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Fragmentos de um Diário – 3 de novembro de 1982 (continuação)

 Fragmentos de um Diário – 3 de novembro de 1982 (continuação) - Jornal do Centro
15.10.22
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 Fragmentos de um Diário – 3 de novembro de 1982 (continuação) - Jornal do Centro

Os dias correm, não diria sem interesse, mas sem grandes surpresas. No que se refere às pessoas, creio que os seus interesses culturais se regem pelo gosto normal e estabelecido. Quanto à beleza física, só a minha colega Emanuela se evidencia: é bonita, meiga e um tanto enigmática. Mas o aspeto físico não é tudo, mas sim o nível das preocupações, a qualidade dos desejos e a simpatia.

Como dizer que, apesar da ausência da Fátima, estou bem? Vivo cada dia. A saudade, a melancolia, a depressão são mais breves, não chegam a atordoar. E se isto não significa alegria, também não implica indiferença. Sinto-me vivo. Se a finitude do humano ainda me perturba, consigo encará-la com ironia, mais docemente. Um sentimento que me assalta muitas vezes é o de me sentir vivo; de repente, tenho consciência nítida dos meus passos, dos meus gestos, do meu corpo, do aqui e agora.

6 de Novembro de 1982

De repente, ocorreram-me estas questões: Como formar um filho? Crescer com ele, fazer o caminho com ele. Como? Respeitando-lhe a autonomia, mas ao mesmo tempo salvaguardá-lo dos abismos, da derrota, da falsidade, do ouro, da ignorância que não se sabe ignorante, do folclore arrivista deste mundo do lucro e do espetáculo. Em poucas palavras, ajudá-lo a fazer-se humano e por isso também divino.

Um filho, ou filha, serão a prova dos nove de toda a filosofia pensada, da pedagogia aprendida, de toda a literatura lida; tudo convocado para a árdua tarefa da formação. Mais a disponibilidade interior, e a invocação da esperança e do encantamento.

De cada vez que nascesse uma criança dever-se-ia inventar um novo mundo. Sem os erros antigos, as armadilhas e os velhos vícios. Recriação. Reencantamento.

Na verdade não é um mundo novo o que recebe a nova geração. Mas duro, ingrato, superficial, que devora o que há de mais sagrado. E que impõe um estilo de vida que corrói toda uma possível pureza interior. A brutalidade da realidade a esmagar qualquer veleidade ou ilusão. Somos seres para a morte! Pessoas, objetos, símbolos, vivências, tudo passará. Sem hipótese de resistência.

A vida continua, diz-se. Devorando tudo. Sem sentido. Sem redenção. Sem memória. Como folhas secas varridas pelo vento.

 Fragmentos de um Diário – 3 de novembro de 1982 (continuação) - Jornal do Centro

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