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Marcelo Rebelo de Sousa diz que Museu de Aristides de Sousa Mendes é lição para o futuro

 Marcelo Rebelo de Sousa diz que Museu de Aristides de Sousa Mendes é lição para o futuro
19.07.24
fotografia: Jornal do Centro
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 Marcelo Rebelo de Sousa diz que Museu de Aristides de Sousa Mendes é lição para o futuro
07.11.24
Fotografia: Jornal do Centro
 Marcelo Rebelo de Sousa diz que Museu de Aristides de Sousa Mendes é lição para o futuro

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu que o legado de Aristides de Sousa Mendes, personalidade “única do século XX”, deixa um legado para o futuro e, também por isso, o museu é universal.
“Ao visitar a casa pude ver de uma forma museologicamente espetacular como era esta família e esta casa no século XIX, princípio do século XX. A vida e carreira de Aristides, o que ele foi e o que ele fez como personalidade única no século XX”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.

O Presidente discursava, entre o português e o inglês, na cerimónia de inauguração do Museu de Aristides de Sousa Mendes, antiga casa da família do cônsul, em Cabanas de Viriato, Carregal do Sal, no distrito de Viseu, que reuniu centenas de convidados.
“Este museu é uma lição para o futuro. Todos os museus deviam ser, mas este é especial. Não tivemos no século XX, em Portugal, tantos heróis assim como Aristides de Sousa Mendes”, defendeu o chefe de Estado.

E “só não foi ele sozinho”, como sugeriu um familiar ali sentado, porque, no entender de Marcelo Rebelo de Sousa “sua mulher e a sua família sempre o apoiaram”, mas, “mesmo que fosse sozinho, foi um herói, único e singular”.
“E queremos que esse exemplo passe a crianças como o João e a Joana”, afirmou, referindo-se a dois descendentes da família de Aristides de Sousa Mendes que o acompanharam na visita ao museu no dia em que se vive “um momento histórico”.
O Presidente contou que viu e apontou para as crianças, no decorrer da visita, para lhes dizer “o que era uma ditadura, o que foi o nazismo, o que foi Portugal durante a ditadura, o que era resistir à ditadura, o que foi salvar judeus que tentavam lutar pela liberdade fora dos seus países”.

Marcelo Rebelo de Sousa contou que ouviu “histórias únicas” de filhos e netos que viveram na casa, agora museu, e destacou a de uma neta que “só percebeu a história da família quando abriu uma mala, com recordações da família”.
“Isto é um museu, que não é local, nem regional, nem nacional. É universal. Este museu diz-nos a todos nós, que aqui estamos, que a luta de Aristides de Sousa Mendes não terminou, começa todos os dias e essa é a lição que ele nos deixa”, defendeu.
Marcelo Rebelo de Sousa citou ainda as mensagens ouvidas anteriormente do papa Francisco e do secretário-geral da ONU, António Guterres, que diziam para “todos os dias construir a paz em vez da guerra”.

“Respeitar a dignidade humana, conviver com todos, ser tolerante, praticar o diálogo, ser contra tudo o que é racismo, intolerância, xenofobia, ódio, aceitar que não há povos eleitos, não há personalidades eleitas, somos todos igualmente seres humanos, esta é a mensagem”, terminou.
No seu entender, “Aristides de Sousa Mendes colocou Portugal no mundo”.
“O seu exemplo deveria ser sempre o nosso exemplo. Viva Aristides de Sousa Mendes, viva Portugal, viva para além de Portugal a mensagem universal de Aristides de Sousa Mendes, viva o diálogo, a tolerância, viva a não-discriminação, viva a justiça, viva a fraternidade, viça a paz, viva um mundo melhor”, terminou já debaixo de palmas.

No início da sua intervenção, Marcelo Rebelo de Sousa agradeceu ainda ao secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, em nome da “linhagem [socialista] que representa”, lembrando Mário Soares, Maria Barroso, Jaime Gama “e muitos outros”, pela “luta constante pela memória de Aristides de Sousa Mendes e pelo seu reconhecimento nacional e internacional”.

Também a ministra da Cultura defendeu que a melhor homenagem que se pode prestar a Aristides de Sousa Mendes, depois da inauguração da Casa do Passal, passa por criar condições para “fazer a sua história o mais objetivamente possível”.
“A reconstrução da Casa do Passal, com toda a sua dimensão arquitetónica e simbolismo de respeito pela sua vida e coragem, deverá concretizar um programa que favoreça a investigação, crie bolsas, faça desenvolver os recursos documentais e os instrumentos de prova”, destacou Dalila Rodrigues.

Dalila Rodrigues sublinhou que só assim será possível chegar às “melhores interpretações, procurando estabelecer comparações e determinando quais os regimes de heroicidade mais relevantes para compreender” o cônsul de Bordéus.
“Dotar a Casa do Passal de recursos documentais e bibliográficos que permitam transformá-la em lugar de memória e de formação de cidadãos responsáveis e conscientes da barbárie dos massacres racistas que foi o Holocausto, muito em especial num país que julga ter permanecido à margem da Shoah, é um imperativo que esta homenagem a Aristides Sousa Mendes, estou em crer, vai permitir e consolidar”, sustentou.

Ao longo da sua intervenção, a ministra da Cultura recordou que Aristides de Sousa Mendes salvou milhares de vidas, num contexto e circunstâncias que “engrandecem ainda mais a sua coragem e a sua desobediência iluminada a uma ordem dos homens, para obedecer a um imperativo maior”.
“O seu legado não é apenas o seu exemplo, é tudo aquilo que ele tornou possível. A sua história e a história das vidas que salvou mostram-nos o valor inestimável da resistência face ao horror: está nas nossas mãos garantir que, até nos lugares mais violentos e nos momentos mais difíceis, a cultura e a humanidade sobrevivem”, apontou.
De Aristides de Sousa Mendes, “um homem singular”, evidenciou a sua empatia e sentido de solidariedade, em maio e junho de 1940, que lhe “valeram o estatuto de herói”.

“O Museu Aristides de Sousa Mendes é, a partir de hoje, um espaço singular do património nacional e um lugar de grande relevância cultural, social e histórica para o nosso País. A Casa do Passal é um símbolo da memória de Aristides de Sousa Mendes e da nobreza da sua ação heroica que, num dos capítulos mais negros da história da humanidade, salvou a vida a milhares”, concluiu.
A cerimónia contou ainda com o secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, e o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, entre as centenas de convidados de todo o mundo, desde descendentes do diplomata e dos refugiados salvos por ele.
Também marcaram presença embaixadores de França, Luxemburgo, Estados Unidos da América (EUA), Bélgica, Áustria, Alemanha e Israel, assim como representantes de câmaras de cidades onde Aristides de Sousa Mendes foi cônsul.

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