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Viseu não tem um curso profissional de música. O tema foi abordado durante a conferência de imprensa de apresentação da 13ª edição do Que Jazz É Este, onde profissionais da cultura recordaram a falta de um curso deste género na região.
A inexistência de um curso profissional de música em Viseu obriga a que os interessados neste ramo procurem alternativas fora da região. A fundadora da Gira Sol Azul, Ana Bento,
lembra que a criação da associação surgiu, precisamente, da necessidade de procurar outras formas de aprendizagem musical, numa altura em que os recursos disponíveis em Viseu eram limitados.
“Na realidade foi assim que tudo começou. Quando fundámos a Gira Sol Azul, enquanto estudantes de música, estudávamos num conservatório aqui, outros fora, e percebemos que queríamos mais, queríamos aprender outras coisas”, afirmou Ana Bento, durante a conferência realizada esta quarta-feira, 4 de junho, na Casa do Miradouro.
A mesma responsável contou que os primeiros passos dados no ensino do jazz na região foram espontâneos e informais: “Começámos a fazer workshops, a organizar, antes da Gira Sol Azul estar formalmente constituída, a chamar músicos para dar workshops. Chegou a haver músicos a dar as aulas em minha casa, vinham cá – nós não tínhamos espaço, eu tinha um quarto a mais – ligava a uma série de pessoas e dizia ‘vai estar cá o Bruno Pedroso, alguém quer aulas com ele?’, e vinham três ou quatro bateristas aqui da zona, e tinham lá uma aula”.
Uma década depois da fundação da Gira Sol Azul a oferta formativa na área da música continua “limitada”. Ana Bento sublinha que, embora tenham sido dados alguns passos com o ensino articulado e com iniciativas do Conservatório Regional de Música de Viseu, o cenário ainda está aquém do desejável.
“Já se fez um grande caminho, muita coisa mudou, temos o ensino articulado, temos o próprio Conservatório que programa o Festival da Primavera, muitas vezes tem outras iniciativas incluídas, mas na realidade ainda estamos muito longe daquilo que seria ideal”, reflete a profissional de cultura.
A única opção próxima encontra-se no distrito da Guarda. “Seia tem a Escola Profissional Serra da Estrela que tem um curso profissional de música. O curso profissional mais próximo da região é o de Seia e é clássico, de sopro e percussão. Se for outros instrumentos já não encaixa”, refere a artista.
Ana Bento menciona ainda que “o Conservatório Regional de Música de Viseu há uns anos tentou abrir. Não sei se foi por falta de alunos ou financiamento, sei que não avançou”.
De acordo com a responsável, há “muitos alunos que estão a ir estudar para fora. Temos jovens na Big Band que estudaram nos conservatórios até ao 9.º ano e depois foram para Coimbra, para o Porto, para Albergaria, muitos mesmo”.
A ausência de um curso profissional de música em Viseu, segundo Ana Bento, tem impacto não apenas na formação musical dos jovens, mas também na sua ligação à região: “Continuamos com essa consciência de que os jovens precisam destas iniciativas aqui, também para fixar. Tem a ver com eles manterem uma ligação com o sítio onde nasceram, onde cresceram, e poder até ir e voltar, mas terem sempre coisas aqui a acontecer. Poder isto ser uma catapulta para outros cenários”.
Para a fundadora da associação, ter acesso local a esta formação seria uma mais-valia. “Se queremos muito podemos sempre ir buscar a outros lados, vamos fora e fazemos coisas mais pontuais, mas é bom quando sabemos que queremos seguir aquela linha, e ela ser acessível, estar aqui à nossa mão”, reflete.