A taróloga Micaela Souto Moura traz as previsões do Tarot, na semana…
Sabia que é possível parecer mais jovem e elegante com os seus…
No segundo episódio do programa “Bem-Vindo a”, tivemos o prazer de conversar…
por
Raquel Costa, presidente da JSD Concelhia de Tarouca
por
Joaquim Alexandre Rodrigues
por
Joaquim Alexandre Rodrigues
O ano é 2050, um utente do Serviço Nacional de Saúde visita o seu prestador de cuidados de saúde habitual com uma infeção respiratória outrora comum. O médico informa que não tem um antibiótico que possa prescrever uma vez que o agente infecioso que causou a doença é resistente a todos os fármacos que compõem o seu arsenal.
Este cenário, embora pareça uma visão distópica distante no tempo, é uma realidade em construção se nada fizermos para parar aquela que é considerada a próxima pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a resistência a antibióticos 1.
A resistência a antibióticos ou resistência antimicrobiana ocorre quando as bactérias, vírus, fungos e parasitas se adaptam e deixam de responder aos medicamentos, tornando as infeções cada vez mais difíceis de tratar, aumentando o risco de propagação de doenças e em variados casos levando à morte. As infeções resistentes aos antibióticos requerem frequentemente longos internamentos hospitalares, visitas médicas adicionais e alternativas dispendiosas e tóxicas para os pacientes.
Tal como as doenças infeciosas, a resistência aos antibióticos pode afetar qualquer pessoa, em particular aqueles que requerem cuidados de saúde continuados ou que tenham sistemas imunitários enfraquecidos. Atualmente, na União Europeia, estima-se que 33.000 pessoas morram anualmente devido à resistência antimicrobiana, com impactos socioeconómicos de cerca de 1,5 mil milhões de euros anuais 2. Até 2050, prevê-se um agravamento destes números, calculando-se que 10 milhões de pessoas a nível mundial possam morrer anualmente em resultado da resistência a antibióticos 3. Foi ainda previsto que os tratamentos antibióticos padrão poderão deixar de funcionar, tornando subsequentemente as infeções mais difíceis de tratar e controlar.
A resistência aos antibióticos põe em risco os cuidados de saúde modernos, tais como transplantes de órgãos, substituições de articulações, e tratamentos de doenças como o cancro. Estes procedimentos têm um risco considerável de infeção, e os pacientes poderão não recebê-los se não estiverem disponíveis antibióticos eficazes para a prevenir ou tratar. Além da saúde humana, este é um problema que afeta gravemente a pecuária e os setores alimentares.
A resistência é desenvolvida naturalmente ao longo do tempo pelos organismos como bactérias e vírus, em resposta à pressão introduzida pelos próprios medicamentos. Geralmente esta advém de alterações genéticas que oferecem defesas e mecanismos de evasão que até então não eram características de um determinado organismo.
Contudo, o desenvolvimento de resistências antimicrobianas pode ser acelerado por fatores como o uso indevido e excessivo de antibióticos; falta de acesso a água limpa, saneamento e higiene, tanto para humanos como para animais e/ou prevenção e controlo deficientes de doenças infeciosas em instalações de cuidados de saúde e explorações agrícolas. Os organismos resistentes são encontrados em pessoas, animais, plantas, alimentos e no ambiente (água, solo e ar) e podem propagar-se de pessoa para pessoa, entre pessoas e animais e até a partir de alimentos de origem animal. Este ciclo que facilita a propagação de doenças e o agravamento e aparecimento de novas resistências a antibióticos, é conhecido como o Ciclo das Antibioresistências.
Como é que rompemos o ciclo? A resistência a antibióticos é um problema complexo que requer uma abordagem multissectorial concertada. É necessário que os vários intervenientes com responsabilidade na saúde humana, dos animais e plantas, na produção de alimentos e rações e no ambiente, comuniquem e trabalhem em conjunto na conceção e implementação de programas e políticas para regular e otimizar a prescrição incorreta e utilização abusiva dos antibióticos. É necessário melhorar o acesso a medicamentos, vacinas e diagnóstico médico de qualidade e a preços acessíveis para populações de risco. É necessário aumentar a sensibilização e conhecimento da população sobre a utilização responsável de medicamentos antibióticos. É necessário investir e inovar na investigação e desenvolvimento de novos medicamentos antimicrobianos, vacinas e ferramentas de diagnóstico.
Estes são os objetivos do plano de ação OneHealth (Uma Saúde) da União Europeia (UE), que estabelece um quadro para uma ação contínua e mais extensa para reduzir o aparecimento e a propagação das resistências a antibióticos e aumentar o desenvolvimento e a disponibilidade de novos medicamentos eficazes dentro e fora da UE. Nenhuma ação isolada de qualquer Estado-membro da UE ou outro país irá, por si só, fornecer uma solução adequada. As bactérias resistentes e doenças infeciosas não respeitam fronteiras. Só com o contributo de todos, poderemos em 2050 continuar a ser tratados com medicamentos eficazes e acessíveis, confiar nos alimentos que consumimos e na segurança do meio ambiente que nos rodeia.
por
Raquel Costa, presidente da JSD Concelhia de Tarouca
por
Joaquim Alexandre Rodrigues
por
Joaquim Alexandre Rodrigues
por
Helena Carvalho Pereira
por
José Carreira