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Fragmentos de um Diário – 29 de Junho de 1985

 Fragmentos de um Diário – 29 de Junho de 1985 - Jornal do Centro
14.10.23
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 Fragmentos de um Diário – 29 de Junho de 1985 - Jornal do Centro

De repente, interrogo-me: escrevo este diário para quê e para quem? Para prender instantes de vida e de pensamento? Tenho um plano: desistir do diário. Já lá vão os tempos em que o iniciei, em Novembro de 73, ou em 71 com uns esboços. E a razão para desistir é a seguinte: tenho há muito a mulher com quem posso comunicar de um modo tão aberto como o fazia neste diário. As cartas são o meu diário, quase não me deixam tempo para preencher este. Depois, acrescento outro motivo: a minha formação está definida em termos de substância, e se o diário me ajudou a fixar e a pensar ideias e sentimentos, hoje justifica-se menos o auxílio desta ferramenta. Fixei uma data: quando a Fátima vier de vez, fecho o diário.
O meu modo de ser e de pensar transparece nestes escritos: as preocupações religiosas, as dúvidas políticas, as angústias metafísicas, as questões morais, os amores, as leituras, etc. Continuarei atento a tudo e a estudar em diálogo com os livros e as pessoas. Não tenho pretensões eruditas. Só quero ser feliz, sabendo que a alegria não se funda no egoísmo mas na comunicação e no esforço sempre renovado de se ir compreendendo melhor as coisas, as pessoas, o mundo, a vida.
 Há dias de serenidade. Outros, como defini-los?, dias de uma secreta melancolia, um doce desalento, uma leve tristeza. Alguns, de turbulência interior. Ainda bem que a colega provocadora deixou de me falar. Nestes dias, só o sexo me saciaria a insatisfação. Resolvo a coisa no terraço a beber e a contemplar o pôr do sol. Depois, se porventura o atordoamento persiste, dou liberdade às mãos para terminarem o assunto. E deito-me. É então que a fantasia se solta e imagino uma casinha branca, um jardim à volta, um horizonte largo. Dentro, alguma música, uma mão cheia de livros e a minha companheira. Apenas isso, nada mais que isso. E o infinito poético a doer-nos de mansinho.

28 Julho de 1985

Adeus, Alentejo. Fiquei colocado numa escola perto de Almada. Preparo as malas com as minhas roupas, os livros, a louça alentejana, para levar para o apartamento da Fátima. Comuniquei-lhe por telegrama. Ela exaltou. Estamos cada vez mais próximos de realizar o nosso ideal.

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