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Carolina Monteiro, a atleta que foge das superstições, é hoje um dos amuletos da Academia

São Pedro do Sul estará representado no Europeu de andebol feminino. A jogadora da Academia, Carolina Monteiro foi uma das eleitas para representar Portugal. Treinador das sampedrenses reconhece-lhe o esforço, presidente do clube enaltece exemplo para a formação do clube. Na viagem de comboio até ao estágio, confessou-nos os valores que norteiam a carreira desportiva, como tudo começou e do que teve de abdicar para chegar aqui

Carlos Eduardo Esteves
 Carolina Monteiro, a atleta que foge das superstições, é hoje um dos amuletos da Academia
24.11.24
fotografia: Federação de Andebol de Portugal
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 Carolina Monteiro, a atleta que foge das superstições, é hoje um dos amuletos da Academia
14.12.24
Fotografia: Federação de Andebol de Portugal
 Carolina Monteiro, a atleta que foge das superstições, é hoje um dos amuletos da Academia

Em São Pedro do Sul, Carolina Monteiro veste a camisola número 23 da Academia de Andebol de São Pedro do Sul. Na seleção nacional de andebol feminino, Carol, como é conhecida no clube sampedrense, veste o seis. Enverga camisolas com números diferentes, mas Carolina não pensa muito nisso. Confessa, aliás, que não tem ligação alguma a superstições. “Talvez só possa considerar superstição o facto de jogar sempre com o mesmo top de desporto. Não sou muito supersticiosa. Sempre acreditei que só dependemos de nós e que não são as superstições que definem se as coisas correm bem ou não”, assinala. Resume, portanto, a carreira ao trabalho e ao acreditar que se pode chegar longe.

A viagem desportiva já atravessou “boas paragens”. Uma delas, a mais recente, foi a chamada feita pelo selecionador nacional para o europeu de andebol feminino. E foi precisamente enquanto viajava para o estágio, de comboio, que conversou com o Jornal do Centro. Carolina tem 26 anos, joga andebol na Academia, é formada em Gestão e trabalha em Aveiro na área de recursos humanos. Tem de haver tempo para tudo.

Aos 11 anos, Carolina Monteiro estava longe de imaginar que, 15 anos mais tarde, representaria Portugal num dos maiores palcos internacionais de andebol. Na altura, a vida da jovem estudante dividia-se entre aulas, futebol e andebol. “Eu jogava futebol com rapazes num clube de Aveiro e participava no desporto escolar em andebol. No Alavarium costumava haver captações nas escolas da zona de Aveiro para fazerem parte das equipas de andebol. E o convite surgiu aí. Fui um dia ao clube, ainda conciliei andebol e futebol durante o resto da época, mas depois acabei por ficar no andebol”, conta.

Ir a São Pedro do Sul para treinar e voltar a Aveiro “mostra muito da vontade dela”, enaltece treinador

Carolina confessa que o andebol lhe trouxe outro mundo desportivo. “No futebol era a única rapariga no meio de todos os rapazes. Quando entrei no andebol competi com raparigas, participei em torneios. Sentia-me incluída no futebol, sempre, mas acaba por ser diferente a ligação que se cria entre atletas. Com o tempo, comecei a ganhar o gosto e a perceber que tinha algum talento e dediquei-me ao andebol”, sublinha.

A partir daí não mais largou o andebol. E há poucos dias recebeu a notícia que lhe encheu a alma: faz parte da lista de 17 jogadoras que vão representar a equipa principal de Portugal no Europeu de andebol feminino, que se joga entre 28 de novembro e 15 de dezembro, na Áustria, Hungria e Suíça.  Carolina Monteiro, que alinha na posição de ponta esquerda, é a primeira jogadora portuguesa a alinhar na Academia chamada à seleção.

O treinador da Academia de Andebol de São Pedro do Sul, Leandro Araújo reconhece-lhe o esforço de quatro vezes por semana deixar Aveiro e rumar a São Pedro do Sul para treinar. “Isso mostra muito da vontade dela”, elogia o técnico. No início de cada época desportiva, Leandro diz que tem por hábito conversar com cada atleta individualmente para perceber os objetivos desportivos de cada um ou de cada uma. “A Carolina disse-me que queria estar muito no Europeu. E eu desejava muito que isso se concretizasse. É mérito dela a convocatória e a ida ao Europeu”, vinca. O treinador garante não ter dúvidas de que a andebolista de 26 anos tem “condições e capacidades para ajudar Portugal nesta prova”.

