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Trinta pessoas protestaram esta quarta-feira (23 de março) contra a saída de quatro teares da empresa Brintons. Os funcionários e sindicalistas manifestaram-se em frente às portas da fábrica têxtil localizada em Campia, no concelho de Vouzela.
Nos últimos tempos, a empresa tem dispensado mais de uma centena de trabalhadores devido à crise provocada pela Covid-19. Neste momento, continuam a trabalhar apenas 45 funcionários e há outros tantos colaboradores que permanecem em situação de lay-off.
Ouvimos Maria Isabel Almeida, trabalhadora da companhia há 25 anos, que fez questão de marcar presença na ação de protesto. Ao Jornal do Centro, a operária diz que os teares são “um alicerce da empresa porque são os mais eficientes, os mais polivalentes e o coração da empresa”.
“Se os teares forem embora, a empresa não tem pernas para andar e estamos aqui porque estamos muito preocupados. Se eles venderem os teares, como ficará o nosso futuro? Se a empresa não tiver pernas para andar, o que restará para pagar as nossas indemnizações porque nós não trabalhamos aqui um dia nem dois, é um quarto de século”, lamenta.
Também André Monteiro se mostrou preocupado com o futuro da fábrica onde trabalha há dez anos. Este trabalhador diz que faltam respostas perante a incerteza que se vive na empresa.
“Nós queremos respostas para saber se isto tem pernas para andar, se não tem e se realmente temos dinheiro para as nossas indemnizações, caso a empresa entrar em insolvência ou houver outra questão qualquer”, diz.
Segundo o trabalhador, os teares poderão ser deslocados “para outra empresa do grupo”. Não esconde que, com a venda dos equipamentos, poderá ser “o princípio do fim” para a Brintons.
André Monteiro e Maria Isabel Almeida estão em casa, em lay-off, desde abril de 2020. A Brintons colocou os trabalhadores nesta situação devido à pandemia, tendo dispensado 140 pessoas.
Ao lado dos trabalhadores, esteve Isabel Tavares, coordenadora da Federação dos Sindicatos Têxtil e Calçado de Portugal, que já reuniu com a administração da Brintons. A sindicalista diz que a reunião não trouxe muitas novidades quanto ao futuro da fábrica.
“Trouxemos uma mão cheia de nada no que diz respeito às perspetivas para o futuro porque a empresa diz que não tem nada para dizer de concreto e objetivo quanto ao futuro dos 45 trabalhadores que estão a produzir e dos 45 que estão em lay-off neste momento. As preocupações ainda se acresceram mais porque não há nenhuma perspetiva concreta quanto a medidas que a empresa possa tomar para garantir os 90 postos de trabalho”, diz.
Para a sindicalista, a pandemia não pode ser desculpa, lembrando que há outras empresas do mesmo setor que estão a evoluir no mercado depois da Covid.
“A nível do setor, esta situação não se verifica noutras empresas porque há um acréscimo das encomendas, a retoma da atividade na plenitude, o recurso ao trabalho extraordinário e a procura de trabalhadores que, dizem as empresas, está a ser difícil conseguir concretizar. Aqui, o cenário é completamente diferente, talvez por opção da empresa, porque não toma medidas de recurso em mercados diferentes daqueles onde estava a trabalhar e com um produto diferente daquele que estava a produzir”, acrescenta Isabel Tavares.
Já a União dos Sindicatos de Viseu vai pedir uma reunião à Câmara de Vouzela e à Segurança Social, anunciou o coordenador da organização, Francisco Almeida. O sindicalista critica o facto de a Segurança Social ter apoiado a Brintons “durante dois anos, em forma de lay-off simplificado e lay-off normal”.
“Pergunto porque é que a Segurança Social tem aqui dois anos de salários para, depois, a empresa fechar. O lay-off é suposto ser um apoio às empresas para que mantenham os postos de trabalho. Ora, depois de dois anos de dinheiro colocado na empresa, agora aparece o diretor-geral a dizer que, para agora, estão para fechar, mas o futuro a Deus pertence”, afirma.
A administração da Brintons recusou prestar esclarecimentos aos jornalistas. Já o presidente da Câmara de Vouzela assegura estar a acompanhar de perto a situação. Em declarações ao Jornal do Centro, Rui Ladeira diz ter recebido garantias da continuidade da fábrica no concelho.
“A expetativa da administração local é que a fábrica abra e, segundo as orientações do grupo, o projeto em Portugal é para manter para criar e voltar a desenvolver as carpetes que são produzidas em Campia e poder até voltar a integrar mais pessoas”, diz o autarca.