O atual deputado do PS eleito por Viseu, José Rui da Cruz, é, ao que tudo indica, o candidato à Câmara de Santa Comba Dão, de onde é natural. O parlamentar quer tentar manter, assim, nas mãos do PS a autarquia que tem sido liderada por Leonel Gouveia. Sem ainda assumir publicamente a intenção, o socialista anunciou a sua retirada da corrida à Federação Distrital do PS (eleições marcadas para 28 de setembro) para se dedicar a um “novo desafio com total disponibilidade”. Santa Comba Dão é uma das autarquias que vai mudar de rosto, mas dentro do PS há quem preferisse ver uma mulher na liderança em vez do deputado. Leonel Gouveia foi eleito em 2013, conquistando a câmara que estava nas mãos do PSD em coligação com o CDS e com João Lourenço como líder.
Em 2021, os resultados eleitorais ditaram 52,76 por cento dos votos para o PS e 39,50 para a coligação PSD/CDS que elegeu três vereadores.
Outra das autarquias que também terá nova liderança é a de Cinfães. Armando Mourisco está “em fim de linha autárquica” e deverá ser o próximo presidente da Federação Distrital de Viseu, até porque ficou o candidato único depois da retirada de José Rui da Cruz.
Para o lugar do autarca, que fica associado às maiores votações do PS no distrito de Viseu, os socialistas apresentaram já Carlos Cardoso, recentemente eleito presidente da Comissão Política do Partido Socialista de Cinfães. O candidato do PS a presidente da Câmara mostrou-se “confiante e motivado” e assinalou que “a coesão e união” serão “essenciais” para que o partido socialista continue a liderar em Cinfães. Carlos Cardoso, 46 anos, foi chefe de gabinete do presidente da Câmara Municipal de Cinfães, Armando Mourisco, desempenhando agora funções de vereador, sendo o responsável pelos pelouros das finanças; modernização administrativa; fundos comunitários, entre outros.
Nas últimas autárquicas, o PS teve 61,87 por cento dos votos e a coligação PSD/CDS/PPM ficou com 32,77 por cento.
Em Penalva do Castelo, Francisco Lopes está também de saída. Dentro do PS, o nome do vice-presidente, José Laires, é o mais falado para ser o candidato, mas há a pretensão da atual presidente da Junta de Freguesia de Germil, Marlene Lopes, também ter uma palavra a dizer. Certo é o nome do antigo provedor da Santa Casa da Misericórdia Michael Baptista pelo PSD.
S. Pedro do Sul deu o pontapé de saída
Ainda dentro das autarquias socialistas, em S. Pedro do Sul está decidido que o atual vice-presidente Pedro Mouro é o “sucessor” de Vitor Figueiredo.
Já António Martins é a escolha dos sociais-democratas que querem “reconquistar” uma autarquia que lideraram entre 2001 e 2013. S. Pedro do Sul deu, aliás, o pontapé de saída para as autárquicas com os dois candidatos principais a apresentarem cedo a sua candidatura. O único que o tinha feito foi João Azevedo que desde cedo assumiu a candidatura à Câmara de Viseu.
De acordo com os resultados eleitorais em 2021, em S. Pedro do Sul, os socialistas venceram com 56,68 por cento da votação, enquanto que a coligação PSD/CDS obteve 37,11 por cento.
Pedro Mouro, que é vice-presidente da Federação Distrital do PS/Viseu, era já tido como o candidato natural na sucessão de Vítor Figueiredo. O autarca assume agora a tarefa com o desafio de “acrescentar mais ambição ao concelho”. Para o vice-presidente, uma vez que as infraestruturas básicas estão consolidadas, é hora de abraçar outros projetos, nomeadamente na área da mobilidade.
O candidato é vice-presidente desde 2013, tendo sido vereador da oposição entre 2009 e 2013. Antes, tinha sido membro da Assembleia Municipal.
Do lado do PSD, António Luís Silva Martins é o atual director do Agrupamento de Escolas de Santa Cruz da Trapa. A escolha foi anunciada pela Comissão Política da Concelhia do PSD.
Há 20 anos à frente do Agrupamento de Escolas de Santa Cruz da Trapa, António Martins disse que aceitou o convite porque sentiu que “o trabalho desenvolvido ao longo destes anos e os resultados alcançados” podem ser continuados e alargados por todo o concelho de S. Pedro do Sul, como referiu nas redes sociais.
O PSD quer, então, inverter o que foi a tendência nas últimas autárquicas em que o PS conseguiu 59,61 por cento dos votos, contra apenas 32,36 por cento do candidato social-democrata.
Em Resende, autarquia onde Garcez Trindade termina os três mandatos, a escolha dos socialistas deverá recair em Jorge Caetano, agora sem polémica. Em 2021, Jorge Caetano, presidente da concelhia do PS de Resende e que tinha exercido o cargo de chefe de gabinete do executivo liderado por Garcez Trindade, foi afastado da corrida numa luta interna com o atual presidente e que levou à intervenção dos órgãos nacionais. Pelo PSD, Fernando Silvério deverá ser de novo o candidato, ele que já foi vereador da oposição na Câmara Municipal de Lamego, município vizinho, depois de ter sido presidente da Assembleia de Freguesia de Lamego, Almacave e Sé.
Há três anos, as votações entre os dois partidos não ficaram muito distantes. O S ganhou com 49,01 por cento e o PSD com 47,09 por cento, uma diferença de 143 votos.
E no PSD há três autarcas que também vão ter de sair. Em Armamar João Paulo Fonseca vai querer deixar a pasta ao seu atual vice-presidente António Manuel da Silva. O mesmo poderá acontecer em Tarouca, município onde Valdemar Pereira espera ser substituído por José Damião. Já em Tabuaço, o PSD avança com o atual presidente da Assembleia Municipal, Leandro Macedo, para substituir Carlos Carvalho.
Os resultados eleitorais de 2021 deram a vitória à coligação PSD/CDS em Armamar com 56,93 por cento contra os 29,70% do PS. Em Tarouca, os sociais-democratas obtiveram 59,68 por cento dos votos, enquanto que o PS ficou pelos 33,79 por cento. Já em Tabuaço, a coligação PSD/CDS ganhou com 69,86 por cento. O PS obteve 18,60 por cento e elegeu apenas um vereador.
Antes das eleições legislativas de março, havia mais dois autarcas que também estavam em final de mandato no distrito de Viseu. Eram eles Carlos Santiago – eleito deputado na Assembleia da República – que deixou na sua cadeira o vice-presidente Carlos Santos que será o próximo candidato; e Rui Ladeira que ao ser nomeado secretário de Estado das Florestas foi substituído por Carlos Oliveira que vai querer manter a autarquia no reduto social-democrata.
Em 2021, o PS elegeu 10 presidentes de câmara. Já o PSD consegui sete autarquias enquanto partido a concorrer sozinho e mais seis em, coligação com o CDS, ou seja 13 no total. A abstenção foi de 37,57 por cento. Estavam inscritos 341.278 eleitores, cotaram 213.070 cidadãos.
