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Jorge Marques
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Magda Matos
Eram 11h05 quando a campainha da Escola EB 2,3 de Mundão, em Viseu, tocou. Um toque fora do horário habitual e que denunciava que alguma coisa se estava a passar. Rapidamente os alunos levantaram-se e procuraram abrigar-se debaixo das mesas da sala. Pouco depois, e garantidas as condições de segurança, saíram e dirigiram-se para o exterior da escola onde ficaram distribuídos em grupos no campo de jogos. Foram três minutos e meio de um conjunto de ações que teriam feito a diferença na segurança destes cerca de 270 alunos, caso a terra tivesse realmente tremido.
Esta terça-feira (5 de novembro), o exercício internacional “A Terra Treme” foi posto em prática em várias instituições, empresas e na casa de todos os que quiserem pôr em prática três gestos que podem salvar vidas em caso de sismo: baixar, proteger e aguardar.
“Estes exercícios são muito importantes, assim conseguimos agir e prevenir problemas caso se tratasse de uma situação real”, começou por explicar Inês Martins, de 13 anos.
A aluna do oitavo ano contou ainda que esta foi uma forma de reverem o que já tinham aprendido nos anos anteriores, uma vez que a escola todos os anos leva a cabo este exercício.
“É também uma maneira de percebermos que, numa situação destas, a turma tem que ser organizada para nos ajudarmos uns aos outros nos piores momentos e em situações graves como seria o caso de um sismo”, frisou.
Também Gabriel Aires, de 13 anos, referiu a importância destas ações, mesmo estando numa zona com pouca atividade sísmica.
“Estes exercícios são muito importantes. Viseu não é uma zona com grande atividade sísmica, mas a geologia ainda não consegue prever se vai ou não ocorrer algum sismo e por isso devemos estar preparados, além de que em outras zonas do país a atividade sísmica é grande e convém sabermos como nos comportar numa situação destas”, destacou.
Gabriel, que é novo na escola, disse ainda que, além de ser importante para os alunos, estes exercícios são “fundamentais para passar estas informações em casa e junto dos nossos familiares”.
Com estes 24 alunos de uma das turmas do oitavo ano estava Rui Rodrigues, da Proteção Civil Municipal de Viseu, que fez um balanço “muito positivo” do exercício.
“Em três minutos e meio evacuaram toda a escola. Face ao número de alunos que participaram no exercício, é um excelente tempo”, afirmou, acrescentando que “esta escola tem treinado este exercício” e que, também por isso, “a evacuação foi feia de uma forma relativamente organizada”.
“Fiz questão de ir verificar várias salas e os professores, e bem, já tinham confirmado que estavam vazias e fecharam a porta. Houve uma professora que se manteve debaixo da secretária e quando uma funcionária foi verificar que não estava ninguém encontrou-a. Do ponto de vista da evacuação, correu muito bem”, sublinhou.
Minutos antes de a terra “tremer”, Rui Rodrigues conversou com os alunos e lembrou quais os comportamentos a adotar antes, durante e depois de ocorrer um sismo.
“Como não é possível saber quando uma situação destas vai ocorrer, há pequenos gestos que podemos ter no dia a dia como fixar prateleiras, colocar objetos pesados em zonas mais baixas e não ter espelhos por cima da cama, por exemplo”.
Já durante uma ocorrência, o elemento da proteção civil destacou que devemos proteger-nos “debaixo de uma porta, no canto de uma sala, debaixo de uma mesa ou de uma cama”.
Depois de um sismo, “nunca se deve ligar luzes, pois podemos ter fugas de gás ou eletricidade e basta uma faísca do interruptor para ocorrer um incêndio”, depois é “pegar no kit, numa lanterna e ir cortar a água e o gás e, por fim, reunir a família para saber se está tudo bem”.
Rui Rodrigues destacou ainda o interesse dos mais novos pelo tema. “Fizeram muitas perguntas e mostraram-se bastante interessados, o que é muito positivo. Tive, inclusive, um aluno que me perguntou se um forno, que estava na sala em cima de uma bancada, estava no sítio correto e de facto não estava. Perguntaram se devem ou não ter um kid de emergência e o que tem este kit [lanterna, rádio e alimentos que não tenham curta duração ou se estraguem com facilidade]”, sublinhou.
O responsável explicou ainda que “as escolas têm abordado de forma muito proativa estas questões da Proteção Civil”.
“O tema mais frequente das ações de formação que temos são os incêndios, mas as nossas apresentações abordam várias temáticas, desde os incêndios florestais a outros fenómenos naturais, como tempestades”, frisou.
Já o diretor do Agrupamento de Escolas de Mundão, Carlos Correia, explicou que este exercício integra “o próprio plano de segurança da escola”.
“Além de termos uma equipa responsável pela segurança, há todo um trabalho que podemos fazer em termos de cidadania com estes alunos. “A Terra Treme” é mais uma atividade que englobamos no próprio plano de segurança da escola e para termos algumas rotinas em termos de evacuação e outras medidas”, disse.
Segundo o diretor, este ano a iniciativa teve ainda mais importância porque “além de alunos novos, há vários professores que chegaram e aproveitamos para a informação ser passada a quem não estava nos anos anteriores”.
Carlos Correia destacou ainda outras iniciativas, como o exercício de incêndio com simulação real ou as atividades com a Junta de Freguesia, que permitem trazer à escola todas as forças que integram a Proteção Civil, desde bombeiros a autoridades, como PSP, GNR ou Polícia Municipal.
“Queremos que eles estejam alerta para estes fenómenos naturais, mas também queremos que os alunos possam ter um contacto com estes elementos da Proteção Civil. E nestas ações damos muito relevo aos incêndios florestais, até porque estamos numa freguesia com contacto rural e uma mancha florestal considerável. Queremos colocar essa semente de boas práticas nos alunos para que eles também a levem para casa”, finalizou.