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”Por ser muito tímido e calado, fui sempre considerado arrogante”

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 ”Por ser muito tímido e calado, fui sempre considerado arrogante” - Jornal do Centro
23.03.24
fotografia: Jornal do Centro
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 ”Por ser muito tímido e calado, fui sempre considerado arrogante” - Jornal do Centro
23.03.24
Fotografia: Jornal do Centro
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 ”Por ser muito tímido e calado, fui sempre considerado arrogante” - Jornal do Centro

Estamos a gravar esta entrevista e a olhar a Sé. Que lembranças ainda aí estão dos tempos em que cresceu em Viseu?
Viseu traz-me memórias muito boas. Representou uma base importante de valores, para poder ter conseguido o que alcancei. A resiliência, a persistência, os jogos de futebol na garagem do meu pai, nos campos que havia ao lado das piscinas do Fontelo, onde jogávamos todos os fins de semana. Os jogos na escola… Foram espaços que, reconheço, foram importantes e que me deram uma boa plataforma para atingir o que atingi.

Nasce em 1970. Que cidade de Viseu era nos anos 80? Que oportunidades oferecia?
Viseu estava na Primeira Divisão de futebol, o que nos deu a possibilidade de despertar para o sonho de poder um dia ser profissional. Não era o meu caso. Eu não sonhava ser profissional. Mas vi o Académico de Viseu na Primeira Divisão, não apenas no estádio. Economicamente não dava e também estava sempre cheio. Esta é uma cidade de futebol. Todas as vezes que consegui ir com o meu pai, em cima das árvores ver o Académico jogar ao mais alto nível no campeonato português, foi sempre despertando em mim criatividade para desenvolver técnica individual. Mas também a desenvolvi quer na rua, quer na garagem do meu pai a jogar com uma bola de plástico. Uma bola cor de laranja que foi um dos meus primeiros presentes, que tanto estimei. Foi muito importante para todos os dias aprimorar passe, remate…

Eram os tempos dos Pupilos da Avenida, do futebol puro…
Sim, com o meu grande amigo Fausto Formoso. A paixão que demonstrou sempre pelo futebol… Mais tarde ofereci-lhe a ele, aos meus familiares, a possibilidade de assistir a uma final de Champions Dortmund – Juventus, em Munique. Revivemos aí esses tempos. Foram momentos determinantes para aquilo que sou hoje.

Muitas das vezes a desorganização organizada leva-nos a estabelecermos conhecimento, dentro da complexidade dos nossos adversários, dos campos… O facto só de jogarmos faz com que tenhamos conhecimento de tomadas de decisão e conhecimento técnico-tático

E o Repesenses? O que guarda desse clube?
Lembro a forma como fomos sempre competindo: a nível regional e nacional. Guardo a paixão e a vontade de jogar sempre. O futebol é a atividade que o mundo mais ama: seja a ver, jogar, criticar…

Falou da bola que o seu pai lhe deu. Ele é a sua maior referência?
O meu pai e a minha mãe são as minhas referências. Sobretudo pelos valores que me ensinaram e que são muito caraterísticos da nossa cidade. A importância da palavra, mais do que de uma assinatura, um aperto de mão, a responsabilidade do nosso nome como família. Valores de que não abdico e que levei para a minha vida. E o respeito. Temos sempre muita tendência de acusar. Temos de respeitar o outro, para lhe exigir respeito.

E foi sempre muito reservado…
Sim. Sempre fui um miúdo muito tímido e muito calado. Fui interpretado como alguém arrogante. Mas essa minha característica desenvolveu em mim outras componentes como a capacidade de observação e analítica.

Esse espírito observador foi fundamental para chegar a treinador?
Sim. Há depois uma série de vertentes onde vamos enriquecendo competências que nos permitem observar ainda melhor, conhecer melhor o outro. Para que os jogadores cheguem ao máximo do potencial. Ser observador, perceber o que os outros faziam a nível técnico e tático, verificar comportamentos, tudo me ajudou a ser o que sou hoje como treinador e fui como jogador.