Chamada de Carolina dá esperanças às atletas da formação, frisa presidente

Por estes dias Adelino Amorim é também um homem feliz. Afinal lidera um clube que coloca pela primeira vez uma atleta na seleção sénior de andebol portuguesa. “A chamada da Carolina à seleção dá esperanças às atletas da formação de que também podem chegar lá”, começa por dizer o presidente da Academia. “Temos feito um trabalho sério na formação com esse mesmo intuito: para que as atletas cheguem à seleção sénior”, resume.

O líder da Academia de Andebol de São Pedro do Sul defende que está a ser feito um “excelente trabalho” e que tirando Benfica e Madeira SAD, clubes profissionais, “atletas como a Carolina Monteiro reveem-se já em clubes com a nossa dimensão”. “Já lhes proporcionamos coisas que outros não conseguem. Lutamos em campo com os maiores clubes, vamos às competições europeias”, destaca. Adelino Amorim lembra que há uns anos a Academia lutava para não descer de divisão e que, agora, “andamos no playoff de campeão”.

Para isso houve que tomar a decisão de terminar com a equipa masculina. Decisão difícil, palavra de presidente. No entanto, garante Adelino Amorim, só assim foi possível garantir poderio financeiro para investir em atletas como Carolina Monteiro. O presidente acrescenta que na equipa sénior feminina estão ainda Sabryne Santos, pré-selecionada para os Jogos Olímpicos e Elisandra Pedro, chamada por Angola para os mundiais de andebol.

Carreira desportiva obrigou a abdicar de “muita coisa”. “Não me arrependo”, garante

Voltemos a Carolina. A atleta, hoje com 26 anos, formada em Gestão e a exercer profissão na área de Recursos Humanos, continua a viver em Aveiro, cidade onde nasceu e trabalha. Os treinos ainda ficam a mais de meia hora, mas o andebol não profissional a isso obriga. “Costumo chegar a Aveiro já pelas onze da noite. E depois no dia seguinte trabalho. Há que conciliar tudo. Há clubes em que é possível ser profissional e viver só do andebol, mas, na maioria dos casos as atletas são semiprofissionais ou amadoras”, descreve.

Durante o percurso no desporto, Carolina confessa ter abdicado de agendas ‘extra-andebol’. Mas aqui não há espaço para arrependimentos. “Tive de me privar de muita coisa no mundo académico. Saídas à noite… Tudo isso acaba por estar condicionado por causa da vertente desportiva, mas não me arrependo de nada, nem fico triste por não o ter feito. Foi sempre uma escolha minha”, realça. Carolina lembra que no primeiro ano de facultade era ainda júnior, mas a competir já nos seniores. “Treinava das seis e meia da tarde até às nove e meia da noite porque fazia treino nos dois escalões. Passava mesmo muito tempo no pavilhão”, afirma.

Apesar disso, conseguiu conciliar estudos com a vida desportiva. “Tive de fazer mais um ano de curso porque no meu primeiro ano de faculdade, a tirar Gestão, ainda tinha jogos da formação e passava muito tempo fora. Na época especial já estava a jogar a Supertaça… Ou seja, era sempre difícil conciliar, mas ia sempre gerindo da forma que me dava mais jeito, conciliando com os estágios que ia tendo e tudo mais”, sustenta.

Enquanto a carreira ia ganhando força, na bancada teve sempre o apoio de família e amigos. “Os meus pais sempre me acompanharam imenso. Já o faziam no futebol, o andebol não foi exceção. E criou-se inclusivamente uma rede de amigos porque todos os pais iam ver os jogos”, assinala. As palmas dos que lhe eram próximos não eram motivo de stress extra. Antes pelo contrário. “Sinto uma motivação extra”, frisa.

E afinal quem é a mais divertida? E a DJ da equipa?

