm um treino por semana. “Não é nada fácil, conjugar os horários da escola e depois só ter um treino por semana, é para aproveitar ao máximo”, afirma Carolina, atleta de 15 anos.

No meio de um centro comercial ouve-se o burburinho das pessoas que por ali passam. É nessa pista de gelo que vive a patinagem artística de Viseu, um desporto que, mesmo sem o reconhecimento que para muitos merece, continua a brilhar discretamente nas margens da atenção pública. Ali, um grupo determinado de jovens atletas desafia as limitações do espaço, do tempo e do reconhecimento. Continua a lutar para manter vivo um sonho que, em Portugal, ainda parece demasiado gelado para ganhar forma.

No coração da Beira Alta, longe dos grandes centros urbanos e ainda mais afastada dos focos mediáticos, a patinagem artística de Viseu é um exemplo de como a paixão pode vencer o esquecimento. As jovens atletas têm mantido viva a prática da patinagem artística graças ao seu esforço e dedicação e à rede de apoio que as tem permitido manter-se em cima dos patins. “Há muita gente que nos vem ver a patinar e, felizmente, temos uma rede de apoio muito grande”, afirma Ana Madalena, uma das 40 atletas que praticam esta modalidade em Viseu.

Um desporto sem palco: a inexistência de pistas oficiais em Portugal

A patinagem artística é uma modalidade que combina a arte da patinagem com a expressividade do corpo e o ritmo da música, uma união que alcança uma harmonia total. É uma modalidade muito meticulosa no panorama desportivo, que exige, não só precisão técnica e rigor físico, mas também expressão artística, criatividade e coragem. 

Em Portugal, no entanto, esta arte continua a ser praticada em condições que muitos considerariam improvisadas. “As pistas temporárias que existem, ao longo do país, são só no natal e são minúsculas, é só mesmo para os turistas. Não há qualquer tipo de preocupação por parte do país com este desporto”, lamenta Ana Madalena, de 22 anos, que, apesar da vida atarefada de estágio e mestrado no Porto continua a deslocar-se a Viseu para treinar uma vez por semana.

Esta limitação não é apenas uma questão de conforto. Influencia diretamente a preparação das atletas. Nas provas nacionais, as patinadoras viseenses confrontam-se com um espaço que nunca tiveram para praticar corretamente. A velocidade, os ângulos dos saltos, os tempos musicais… tudo é afetado. “Numa pista pequena, temos de dar muitas voltas para conseguir executar a coreografia. Quando passamos para uma pista grande, as atletas acabam por se cansar mais, porque precisam de fazer mais impulso e esforço físico”, declara a treinadora de patinagem artística. 

Carla de Almeida começou a carreira na patinagem artística de gelo em África do Sul, onde foi campeã em 1996. Já representou Portugal em diversas competições internacionais, onde se consagrou campeã três vezes, nos anos 2021, 2022 e 2024. A treinadora de patinagem artística foi a impulsionadora da criação da modalidade em Viseu. “Sempre existiu patinagem aqui no Palácio do Gelo, mas durante muitos anos só era recreativo. E, quando eu comecei o projeto com a Federação do Desporto Inverno, há quase quatro anos, é que se começou a fazer a patinagem como desporto”, conta.

A rotina de quem escolhe esta modalidade é um equilíbrio constante entre a paixão e o sacrifício. Carolina divide-se entre a natação — com treinos diários —, os estudos e a patinagem e admite que, por vezes, tem de “abdicar de um para poder ir ao outro”. Leonor, de 16 anos, treina três vezes por semana, combinando o gelo com a patinagem artística em rodas (ringue em madeira). “Há semanas em que estou tão cansada que chego aos treinos e não consigo fazer nada”, admite.

Entre viagens longas e pistas inadequadas: a realidade das atletas de gelo

Há também quem percorra longas distâncias para treinar. Inês, de apenas 9 anos, viaja da Covilhã para fazer um treino com as restantes colegas. Já Ana Madalena chega do Porto. “Muitas vezes não consigo vir e tenho de compensar com treino autónomo”, explica a atleta .

A treinadora, cujo trabalho se estende também à patinagem artística de rodas em Viseu, conhece bem a dureza da realidade. “A pista de Viseu é ligeiramente maior do que a da Covilhã, mas uma pista olímpica é quatro vezes maior. As atletas têm de dar voltas e voltas para conseguir treinar certos elementos”, descreve. Além da dimensão da pista não ser ideal, as jovens atletas enfrentam outro problema: “a pista na Covilhã tem que fechar nos meses de verão, porque não aguenta o calor, e até aqui em Viseu, muitas vezes, o gelo derrete, porque fica muito calor”, lamenta Carla de Almeida.

A treinadora destaca o papel central da Federação de Desportos de Inverno de Portugal, com sede na Covilhã, que permite às atletas participarem em competições oficiais através do Ice Club da Covilhã e do Revolution Ice Skating Club, os clubes nos quais as atletas são federadas. 

 Patinagem Artística no Gelo em Viseu é um sonho congelado à espera de espaço para crescer - Jornal do Centro

A inexistência de um clube federado em Viseu limita o acesso a apoios locais. “A câmara municipal pode dar-nos apoio, mas precisávamos ter um clube aqui”, afirma Carla de Almeida. 

Segundo a treinadora, um dos objetivos é criar um Clube em Viseu nos próximos tempos e, assim, também conseguir mais apoios, nomeadamente da Câmara de Viseu.

Carla de Almeida destraca, no entanto, alguns apoios que já existem como o do For Life, que permite o uso da pista do Palácio do Gelopara os treinos. “Mas, além deste e do apoios que a Federação dá, não há muitos mais”, reforça.

Apesar das dificuldades, há paixão e esperança por um dia levar atletas de Viseu às olimpíadas. “Para nós ter uma atleta, que vai para os Olímpicos, que é de Portugal, é um dos maiores objetivos, e é isso que nós esperamos um dia”, diz Carla de Almeida, que irá representar Portugal numa competição internacional na Alemanha, no final de junho.

Mais que um desporto, uma resistência

A falta de condições materiais e apoio institucional reflete-se na dificuldade em manter uma rotina de treinos consistente. “Temos atletas que chegam do Algarve, do Porto, de Lisboa, e algumas só conseguem patinar duas vezes por mês”, sublinha a treinadora.

Ainda assim, há sinais de que o esforço vale a pena. “Desde que começámos a competir, já temos mais meninas interessadas em começar. Ter um objetivo, como uma competição, faz toda a diferença”, reconhece a treinadora.

A patinagem artística no gelo em Viseu é, mais do que uma modalidade desportiva, um ato de resistência. As atletas treinam com o que têm, fazem sacrifícios pessoais, conciliam estudos e outras atividades e continuam a patinar. Tudo pelo amor ao gelo. O que falta? Uma pista de dimensões adequadas, um clube local federado, mais apoio e maior visibilidade. Como diz Carolina, “gostava muito que houvesse uma pista maior em Viseu”. 

As suas palavras ecoam o sentimento de todas as atletas: que se fale mais sobre esta paixão que desliza silenciosa, mas determinada sobre o gelo da cidade.

* em estágio

pub
 Patinagem Artística no Gelo em Viseu é um sonho congelado à espera de espaço para crescer - Jornal do Centro

Outras notícias

pub
 Patinagem Artística no Gelo em Viseu é um sonho congelado à espera de espaço para crescer - Jornal do Centro

Notícias relacionadas

Procurar