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Autárquicas Novo presidente da Câmara de Viseu rejeita acordos para gerir concelho e aposta em diálogo
Delegado à mesa de voto consulta a lista de eleitores para a Câmara Municipal do Porto, 12 de outubro de 2025. Decorrem este domingo as eleições autárquicas em Portugal onde mais de 9,3 milhões de eleitores podem votar. Os eleitores vão escolher os órgãos dirigentes das 308 Câmaras Municipais, 308 Assembleias Municipais e 3.221 Assembleias de Freguesia, pelo que há três boletins de voto. MANUEL FERNANDO ARAÚJO/LUSA
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Já perdi o hábito destas coisas

 Já perdi o hábito destas coisas
01.05.21
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Uma crónica pensa-se e escreve-se com antecedência. Não sei quando a vão ler, mas eu estou a escrevê-la hoje, domingo, dia 25 de Abril de 2021, e talvez por isso imagino como deve ter sido longa e antecipada a preparação da nossa liberdade. Em 1974 tinha 19 anos e estava no meu primeiro emprego. Acordei naquele dia com um despertador daqueles que se usava nos anos 70 e que despertavam com o rádio. Tinha-me deitado tarde, foi com alívio que ouvi a mensagem de que não devia sair de casa, desliguei e continuei a dormir. Mas fiquei com a impressão de que aquilo não era normal, que se passava qualquer coisa, religuei a máquina, ouvi melhor e espantei-me.

Voltando ao dia de hoje, estava decidido a desforrar-me da pandemia com um dia desconfinado. Em Oliveira do Hospital começou o “Montanhas d’Artes”, que junta vários artistas em exposições, performances e residências artísticas. E em Tondela, “Diário de uma Pandemia” propõe trabalhos de mais de 130 fotógrafos, fotojornalistas, videógrafos e documentaristas, distribuídos pela ACERT, pelo Museu Terras de Besteiros e na Biblioteca Municipal. Há dois anos atrás não perdia estas inaugurações, vivo sózinho na aldeia e naqueles dias encontram-se pessoas com interesses semelhantes, sempre se conversa um pouco, podem fazer-se perguntas aos artistas e tudo isto alimenta a escrita. Mas na sexta-feira, tive o lançamento de um livro no zoom, a meio da manhã, e depois fui a Tondela às compras e à lavandaria, cheguei tarde a casa e perdi as inaugurações todas. Fiquei preocupado? Não, pelo contrário, senti-me aliviado, pensei que devia estar lá muita gente mascarada, que era melhor ir ver tudo calmamente nas próximas semanas. Ao que eu cheguei!

Ainda assim, no sábado apeteceu-me voltar a tentar, e fui a Viseu ter com uma amiga, para almoçarmos fora. Tenho andado muito vegetariano, apetecia-me mesmo vitela no forno. Onde vamos e não vamos, há tanto tempo que não saíamos que já não nos lembrávamos dos restaurantes, por fim lá fomos ao ”Caçador”. Chegámos, na lista colocada à entrada confirmámos que havia vitela, entrámos confiantes. O empregado solícito veio atender-nos à porta, achámos um pouco estranho, olhámos a ver se estava muita gente pois não queríamos confusão. Não estava ninguém. Era a hora pandémica de fecho ao fim de semana. Trouxemos a vitela numa embalagem de plástico e fomos almoçar na sala da minha amiga.

Aqui na minha casa do Covelo, o desfile do 25 de Abril em Lisboa parece-me um pouco distante, mas quando se está lá sabe bem descer a Avenida da Liberdade e percebe-se como aquilo é um acontecimento importante que junta várias gerações. Este ano tem havido um esforço para destacar os desenvolvimentos naturais do 25 de Abril que ainda falta cumprir, como o racismo e outras desigualdades que permanecem. Ainda não fui ao museu do Aljube, mas já visitei várias vezes em Peniche o Museu Nacional Resistência e Liberdade, e é curioso ver inúmeras famílias com filhos jovens a explicarem-lhes o que se passou ali, e o que isso significa. Anabela Mota Ribeiro tem vindo a apresentar diariamente na RTP 3 “Os Filhos da Madrugada”, 25 entrevistas a homens e mulheres, de diferentes áreas e geografias, mas todos eles com algo em comum: nascidos e criados em tempos de liberdade. O Portugal que somos agora, passa muito por ali. Apesar de todas as imperfeições, o estatuto dos profissionais da Cultura foi finalmente aprovado e vai para consulta pública.

47 anos depois, o 25 de Abril continua. Afinal, naquele dia original, sempre me podia ter levantado um pouco mais tarde.

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