Durante o percurso que fez no Alavarium e depois no Colégio de Gaia, os únicos clubes que representou até chegar a São Pedro do Sul, foi-se apercebendo que na zona centro de Portugal “estava ali um projeto que ia crescendo de ano para ano”. “Foi também isso que me aliciou a vir para cá”, assume. “A Academia sempre teve atletas fisicamente muito fortes e muitas atletas internacionais, sempre a lutar pelos lugares cimeiros desde que subiu à Primeira”, realça Carolina Monteiro.

E chegou à Academia. Uma vez chegada está ainda a conhecer os cantos à casa. E as companheiras de equipa. “Damo-nos todas bem apesar de nos estarmos a conhecer. Vivemos um ambiente positivo e é uma equipa divertida”, sublinha, entre risos. Nesse campo, Carolina elege a mais divertida de todas e… a dj do grupo. “Ui… deixe-me pensar… Talvez a Elisandra Pedro seja a mais engraçada. A música é a Vera que põe”, revela. E todas gostam da música? De repente, uma pausa. “Hmmm… mais ou menos”, afirma, com gargalhada à mistura.

Por trabalhar em Aveiro, conhece a cidade de São Pedro do Sul mais pelo que as companheiras de equipa lhe contam. “Dizem-me que se vive aqui uma calma que não acontece noutras cidades”, frisa. Licenciada em Gestão, Carolina Monteiro exerce funções no departamento de recursos humanos numa empresa de cerâmica.  “Desde que comecei a trabalhar nesta área cresci muito em termos pessoais, a lidar com diferentes tipos de pessoas. A minha empresa tem uma grande multiculturalidade, temos pessoas de todos os cantos do mundo. Temos de nos adaptar e transporto também isso para o andebol”, assegura.

Há alguns meses a jogar na Academia, Carolina adianta que já há marcas que São Pedro do Sul lhe deixou. “As pessoas são muito acolhedoras, sempre me senti integrada desde o primeiro dia. Os adeptos são mais próximos. E isso sente-se num clube do interior. Nota-se nos jogos. Sinto que aqui se valoriza mais o que um clube faz do que noutros lados”, enfatiza.

Objetivo é passar o grupo e olhar de igual para igual todas as equipas

Agora é tempo de focar na seleção. O estágio em Rio Maior já começou e o primeiro jogo é diante de Espanha, no dia 28, na Suíça. Começa aí a fase de grupos do Euro para a equipa das Quinas. Segue-se duelo com a Polónia (30 de novembro) e o grupo encerra com um jogo diante de França (2 de dezembro). Apuram-se as duas primeiras seleções. “O objetivo passar é passar o grupo e seguir para o “main round”. Parece-me ser um objetivo alcançável. Queremos crescer e olhar de igual para igual todas as seleções que formos encontrando”, refere.

Carolina já representou Portugal por 36 ocasiões. Depois de rumar à Academia continuou a merecer a confiança do selecionador nacional, José António Silva. “É sempre importante haver jogadoras de várias regiões do país na seleção nacional. Assim percebe-se que a qualidade não existe apenas no norte ou no sul. E que no interior os clubes também têm margem para crescer e subirem. É sempre importante”, realça.

Antes de se despedir das colegas para rumar a Rio Maior e depois seguir para a Suíça, Carolina Monteiro diz que o grupo lhe desejou força e enviou votos de boa sorte, enquanto se reuniu no balneário pós-eliminação europeia. Este foi um ano em que a Academia fez história ao chegar pela primeira vez à Ronda 3 da Liga EHF.

Agora, Carolina Monteiro é uma das 17 jogadoras chamadas a representar Portugal. “Entrei no andebol sem qualquer expetativa e cheguei mais longe do que alguma vez imaginei”, confessa. E em jeito de receita, a atleta deixa claro que “sem trabalho não vamos nunca a lado nenhum”. “Temos de trabalhar sempre e acreditar sempre. Acho que devemos ter confiança, mas trabalhar mais”, resume. O comboio já leva algum caminho feito. Há 16 anos que Portugal não atingia o Europeu de andebol feminino. Por cá, aguardamos que chegue à última estação.

 Carolina Monteiro, a atleta que foge das superstições, é hoje um dos amuletos da Academia

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