Os jogadores não são todos iguais e há que construir o famoso espírito de balneário…
Eu vejo as equipas de futebol como micro-sociedades. Elas precisam de regras. Os jogadores têm diferentes personalidades e culturas, com princípios e valores muito diferentes. É essencial haver regras para todos poderem coabitar numa identidade comum. A justiça é dada pelo exemplo do líder.

Para si, qual é o futebol mais bonito? Como é que joga uma equipa de Paulo Sousa?
É importante fomentar um futebol positivo e ofensivo. E é o que é mais difícil de pôr em prática. Os princípios e fundamentos defensivos são mais fáceis de introduzir. O futebol tem o expoente no golo. Defendo um futebol atrativo, de ataque, de controlo de jogo com bola. O jogo tem outros momentos, mas o mais importante é estar virado para o ataque. Em que o jogador tem de interagir com muitas componentes: espaço, adversário, bola, baliza, árbitro.

Aos 26 anos já colecionava, enquanto jogador, dois títulos europeus conquistados por clubes diferentes. Qual foi o mais marcante da sua carreira?
Sem dúvida os mais expressivos foram as duas Ligas dos Campeões por clubes, na Juventus e no Dortmund, mas também me marcou foi o título de campeões do mundo [por Portugal, em sub-20] em Riade. No meu entender, esse título abriu a mentalidade do futebol português para investir em jovens promessas.

Esse título não tem estado muito esquecido?
Eu também não vou muito ao passado, nunca vivi dele. E vivo pouco de futuro. Prefiro o aqui e agora. Já assim era quando jogava, da forma como pensava o jogo. O título merece sempre uma análise. O passado, as vitórias, mas também as derrotas, devem ser analisadas para retirarmos o melhor desses momentos com o objetivo de melhorar.

O que sai desse título?
Foi o reconhecimento da qualidade, não apenas do futebol português, mas do indivíduo português. O futebol trouxe um despertar das competências de nós, portugueses. E isso tem vindo a demonstrar-se. A vitória em Riade abriu o mercado português a nível internacional. Portugal passou a ser olhado como um país competente.

E a formação em Portugal é melhor? O que é que mudaria?
Há sem dúvida muito mais quadros e muito mais investimento, mais infraestruturas. Há mais tudo. Mais cursos, mais pessoas com sucesso que trazem experiências para a formação. Acho que devemos incidir cada vez mais cedo, perceber onde estão os miúdos. Apostar na formação dos professores para trazer mais miúdos para o futebol. E também investir na formação dos pais, que têm cada vez menos tempo para estarem com os filhos.

Qual foi o jogador mais genial com quem teve oportunidade de jogar?
Roberto Baggio. Tecnicamente foi o mais evoluído. Mas há vários. O Rui Costa, o Luís Figo. Jogadores diferentes, com competências diferentes, mas ambos com uma forma extraordinária de ler o jogo e de o interpretar. O Del Piero… O Ronaldo Fenómeno, na capacidade de aceleração e na frieza na hora de marcar golo.

Já há projeto desportivo na calha para o futuro?
Para mim o futuro é o que menos me interessa. O foco é o presente e neste momento dedico-me à minha família. Ajudá-los a resolver problemas. Questões de saúde. Quanto aos projetos, eles chegam. Analiso-os e uns têm correspondido positivamente, outros não. Eu não determino o mercado que quero, a equipa que quero. Sou muito reconhecido à vida por me dar o privilégio de poder fazer o que mais gosto que foi ter jogado e, hoje, treinar.

Privilégio acredito que também fosse o convite de ser embaixador da cidade europeia do desporto…
Sem dúvida. Todo o país reconhece o crescimento de Viseu e a importância que tem hoje para Portugal. Não apenas pela qualidade de vida que oferece, mas pelos valores que estão ligados a Viseu. Reconheço-me neles e faço questão de os evidenciar dia após dia, seja em Portugal, ou por esse mundo fora.

Toda a gente sabe que o Paulo é de Viseu…
Toda. E quando não sabe, faço questão de dizer. Na altura em que vou para o estrangeiro, sobretudo quem era de fora da Europa não sabia bem onde era Portugal. E todos os jogadores, os títulos conquistados, foram cimentando a importância de Portugal e mostrar onde fica geograficamente o nosso país. Nomeadamente Viseu.

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