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Autárquicas Novo presidente da Câmara de Viseu rejeita acordos para gerir concelho e aposta em diálogo
Delegado à mesa de voto consulta a lista de eleitores para a Câmara Municipal do Porto, 12 de outubro de 2025. Decorrem este domingo as eleições autárquicas em Portugal onde mais de 9,3 milhões de eleitores podem votar. Os eleitores vão escolher os órgãos dirigentes das 308 Câmaras Municipais, 308 Assembleias Municipais e 3.221 Assembleias de Freguesia, pelo que há três boletins de voto. MANUEL FERNANDO ARAÚJO/LUSA
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Informação à borla e hambúrgueres baratos

 Informação à borla e hambúrgueres baratos
15.10.21
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 Informação à borla e hambúrgueres baratos

Esbarro frequentemente com sites não jornalísticos gratuitos que divulgam notícias. Acabo sempre a murmurar a mesma promessa: “é desta que bloqueio isto tudo e passo a consultar exclusivamente jornais e edições premium”. Faço-o enquanto esbarro com as ladainhas do costume: “juiz que deixou de o ser, relatório covid, créditos a pensar em si, orçamento de Estado e a sua discussão, rastreio auditivo, os médicos que se demitiram em Setúbal, invista em criptomoedas e torne-se milionário, nem sabe o que a princesa Kate fez, sapatos novos à venda perto de si”…
Caio nestes sites gratuitos e percebo que a exposição a conteúdos que visam apenas manter-me ligado é nociva e me deixa viciado e aziado… Percebo que a informação funciona como a alimentação, usando a mesma fórmula, criando segmentação social. Quem tem dinheiro, tem acesso a qualidade; quem não tem, está condenado a manter-se assim, sem dinheiro, sem saúde e sem acesso a mais…

No caso da alimentação, verifica-se que a população com menos possibilidades económicas é cliente de produtos mais baratos, logo, menos frescos, mais saturados de açúcar e de uma panóplia de infernais conservantes. Isto tem conduzido a que a obesidade e outros problemas de saúde sejam frequentemente associados à população com menos possibilidades económicas… Se os dados estatísticos não servirem ao caro leitor, faça a experiência de alternar as suas compras entre produtos biológicos e produtos mais baratos: a diferença vai ser gigantesca. Um ordenado mínimo não permitirá grandes extravagâncias alimentares, obrigando à dieta menos saudável…

Passa-se o mesmo com a informação. Se pretender usufruir de informação mais fidedigna, sem confusão entre publicidade e notícia, sem trapalhadas de notícias que só o pretendem manter ligado ao site mais um minuto, vai ter obviamente de pagar… Isso será mais um encargo relevante para quem já tem de optar por comida mais barata.
Parece-me que esta argumentação é pertinente e que levanta dois problemas. O primeiro tem a ver com a falsa sensação de saciedade informativa sentida por quem tem menos possibilidades financeiras. Quem usa notícias de graça, até se vai sentir informado, quando, na verdade, está apenas a ler o que o algoritmo achou que o mantém colado ao ecrã, tornando-o dependente e cada vez menos informado… O segundo problema prendese com o facto de serem essas as pessoas que mais precisavam de nova informação, dando-lhes ferramentas para melhorarem a sua vida, encontrando soluções que lhes permitam ganhar salários mais adequados ou, pelo menos, saberem que podem lutar por isso.

Temos, portanto, a perpetuação ou agravamento dos fossos sociais já existentes… A internet devia criar um mundo mais democrático. Com estas estratégias, acaba por funcionar ao contrário… Não é aceitável que alguém ainda beba refrigerantes a pensar que são saudáveis. Do mesmo modo, não é aceitável que ainda haja alguém que ache que a Terra é plana ou que a COVID não existe… Ainda assim, estas pessoas têm aumentado, sistematicamente desinformadas e convencidas de barbaridades que só as amarram a uma ignorância limitadora do seu desenvolvimento pessoal.
Creio que é altura de avançarmos para uma efetiva educação para os media tal como se tem feito com a alimentação. Penso que esse deve ser um passo coletivo e assumido pelas escolas e universidades. Do mesmo modo que a alimentação saudável é conteúdo programático nos bancos de escola, também a informação o deveria ser. Não pode ser aceitável ter crianças e adolescentes a usar produtos gratuitos online que dependam do número de utilizadores, tornando-os escravos de informação que os vicia e embrutece.

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